Quando nos envolvemos com alguém, projetamos uma série de aspectos bons. Embora tenhamos o desejo de que todos sejam correspondidos, cedo ou tarde, nos damos conta da impossibilidade real da expectativa. Incongruências mais significativas entre o que somos e o que os outros apresentam, acabam desencadeando separações. Todas as partes que estavam devidamente encaixadas são desarrumadas gradativa ou abruptamente. Não obstante, a zona de conforto cede lugar para ansiedades, angústias ou sofrimentos das mais variadas ordens. As ditas peças esparramadas nos causam perplexidade. Perguntamos, constantemente, como algo que parecia tão perfeito, de uma hora para outra, toma um rumo totalmente inesperado ou incongruente. Assim, a ruptura é algo imperativo, inadiável.
Na clínica, é bastante comum, observarmos comportamentos diferenciados em relação aos pontos supracitados. Determinadas pessoas, simplesmente contrariam o óbvio. Seguem tentando “magicamente” que a relação tenha uma continuidade ou apresente um mínimo esperado. Vejam bem, que eu disse tentando. Esforços, das mais variadas ordens, negam e renegam o que está diante dos olhos. Acreditam que o tempo determinará mudanças estruturais, o que acaba não acontecendo de modo algum. Num belo dia, se deparam com os mesmos comportamentos indesejáveis. Simplesmente, almejam algo que é totalmente impossível. Idas e vindas. “Ioiô psíquico” contraindicado. Outras, rapidamente, elegem um substituto às cegas. A química inicial sentida & eacute; tão prazerosa que serve como antídoto para todos os desgostos possíveis e imagináveis do rompimento. A busca impulsiva, aparentemente útil e eficaz, na grande maioria dos casos, acaba reeditando tudo aquilo que não é nem um pouco interessante. Novas mazelas emocionais, afetivas, incomodam barbaramente. Ainda temos aquelas que se lançam desesperadamente em novos vínculos e ainda estão ligadas nos relacionamentos passados. Inúmeras tentativas infrutíferas, alimentam a esperança. A dificuldade para a elaboração definitiva do luto é extremamente corrosiva. Num jogo duplo de indefinições, a alma do órgão, clama por paz.
Nessas infindáveis possibilidades que envolvem o “remonte do coração”, é visível a baixa tolerância a frustração. Ao menor sinal de desconforto tudo é feito visando a substituição automática do amor perdido. Dor, nem pensar. Somado a isso, temos uma baixa autoconfiança e autoestima. A incapacidade de uma visão mais adequada de si mesmo, acaba desenvolvendo pensamentos do tipo “meu amor meu mundo”. Fantasias de não ser atraente, de só merecer arranjos complicadíssimos, entre outros, num bom número de casos, desencadeia fixações corrosivas. Não raro, essa dinâmica permanece a vida toda impedindo que a pessoa tenha um crescimento interno indicado e, consequentemente, externo. Várias áreas fica m afetadas. Em suma, remontar amores implica, indubitavelmente, numa consciência e valorização maior daquilo que representamos e da essência que possuímos. A paciência também é uma belíssima aliada.
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Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.