Acabo de sair de uma palestra na Câmara de Comércio do Rio Grande, onde numa promoção conjunta com a RBS a entidade empresarial oportunizou ouvirmos Wilen Manteli falar sobre a “Situação dos portos brasileiros e a questão do porto do Uruguai”. Para os que desconhecem a polêmica, muito tem se falado no RS sobre um provável investimento do BNDES, através da Construtora Odebrecht, que viabilizaria um projeto de US$1 bilhão no porto de Rocha, que concorreria diretamente com o nosso porto, quando no Brasil os investimentos em infraestrutura e logística são insuficientes, para não dizer pífios. Registro que essa notícia foi confirmada através de entrevistas do próprio Presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, portanto, afirmar que o assunto é especulação em época eleitoral ou de que não existe, é uma desfaçatez para com a inteligência da cidadania e a consagração de que neste País mentir é ferramenta usual de muitos dos nossos administradores de plantão.
Dois dos maiores meios de comunicação no Estado, a RBS e a Rádio Guaíba, através dos jornais, TVs e rádios discutiram à exaustão essa temática e foram unânimes em rechaçar com veemência todas as argumentações esposadas, entre outras, pelo Superintendente do Porto do Rio Grande e o Prefeito Municipal da Cidade, respectivamente, os Srs. Dirceu Lopes e Alexandre Lindenmeyer. As autoridades referidas merecem todo o respeito e republicanamente têm o direito universal de manifestação sobre este ou qualquer outro tema, não obstante, devem considerar, e não menosprezar ou desfazer, da Inteligência e posicionamento dos que pensam em contrário. Explico: o Prefeito diz a Rádio Guaíba não ser contra o financiamento do BNDES a superporto no Uruguai, que esse investimento tem o viés de somar para o crescimento da região, que o nosso porto irá receber R$-1 bilhão em investimentos e que se o Brasil não apoiar outro país o fará. Hoje, na palestra o Prefeito recomenda que fiquemos vigilantes e afirma não acreditar que o Brasil investirá em Rocha, pois o fazendo estaria na contramão, mas imagina que o Banco Mundial pode vir a ser parceiro do vizinho país. O Superintendente do Porto, disse dias atrás a Rádio Gaúcha que esse assunto vem sendo tratado dentro de uma tal “Agenda de Alto Nível “ entre os presidentes Dilma e Mujica, e opinou que o investimento seria natural sob o ponto de vista econômico.
Reitero ser compreensível o ponto de vista das destacadas autoridades, embora a convergência de fatos ocorridos nos últimos anos e até uma exposição levada a efeito hoje pela manhã no salão nobre da Prefeitura do Rio Grande, a meu juízo deixa claro ingredientes ideológicos muito expressivos, desprezíveis em assuntos de tamanha relevância para a região e o Brasil. No tal evento, patrocinado pela Prefeitura e Superintendência do Porto do Rio Grande, autoridades cubanas, dirigentes do Porto de Mariel, onde o Brasil teria investido até o presente, algo em torno de US$-1 bilhão, palestraram sobre o porto localizado há 40 km de Havana e as oportunidades para empresas brasileiras por lá, mesmo considerando que estamos a mais de 7.000 kms, em linha reta.
Saúdo a exposição simples, de muito conteúdo, respeitosa e sem qualquer componente ideológico do Dr. Manteli, cuja entidade que preside a Associação Brasileira dos Terminais Portuários, já se dirigiu formalmente à Presidência da República pedindo esclarecimentos sobre os fatos em discussão, ainda sem resposta. Mais importante ainda foi o sentimento de vigília despertado entre os empresários e autoridades presentes, que saem mobilizados e cientes de que a mobilização é indispensável, mormente em períodos pré eleitorais, já que alguns se manifestam de inúmeras maneiras, considerando o público e o veículo de comunicação, levando em conta prioritariamente os interesses eleitorais momentâneos. O tempo é o senhor da razão e de todas as respostas, mas em assuntos como este, dar tempo ao tempo pode ser fatal, irremediável. Cazuza, em “O Maior Abandonado” cunhou a possibilidade da admissão de “mentiras sinceras” para a obtenção de pequenas porções de ilusões, isso no campo poético, precisamos de verdades, verdadeiras. Vamos buscá-las, onde estiverem.
