No dia dez de setembro de 2001, pontualmente às 18h subimos as escadas da sede da Rádio Nativa AM 740, em Rio Grande, para apresentar pela primeira vez um novo programa, o Nativa Debate, fruto de uma idéia fomentada por mim, Valdomiro Rocha Lima e Delamar Correa Mirapalheta.
Já no dia seguinte, 11 de setembro, fomos surpreendidos pelo ataque terrorista as torres do Wall Trade Center, em Nova York, que vitimou em torno de tres mil pessoas e marcaram indelevelmente as relações entre os povos, conseqüências que até hoje são sentidas.
Esta tem sido a nossa rotina nos últimos dez anos de apresentações ininterruptas, que considerando tratar-se de um programa diário, representam mais de tres mil horas, haja assunto e Debatedores.
Na condição de Produtor e Apresentador, criamos e mantemos com o espaço e a proposta um amor paternal, incondicional, que tem nos proporcionado um crescimento e aprendizagem, permanentes, sem mudar um milímetro as bases do projeto inicial: coragem, independência e pluralidade.
Centenas de pessoas debateram conosco todos os temas possíveis e imagináveis, pois para nós nunca existiram assuntos proibidos, nem interesses defendidos que não fossem os que dizem respeito aos destinatários do nosso trabalho, a Cidadania.
Nosso objetivo sempre foi o de motivar os ouvintes da Zona Sul do Estado Gaúcho, abrangência da potência da Emissora, a uma reflexão maior sobre os nossos papéis nesse complexo sistema social em que estamos inseridos, onde os direitos devem ser buscados permanentemente, sem olvidarmos das nossas obrigações.
O slogan adotado e mantido desde o início: “Fazendo Cidadania com Informação”, não transformou nossos Debatedores em atores apolíticos ou isentos, muito pelo contrário, todos e todas que tem nos ajudado nessa cruzada mantém as suas ideologias e posicionamentos, participam dos debates por inteiros, sem maquiagens ou disfarces, talvez seja esta característica outra explicação da nossa perenidade “no ar”.
Essa autenticidade preservada ao longo do tempo garante à nossa Equipe de Debatedores uma química gostosa onde preservamos a irreverência e a alegria, sem perder o respeito pelos assuntos, os ouvintes e entre nós mesmos.
Não vou nominar todos esses impagáveis cidadãos e cidadãs, que com suas inteligências e opiniões nos ajudaram a chegar até aqui, pelo risco de esquecer alguém, homenageio-os todos na figura da nossa última contratação, Renato Espíndola de Albuquerque, que tem se comprometido pessoalmente com a manutenção do espaço e dividido conosco a coordenação do mesmo.
Agradecemos também a confiança da Direção da Radio Nativa e do seu valoroso quadro de colaboradores, que sempre nos deram suporte técnico e afetivo; aos nossos apoiadores comerciais que nos garantiram a independência, o que nos fez chegar até aqui, como entramos, compromissados somente com a Democracia e a Liberdade de Expressão, matérias primas indispensáveis ao nosso mister.
Temos a consciência do dever cumprido e a vontade inquebrantável de continuar, pois o reconhecimento que temos recebido dos nossos milhares de Ouvintes e Amigos, espalhados por todos os cantos desta Região, nos apontam que este desejo é compartilhado por eles, destinatários exclusivos do nosso trabalho.
Vamos em frente, nossa recompensa, nossa paga é esse carinho desmedido que tantos e tantas ouvintes e colaboradores nos distinguem, e que é renovado, diariamente, através de todos os meios de comunicação disponíveis, quando recebemos informações, notícias, reivindicações, queixas e elogios, ingredientes que nos energizam positivamente, independente das vicissitudes do cotidiano, das nossas vidas.
Enquanto houver o que falar e o que debater nós estaremos “no ar”, por vocês, e, obviamente, por nós, já que amamos o que fazemos. FELIZ ANIVERSÁRIO, NATIVA DEBATE.
Pelo País afora se discute qual seria o número ideal de vereadores para cada Câmara Municipal, e esse debate espertamente tem-se cingido numa premissa que não se sustenta, a qual tento dar outra interpretação, afirmando que o aumento do número de representantes nos parlamentos municipais pode efetivar-se sem aumento nas despesas.
A possibilidade que levanto e proponho serve para qualquer município, desde que a edilidade reinante decida sinceramente e com espírito público.
Primeiro destaco que o teto percentual admitido para a manutenção do legislativo é de 6% do orçamento municipal, nada obrigando que o valor gasto ande sempre próximo desse patamar, como é o caso aqui da Cidade de Rio Grande, onde para uma representação de 13 Vereadores são consumidos, em média, 5,3% do referido orçamento.
No Brasil, infelizmente, os maus exemplos e práticas são os que mais se disseminam, e o mais gritante e repugnante é o caso do Senado da República, onde para 81 Senadores, foi se criando ao longo do tempo uma estrutura de assessoramento que chega, hoje, ao quadro atual de quase 10.000 servidores. Um monstro, onde o fisiologismo amassa a representação popular numa proporção de 120 assessores para cada Senador.
Este Colunista foi Vereador, com mandato de 1983 a 1988, e a Câmara de Vereadores de Rio Grande à época era composta de 21 Vereadores, distribuídos em quatro bancadas, cada uma com somente um assessor, posteriormente, foram criados 21 cargos que proporcionaram um assessor para cada parlamentar.
Alguns, mais sonhadores e idealistas, defendem a Democracia Direta, onde todos participariam diretamente das decisões que lhe dizem respeito. Isso, é óbvio, é impraticável, mas aumentar essa representação para um Vereador para cada 10.000 habitantes me parece extremamente razoável.
Registro que o modelo vigente criou uma casta de “profissionais da política”, uma reserva de mercado, que têm deixado fora do cenário político municipal partidos importantes como o Democratas, PP, PV, PSol, entre outros.
Enquanto os nossos Congressistas e o próprio Governo Federal não de dispõe a fazer a tão necessária Reforma Política, defendo a retomada duma representação mais plural e abrangente, com o compromisso de que se reduza o corpo e privilegie-se a cabeça, provando que é factível aumentar o número de Vereadores dos atuais 13 para 21, sem acréscimo de despesas, é só vontade política e gestão.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.