Vivemos momentos de grandes atribulações, compromissos, concorrências e percalços.
O Corre-corre endurece o coração das pessoas, faz com que cada um tente administrar e resolver o seu problema. A solidariedade e a gratidão, principais virtudes de um ser humano, são cada vez mais raras, escassas.
Independente desse turbilhão procuro estar aberto às emoções, dentro dessa perspectiva, dias atrás recebi um convite para o lançamento do livro: Anjo Desgarrado – Bastidores de uma vida abençoada, de autoria da Escritora riograndina Denise Bondan. Radicada com sua família no Rio de Janeiro.
Passados alguns dias li uma entrevista concedida pela autora ao Jornal Agora, novamente fui tocado por um sentimento muito profundo, que sempre se apodera de mim quando leio ou trato sobre pessoas especiais. Na reportagem, conhecemos o adorável Leonardo, portador de neuropatia, que mudou definitivamente a trajetória e a essência da vida dos seus pais e irmão.
Pelo que desprendi, a família aceitou o desafio, fundamentando tudo num amor incondicional, que aos poucos foi superando os obstáculos e colorindo suas vidas, deixando, com a partida do Leo, saudades boas, como gosto de dizer, a todos que conviveram e aprenderam com ele.
Sempre foi assim, talvez por ter filhos saudáveis, nessas ocasiões deixo aflorar a empatia e transfiro-me, de alma e coração, para o conjunto familiar que recebe essa imposição do universo, como diz Denise.
Recordei a saga do também escritor Cristovão Tezza, autor do premiadíssimo “Filho Eterno”, onde ele dilacera seu coração, e os nossos, confessando pensamentos, fraquezas e atitudes para com o seu Felipe, portador de síndrome de Down, chegando a adjetivá-lo, no seu desespero, de: “pacotinho suspirante” ou “pedra silenciosa no meio do caminho”.
Por último, registro a minha experiência mais próxima com esses seres especialíssimos, trata-se da minha convivência com o Fernando Taboada, o nosso “Nando”, irmão do meu querido enteado Vinicius Taboada, que com o seu protagonismo e particularidades, encanta aos seus amigos e familiares, mostrando a cada momento a importância das coisas simples e singelas.
O maior desafio que pretendo deixar neste artigo é o proposto por Gustave Flaubert, escritor Frances (1821-1880): “Devemos estar à altura do destino, portanto, impassíveis com ele”. As famílias Bondan Meireles, Tezza e Taboada, deixaram claro ser possível.
A jurista Eliana Calmon Alves é portadora de um magnífico currículo e de uma carreira como Procuradora da República e Juíza Federal, digna dos maiores elogios.
Ministra do Superior Tribunal de Justiça desde junho de 1999, foi alçada a função de Corregedora Nacional de Justiça, do Conselho Nacional de Justiça, com mandato em vigência.
Ganhou exposição pública nacional recentemente, ao afirmar que: “existiam bandidos escondidos atrás da toga”, foi contestada pela AMB – Associação Nacional dos Magistrados e, também pelo Ministro Presidente de STF, Cezar Peluso, que andou intervindo em atribuições da Corregedora, ultrapassando suas prerrogativas de Presidente do CNJ.
Pois bem, o caldeirão da justiça ferve em altíssima temperatura, e a previsão é de que esquente cada vez mais, já que a sociedade tem se manifestada de acordo com as providências tomadas pela nobre Corregedora.
Defensora da atuação da magistratura de primeiro grau, a Ministra Eliana tem tido o Apoio desses Juízes, que promovem a Justiça pelo Brasil afora com todas as dificuldades possíveis, inclusive, com insegurança pessoal.
Tem afirmado que a aposentadoria compulsória concedida aos Juízes, quando com problemas de conduta não é uma pena, é uma benesse, um prêmio, argumenta que, nos últimos seis anos, 34 Juízes foram afastados por crime de corrupção, desvio de verbas e vendas de sentenças, sem qualquer prejuízo em seus vencimentos.
Reconhece que a missão é árdua, não obstante, tem demonstrado uma coragem e uma perseverança por acreditar que o Judiciário é o Poder menos comprometido com os “mal feitos”, e que qualquer problema nesta área a repercussão é muito maior.
Quer transparência em todas as áreas e instâncias da Justiça, já que a Constituição de 1988 ampliou as competências dos magistrados, que agora precisam ter uma visão mais ampla para interferir em políticas públicas e decidir demandas de massa.
Proponho que a cidadania, particularmente os formadores de opinião, aliem-se a essa brava e destemida baiana, que vem prestando um trabalho inestimável para todo o conjunto da sociedade, tão carente e ciosa de um serviço que é à base da democracia, a Justiça.
Que esta mulher de “faca na bota”, no dizer popular, comece a receber, através das redes sociais e do próprio CNJ, os subsídios e informações que possam consolidar o seu desiderato.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.