O grande Fernando Pessoa, o mais universal dos poetas portugueses, certa ocasião escreveu uma frase que me marcou muito: “Às vezes ouço o vento passar; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”. Absorvo dela a magnitude sublime que um ser humano alcança quando dá valor sincero à simplicidade e a adota como norte de vida. Outro monstro, o incomparável Albert Einstein certa ocasião, em uma palestra, asseverou: “No meio da confusão, encontre a simplicidade. A partir da discórdia, encontre a harmonia. No meio da dificuldade reside a oportunidade”, outra pérola, que divido com meus leitores, nesta homenagem que pretendo fazer a um homem que exala simplicidade em praticamente tudo o que faz.
Filho único de Selma e Luiz Carvalho, o empresário rio-grandino Luiz Carlos da Silva Carvalho, no último dia 8 de abril, foi um dos destaques em evento realizado no Grêmio Náutico União – Porto Alegre, comandado pela AGAS - Associação Gaúcha de Supermercados. Fato corriqueiro, o Grupo Guanabara tem sido anualmente destacado em várias categorias de avaliação, dentro do setor supermercadista do Rio Grande do Sul. Concentrando suas atividades em Rio Grande, Pelotas e São Lourenço, a Rede de Supermercados, braço maior do Grupo, desafiou ao longo da sua existência a economia em depressão da região Sul, perseverando e enfrentando com trabalho árduo a concorrência predatória de alguns gigantes multinacionais. Surpreendeu-me negativamente como comunicador, cidadão e empresário o silêncio da mídia, das autoridades e dos segmentos representativos locais para tal distinção, pois entendo que fatos como este deveriam servir para alimentar a autoestima da nossa gente e de motivação aos novos empreendedores.
Coadjuvado por competente equipe de colaboradores, selecionados ao longo do tempo por perfil identificado com a filosofia do Líder, o Guanabara conquistou a preferência da sua clientela, fiel ao longo destas cinco décadas ao jeito Guanabara de fazer, sempre simplificando e facilitando a vida dos seus fregueses. Todas essas referências e considerações objetivam exaltar o tal “Case” Guanabara, firmado na simplicidade, que vem consolidando essa saga desde o percussor, o português Luiz Carvalho e já sendo absorvida pela nova geração, todos desprovidos de qualquer vaidade, arrogância ou prepotência, características predominantes em muitos poderosos de diversos segmentos.
O sucesso tem compromissado o Grupo com a Região, espraiando os investimentos em inúmeros segmentos da economia, com destaque na construção civil e na breve inauguração de loja no Praça Rio Grande Shopping Center, com o que o Guanabara ultrapassará a marca de dois mil empregos diretos. Como não se tocar, ao constatar uma trajetória de tantas realizações e comprometimento com uma Cidade a receber de segmentos, autointitulados representativos, uma má vontade deliberada, como se fosse pecado contribuir para o desenvolvimento?
Sei - porque somos contemporâneos de escola e futebol, que ambos amamos, e também por sempre estar acompanhando e sendo protagonista das coisas da nossa Rio Grande - que, por sua personalidade, Luizinho Guanabara sempre declina de homenagens e honrarias. Não é esta a minha intenção neste artigo. Quero marcar, através das mídias em que estou inserido, um reconhecimento público e um desagravo a este grande homem, grande empresário e grande cidadão. Para uma pessoa com tantas virtudes, me parece justo alinhá-lo a outro ícone do desenvolvimento empresarial desta Cidade, Francisco Martins Bastos, o nosso “Marechal do Petróleo” criador do Grupo Ipiranga.
Portanto, em cenários de tanta inveja, falta de respeito e consideração, quero, com este artigo, simplesmente fazer um carinho, um afago a este ser humano maravilhoso, solidário e benemerente, outorgando-lhe simbolicamente, em nome da legião de admiradores que vem acumulando nesta sua prodigiosa existência, o título de “Marechal do Varejo”. Longa vida, felicidades, saúde e sucesso a Luiz Carlos da Silva Carvalho.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.