O polêmico e irreverente, jornalista, dramaturgo e escritor, Nelson Rodrigues, imortalizou a frase: “Toda a unanimidade é burra”. Os que me conhecem são testemunhas de que tenho como paradigmas, enquanto cidadão e comunicador: a reflexão, a criatividade, a discussão e a critica, daí a manutenção por dez anos ininterruptos de um programa de rádio, o Nativa Debate, onde, diariamente, promovemos debates acirrados e contundentes, sobre tudo.
Os feriados e as férias são conquistas dos trabalhadores e da solidificação da classe média, recordem que durante um século, a Revolução Industrial, obrigava os operários a jornadas de 16 horas de trabalho, baixos salários, sem folgas e fim de semana. O primeiro feriado só foi comemorado no fim do século 19, em comemoração a greve geral ocorrida em Chicago-EUA, em 1 de maio de 1886, que originou o Dia do Trabalhador.
Pois bem, o tema titulo deste artigo, o excessivo número de feriados, representa bem esse paradoxo entre o descanso proporcionado e o reflexo negativo na economia da nação e das pessoas.
Como empresário, que tem a responsabilidade de viabilizar negócios para a manutenção de dezenas de empregos, tenho me posicionado contra a política de definição e gestão dos feriados, considerando particularmente aqueles que são festejados nos meios de semana, que ensejam, por conseqüência, os “feriadões”, quase sempre demarcados oficiosamente por autoridades dos tres níveis da administração pública. Efetivamente, precisamos avaliar o custo-benefício de cada feriado no país, esse descontrole prejudica a produção e causa aumento de custos.
Internacionalmente, as férias, tanto quando os feriados, são objeto de discussão, na Alemanha a Chanceler Angela Merkel, chefe do governo, propõe: “Não há razões para desperdiçar as condições que permitiriam potenciar a produtividade do nosso pais em detrimento de um sobrecarregamento do calendário do trabalho semanal com feriados possíveis de encostar ao fim de semana”, num ataque direto aos feriadões.
Por aqui temos os feriados nacionais, estaduais e municipais, ainda os móveis, comerciais e os pontos facultativos e luto, tudo isso somado, dependendo da cidade, pode chegar a um mês sem trabalho, improdutivo, parado.
Convenhamos, num país onde se registram números tão significativos com relação às diferenças sociais; onde as necessidades básicas das pessoas não são atendidas; onde são contabilizados mais de 13 milhões de analfabetos, não seria hora de também revisarmos todo esse tempo colocado fora? Não tenho dúvidas, sou partidário de Teofrasto, filósofo grego (372-287 a.C.), que lapidou o seguinte conceito “Tempo custa caro”, a saída é por aí.
A maioria das pessoas não se sentem confortáveis em falar sobre a morte, por conseqüência todos os temas relacionados a ela, como o tradicional e histórico epitáfio, são cada vez mais raros.
Surgido da Grécia, o hábito de homenagear pessoas com frases escritas sobre as tumbas ou túmulos, o epitáfio, narrava feitos de grandes heróis, nobres e reis.
Posteriormente se popularizou e passou a ser utilizado para exaltar as qualidades das pessoas ou demonstração de sentimento pelo desaparecimento de entes queridos.
Pessoalmente, não tenho qualquer preconceito com relação à morte e os seus desdobramentos, simplesmente por ser a única certeza irremediável, da qual não temos como procrastinar. Inclusive, quando viajo a turismo, sempre que posso, dedico tempo para visitar cemitérios, admirar os trabalhos artísticos e a história ali contemplada.
Tive duas experiências com relação aos epitáfios, uma com relação a meu querido pai, Alberto Ireneo Alfaro, onde expressamos no mármore esse sentimento de saudade; outra com o meu saudoso tio e amigo, Dorimar Talayer, que me incumbiu em vida, de providenciar, o seu epitáfio, que abrilhanta esta coluna, de autoria dele próprio, e que já decora o jazigo de sua família em Santa Vitória do Palmar.
“Você idéia não faz
De quem foi Dorimar
Que aqui jaz
Sem dor, nem mar”.
Ainda sobre esse tema, me declaro pragmático, ou seja, trato-o dentro dos aspectos de utilidade e praticidade, sem desconsiderar e respeitando outras formas de manifestação ou sentimento.
Como ainda não estou definido com relação ao destino que deverão dar meus descendentes, aos meus restos mortais, com a perspectiva da cremação, penso colocar esse tema em pauta daqui a alguns anos, mais próximo do meu fim, segundo meu desejo, mas já começo a pensar de como desejaria ser lembrado. Se você, caro leitor, ainda não pensou sobre o assunto, e isto lhe traz alguma inquietação, como ocorre comigo, a sugestão é começar a pensar.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.