Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
Ao longo da nossa existência, certas pessoas marcam significativamente. As lembranças acerca dessas são evocadas de um modo absolutamente natural. Sem sombra de dúvida, servem como referenciais a serem seguidos. Lembro-me de um senhor de origem humilde portador de um câncer implacável. Quando o quadro piorava, a saída era passar por uma cirurgia para extirpar mais um pedaço do órgão afetado. Melhorava e, passado um período, novo processo operatório. Era interessante observar como pensava e procedia diante da grave adversidade. Simplesmente, como “mágica”, estabelecia projetos para os anos vindouros associado, principalmente, à família. Um nascimento, aniversário de quinze anos, entre outros, desencadeavam a força pela continuidade. Lutou muitos anos com a referida dinâmica e, num determinado dia, infelizmente, foi derrotado.
Viver, indubitavelmente, implica metas internas e externas. Pequenas ou grandes fazem toda a diferença. Na clínica, é relativamente comum observarmos indivíduos que menosprezam a importância de pequenas projeções e conquistas. Costumo dizer que possuem um peso extremamente significativo, no sentido de haver um incremento na autoestima e autoconfiança. À medida que damos pequenos passos, nos sentimos capacitados para caminhadas mais longas ou árduas. Indivíduos sonhadores, perfeccionistas, exigentes consigo mesmo e os demais, não raro, perdem a motivação em prol de propósitos dificílimos ou até mesmo impossíveis. Sendo assim, travam todo o potencial que possuem e passam a se queixar constantemente de maneira generali zada.
Planos possuem a capacidade de alimentar a esperança que, por sua vez, alimenta a alma. O estabelecimento cotidiano de esboços a serem concretizados geram sentimentos de utilidade e capacidade. Realizações modificam, inquestionavelmente, a nossa visão de mundo e, principalmente, o conceito que temos em relação a nós mesmos. Vários exemplos, absolutamente simples, mostram como podemos conseguir doses abundantes de felicidade. A terceira idade, com toda a experiência acumulada, sabe que para combater a tristeza ou depressão necessita dar asas ao imaginário e encontrar fontes de satisfação na realidade circundante. Algumas pessoas que financeiramente detêm toda uma estabilidade, mesmo assim, buscam incansavelmente formas de se sentirem ocupadas e úteis. Muitos deles dão um mínimo de contribuição por todo um desfavorecimento físico mas que, emocionalmente, sentem-se muito bem. Portanto, conseguem o máximo.
Viver sem objetivos afeta, negativamente, o brilho deste já complicado mundo. É imperativo uma tomada de consciência daquilo que nos gera prazer e irmos em busca de satisfações. Projetar e executar. Não obstante, temos de ter em mente que mesmo que queiramos intensamente o máximo, estaremos sempre longe de uma plenitude. Um ponto de equilíbrio é imprescindível.
Antigamente, além do jornal, o rádio era o encarregado de transmitir as notícias do país e do mundo. Funcionamento a válvula e, com uma antena externa bastante alta, atingia um bom número de estações. Sua qualidade, sem dúvida, refletia na recepção. Ao seu redor, frequentemente, reuniam-se pessoas interessadas pelas informações que, na grande maioria, não eram instantâneas. As comunicações mudaram e muito. Imaginar, naquela época, o ponto que nos encontramos hoje, o avanço tecnológico, era algo “impossível”. O acesso aos suportes de difusão das inform ações foi infinitamente facilitado ou barateado.
No mundo contemporâneo, há uma sede de conhecimento. Queremos estar conectados com tudo sempre. Os acontecimentos que ocorrem em qualquer parte do planeta, imediatamente ou quase, são noticiados. As alegrias e tristezas mundiais são compartilhadas no cotidiano. Chegamos a produzir certo vazio interno caso não estejamos a par dos fatos. A precariedade, caso ocorra, cria, naturalmente, a sensação de sermos um “estranho no ninho”. Portanto, até mesmo a nossa capacidade para dialogar, interagir, é afetada.
Talvez tenhamos que questionar acerca da segurança que é produzida pelos variados modos de nos mantermos informados. Para um determinado número de pessoas, é algo complicado. Complicadíssimo. Se por um lado, criamos o bem-estar, por outro, podemos afetar, significativamente, a nossa qualidade de vida. Dependendo do quanto somos suscetíveis, as notícias sensacionalistas, tragédias, entre outras facetas extremamente deprimentes do mundo, em doses homeopáticas e imperceptíveis, afundamos. A existência que, indubitavelmente, possui as suas vicissitudes peculiares ou par ticulares é invadida por uma avalanche de aspectos negativos. Destarte, passamos a enxergar, predominantemente, o caos. O nosso humor oscila na tristeza dando pinceladas na depressão. Pensamentos mais pessimistas, derrotistas, sem dúvida, acarretam comportamentos contraindicados. Condicionamentos passam a existir e, geralmente, sem nos darmos conta, buscamos a essência má do ser humano. Isso passa a ser o “interessante”... Desta maneira, deixamos de lado as partes mais alegres que possuem o potencial de incrementar “visões otimistas”.
Difícil estabelecermos o ponto de equilíbrio entre administrar bem os acontecimentos que buscamos ou queremos e os que são simplesmente incutidos nas nossas mentes e lares. Ficarmos a mercê, pura e simplesmente, de dados que são perniciosos ou que contenham interesses subjacentes não parece o caminho mais indicado a ser seguido. Excluir, filtrar, selecionar, dentro do possível, dados de realidade, que vão ao encontro do que pensamos, sentimos ou “toleramos”, certamente, faz toda a diferença. Produzimos, sem sombra de dúvida, uma leveza psíquica maior. Sem os dev idos cuidados, dependendo da intensidade e da frequência, podemos adoecer.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.