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Alberto Amaral Alfaro
Advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.


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Exemplos podem vir de qualquer lugar, inclusive, daqui

quinta-feira, 18 de Julho de 2013 | 13:48

Entre junho e julho deste ano de 2013, ocupei por quinze dias o mandato de Vereador da nossa Cidade. Apesar de já ter exercido essa atividade por longos seis anos, entre 1982/1988, deparei-me neste retorno com mesmas demandas e necessidades de décadas atrás, que parece que se renovam ao longo do tempo. Com os gabinetes sempre atulhados de pedidos de emprego, de marcação de consultas e exames médicos, além de remédios, aterros e limpezas de ruas e valetas, os representantes do povo tornam-se meros despachantes, com exíguo tempo para novos projetos, novas propostas.

Óbvio que não me furtei dessa agenda quando procurado, afinal sempre tive essa preocupação de verear, de andar pela Cidade com olhos de observador, detectando e denunciando as más práticas cidadãs, especialmente em ataque a posturas e bons costumes. Esses e outros temas têm merecido sempre a minha palavra e a minha ação enquanto colunista de mídias impressas e radialista, com programa diário há doze anos, o Cultura Debate, na Rádio Cultura Riograndina.

Tema recorrente para este cronista, a situação da formação profissional no País continua a mercê de vigaristas e oportunistas, que oferecem, sem qualquer disciplinação ou fiscalização, cursos de formação, treinamento, qualificação e até reinserção, para os casos de reabilitação de trabalhadores acidentados. Sem qualquer compromisso com pré-requisitos, programas, conteúdos e carga horária, com desobediência ao que preconiza a CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, essa vergonhosa situação cresce e se espalha pelo Brasil afora, impunemente.

Propus, nessa breve passagem pelo Legislativo, como indicação ao Prefeito do Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer, a criação, através de Projeto de Lei de um “Selo de qualidade de educação, formação, qualificação e treinamento profissional”, que seria disciplinado e chancelado pela Secretaria Municipal de Educação, com a interface do MTB, Universidade Federal do Rio Grande e técnicos do Sistema “S”, entre outros.

Com isso, estaremos startando um movimento de garantia da qualidade para um serviço de fundamental importância para o nosso País, tão carente de profissionais preparados, além de banirmos do mercado esses verdadeiros “Mercadores de Ilusões”, que praticam um estelionato com requintes de crime hediondo, tamanha a perversidade dessas propostas. Os exemplos podem vir de qualquer lugar, inclusive, daqui. É a intenção do que proponho.


Escrito por Alberto Amaral Alfaro

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Ensaios sobre a velhice – Mamãe, viva por nós!

quinta-feira, 04 de Julho de 2013 | 12:50

Por mais paradoxal que possa ser, a realidade é que temos uma constante e latente insatisfação com o período em que estamos vivendo. Na infância, queremos ficar moços para desfrutar da liberdade, que as crianças acreditam existir. Adultos, contamos os dias para a recompensada aposentadoria, onde acreditamos poder desfrutar da tal melhor idade, cada vez mais contestada, particularmente por quem chega nela.

Dentre esta série de crônicas que escrevo sobre a velhice, como em todas as ocasiões em que formalizo opinião, exponho vivências em que sou protagonista, por enquanto, na condição de parente, amigo ou observador. Breve, respeitando as classificações de longevidade, estarei entrando na terceira idade, com a esperança que os gerontologistas e geriatras me auxiliem nessa nova empreitada. A respeito, considerando a longevidade que a raça humana vem conquistando, muitos estudiosos já falam na quarta idade, que seria considerada após os 75 anos.

Minha mãe Alfa está com 85 anos de idade, lúcida e com a estrutura mínima necessária para uma velhice honrada. Cercada por familiares e amigos, tinha até poucos meses atrás atividades plenas, como gestão da sua vida, participação em movimentos sociais e de benemerência. De inopino, como quase tudo na vida, foi acometida de depressão, seguida de mudança radical de rotinas e desinteresse por tudo, inclusive de alimentar-se, como querendo dar um recado aos que lhe cercam. Óbvio que corremos na busca de auxílio profissional, além da conhecida psicologia caseira, onde com muita sinceridade e emoção lhe manifestamos a importância da sua presença entre nós por tudo que significa, pelo amor que lhe dedicamos e por suas mensagens e ensinamentos. Toda essa mobilização apresentou resultados, mas não conseguimos a retomada total da sua vontade de viver.

O Salmo 90 diz o seguinte: “Só vivemos uns setenta anos, e os mais fortes chegam aos oitenta, mas esses anos todos só trazem canseira e aflições. A vida passa logo e desaparecemos”. Considerando que essas orações e ensinamentos antecedem a era cristã, registra-se o documento como uma manifestação contemporânea, não definitiva, é lógico. Em ensaio anterior, reproduzi a frase de uma querida vizinha, com mais de noventa anos: “Viver muito é bom, mas dá trabalho...”. Como essa senhora também vive cercada de carinho e atenções, deduzi que esse tal “trabalho” fazia referência a ela própria, e que lhe tem custado a longevidade.

Muitos não estão preparados para a morte dos velhos. Por vezes, sequer querem tratar do assunto. Com certeza, alguns que estão lendo esta crônica o fazem com a testa franzida ou com o coração apertado, muito natural, pois na realidade não estamos preparados para o enfrentamento da questão. O novo não esta preparado para ficar velho, e este não está preparado para a morte.

Não é o caso da minha querida mãe, mas registro com a finalidade de reflexão, que a prática da chamada “Distanásia”, que é a prática pela qual se prolongam através de meios artificiais e desproporcionais, a vida de um enfermo incurável, também chamada de “obstinação terapêutica”, tem resultado em morte prolongada, comprovadamente acompanhada de sofrimento, o que é profundamente lamentável.

Encaro a velhice como um prêmio, uma dádiva, e como tal deve ser administrada. Encontrar razões para viver e dar significado à vida é o nosso grande desafio. Buscar substituir atividades e práticas que sempre nos deram prazer e manter aquelas compatíveis com o nosso estado mental e físico é o único caminho. Devem ter claro os nossos velhinhos que também vivemos pelos outros, desde que isso não represente um sacrifício intolerável. Portanto, enquanto for possível, viva por nós, mamãe.


Escrito por Alberto Amaral Alfaro

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