Estou usando e modificando o título de uma comédia escrita por Marcos Caruso, para falar sobre um tema comum a todos que se arriscam a assinar colunas, manter blogs e trabalhar com comunicação, o compromisso com os prazos e com os leitores.
Este articulista, por exemplo, tem coluna semanal na Folha Gaúcha e cuida o www.blogdoalfaro.com.br, espaços para os quais escreve artigos e crônicas com a intenção de ser atual, objetivo e diferente, e, principalmente, agradar os leitores.
Tenho conversado com colegas que têm esse mister, são unânimes, é uma verdadeira estiva, portanto muito mais dolorido e pesado que coçar-se.
Lembro de vários amigos que tem projeto de escrever um livro, alimentam esse sonho, e me perguntam sobre essa atividade, para muitos estressante, que é colocar no papel, materializar um pensamento, uma história, até uma tese. Digo-lhes, parafraseando o grande Repórter do NY Times e Escritor, Guy Talese, que: “Escrever é como dirigir um caminhão à noite, sem faróis, errando o caminho”, não com a intenção de desestimulá-los do projeto, mas para que tenham a verdadeira noção do caminho a percorrer.
A sabedoria popular diz que uma pessoa pode morrer em paz depois de ter completado a sua missão na terra, que é, simplesmente, plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Tive filhos o suficiente para a minha cota de responsabilidade com a manutenção da espécie, plantei árvores aquém das que consumi com papéis e assando churrascos e o livro de crônicas e artigos esta sendo ultimado para 2012, neste caso sem maiores dores, já vividas quando das suas criações.
Para mim esta missão já esta quase cumprida, lamento pela sorte dos leitores compulsórios de obras de amigos, que irremediavelmente são convocados a comprar e ler essas obras de ocasião.
Finalizando, recomendo a todos que tem vontade de inserirem-se no fascinante mundo das letras que leiam muito, que busquem estar de bem consigo mesmo, já que o mau humor e a infelicidade são os maiores adversários da inspiração e da criação. Ah, que sejam verdadeiros e corajosos na defesa das boas causas, pois a maior paga dos que são protagonistas da comunicação é a certeza do dever cumprido.
A região sul do estado do Rio Grande do Sul, em função da instalação do Pólo Naval, vive momentos de grande empolgação, fruto dos vultosos investimentos já alocados e da perspectiva de novos empreendimentos, que prevêem, por exemplo, um estaleiro em São José do Norte e outro aqui para a cidade do Rio Grande.
Entendo ser a oportunidade de recuperação da economia de toda a região, em depressão desde o inicio do século XX, não obstante, tenho uma grande preocupação com a falta de mão de obra especializada para atender as demandas e a inexistência de uma política para cobrir esses gargalos.
Instituições não faltam, iniciativas e recursos, pelo que divulgam, não são problema. Então, onde se concentraria essa preocupação?
Explico: Com todo esse marketing em torno da “redenção econômica”, da expectativa de dezenas de milhares de oportunidades de trabalho, são oferecidos a comunidade inúmeros cursos “profissionalizantes”, onde os conteúdos, pré-requisitos e carga horária, não se coadunam com a demanda existente.
Como sempre, nas ondas desenvolvimentistas surgem oportunidades para todos os segmentos, inclusive, aos “mercadores de ilusões”, que oferecem salários milionários, condicionados a determinados cursos, que não levam a lugar algum.
Falta uma coordenação que compatibilize de maneira séria os interesses dos profissionais da região às demandas das empresas que estão se instalando por aqui, com responsabilidade de fiscalizar, “com olhos de ver”, toda essa situação.
Temos Universidades/ Faculdades/Escolas Técnicas, públicas e privadas, além do SENAI e do SENAC, que ainda não estão dando conta de suas missões, constatação que faço por percepção de mercado e pelas reiteradas manifestações dos responsáveis por esses empreendimentos.
Somos pródigos em entidades representativas disso e daquilo e comissões improdutivas, que mais disputam espaços e beleza entre si, e pouco apresentam de concreto e permanente.
Creio ser a hora de o Executivo Municipal, que tanto tem se empenhado na prospecção e facilitação para essas iniciativas, buscar meios para equacionar essa questão, pois os habitantes da região não podem ficar como mero expectadores de todo esse espetáculo.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.