Tenho reconhecido permanentemente os avanços e benefícios que foram disponibilizados a todos com o surgimento da internet, esta nova ferramenta que aproxima pessoas e disponibiliza, democraticamente, a transferência de dados e informações.
Essa universalização é um daqueles processos definidos como irreversíveis, com relação a isso estamos todos de acordo e conformes, agora temos que registrar um protesto veemente com relação ao mau uso dessa ferramenta.
Óbvio que os organismos internacionais estão se ocupando em disciplinar e criminalizar as práticas nocivas e perniciosas, não obstante, temos que exigir de entidades e associações de classe, as quais estamos vinculados, um respeito às informações que lhes disponibilizamos.
Explico, embora não seja a minha especialidade, que são recorrentes os spams (propagandas não autorizadas) que recebo diariamente em meu notebook, que alem de inconvenientes, entulham a minha caixa de entrada.
Os spammers, aqueles que enviam propaganda eletrônica sem autorização, sempre se valem da esperteza de muitos e da falta de organizações que se ocupem do registro dos domínios, são apenas 900 em todo o mundo, e sendo que alguns desses provedores não são zelosos com esses endereços, quase sempre os comercializando inescrupulosamente.
Dentro desse quadro totalmente incontrolável, são oferecidos pela internet cadastros atualizados e segmentados para todo o país e mundo, o que facilita a ação de pedófilos, traficantes e vigaristas em geral, todos encobertos pelo manto terrível do anonimato.
Ainda não uso a internet para transações bancárias nem para compras, embora reconhecendo a eficiência e eficácia desses mecanismos, mas me considero dela dependente, tanto pessoal como profissionalmente, usando regularmente todo esse aparato de comunicação que nos é disponibilizado, nos tornando cidadãos interativos e protagonistas universais.
Essa queixa com relação a banalização na utilização e disponibilização dos nossos dados pessoais é generalizada, no entanto creio que possamos exigir de todos a quem confiamos o cadastro essa responsabilidade, agindo, inclusive judicialmente, responsabilizando-os por danos morais, pois em muitos casos são perfeitamente identificáveis os que criminosamente entregam nossas informações, a nossa revelia.
Os homens e mulheres de bem deste País devem andar estupefatos, estado em que me encontro, com o que viram e ouviram nesta fatídica quarta-feira, 8 de junho de 2011, quando da transmissão do cargo de Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Pois bem, depois da denúncia da Folha de São Paulo sobre o recebimento de mais de 20 milhões de reais, só no ano de 2010, por consultorias até hoje não esclarecidas, o então Ministro silenciou por mais de vinte dias, voltando à cena em uma patética “entrevista/manifesto” onde não disse coisa com coisa, debochando da cidadania.
Passados mais alguns dias, Antonio Palocci anuncia a sua saída do Governo: “Minhas atividades foram sendo comprometidas pelo ambiente político. Se vim para ajudar a promover o diálogo, saio agora para preservá-lo”, soou-me como a frase deixada por Vargas na sua carta testamento: “...... saio da vida para entrar na história”, ou seja, saiu num ato de extrema grandeza e patriotismo para ajudar o Governo e o País.
Saiu aplaudido de pé, com um sorriso largo, próprio daqueles que sabem bem o que fazem e fizeram e contam com uma realidade que nos coloca cada vez mais reféns desses “assaltantes dos cofres públicos”, a certeza da impunidade.
A Presidenta, com lágrimas nos olhos e voz embargada, disse que vivia um dia muito triste, que lamentava a saída do Companheiro por questões políticas, administrativas e pessoais.
Se o Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, não viu motivação para denunciar o ex-ministro por esse enriquecimento, até o momento inexplicável, porque então saiu Palocci?
Óbvio que toda essa armação, classificada por este colunista de “esperteza”, cria um vácuo moral e ético, que fortalece e até incentiva o prosseguimento dessas práticas.
Ah! Finalizando todo esse circo, Palocci lamentou, na sua fala de despedida, que o mundo jurídico não atue no mesmo diapasão do mundo político, outro cinismo, pois ele tem sido reiteradamente favorecido por essa anomalia, caso contrário já estaria afastado da vida pública há muito tempo, pelo conjunto da obra.
Pois bem, como a quase ninguém interessa saber a que custo enricou Palocci, se o ex-ministro já está liberado a continuar operando nos escaninhos do Governo, proponho que o mesmo seja entronizado como super herói nacional, o Palobby, também conhecido como “O Alquimista”.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.