Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
Recentemente, fiquei espantado em saber que no Brasil, no ano de 2025, mais de 75% da população será constituída de idosos. O mundo mudou em inúmeros pontos e o processo de envelhecimento também. A Medicina, por sua vez, está incansavelmente encontrando saídas para as várias doenças que afligem o ser humano. A velhice de hoje não é igual há de anos atrás. Destarte, temos potenciais fantásticos com uma capacidade ímpar adquirida com os “cabelos brancos”. Imediatamente, pensei em como estes serão tratados na sociedade pelas crianças e adolescentes contemporâneos. Culturalmente estamos preparados para lidar com o prolongamento da fase? Exagero pensar em algo do tipo? Talvez não...
Quem sabe, esteja na hora absoluta de questionarmos o “peso” que os anciãos representam num universo que tem a tendência de descartar coisas e indivíduos facilmente. A realidade mostra uma valorização efêmera, crua, nua e implacável. Sem dúvida, o modo como os pais tratam seus próprios pais é introjetado em doses homeopáticas pelos filhos ou netos. Esse processo educativo ou modelo vai criando uma espécie de condicionamento da “invisibilidade” no que tange àqueles que foram importantíssimos nas nossas vidas. Sendo assim, a capacidade de se identificar com o semelhante, de sentir o que ele sente, de querer o que ele quer, etc., fica afetada substancialmente. Quais as consequências geradas a partir desta dinâmica? No mínimo, criamos um meio afetivamente congelado que, por sua vez, torna os “velhos” desprezíveis ou excluídos. E, quem não ama o seu igual, vive uma vida infecunda ou infértil. Por outro lado, logicamente, não podemos esquecer o óbvio que um dia envelheceremos. Ciranda triste e improdutiva.
Fazer o bem faz bem. Falar, cuidar, ouvir, principalmente, são verbos que beiram o desuso. Longe da “chatice” apregoada, quando conversamos com alguém de mais idade, estamos diante de arquivos vivos de infindáveis experiências. Paciência é outra qualidade que precisa urgentemente ser trabalhada nas relações pessoais. A pressa, o impulso, a impaciência, são marcas registradas de uma cultura que paga um preço muito alto por esse funcionamento nas suas diversas áreas. Aborrecimento e irritabilidade com o próximo são aspectos que, no fundo, vão corroendo a alma e que nos distanciam da dita “felicidade”.
Em função das considerações supracitadas, é imperativa a integração de pesquisadores, profissionais e parcelas da sociedade que possuem o idoso e o social como objeto de atenção, para que sejam desenvolvidos caminhos inusitados que contribuam para a melhoria de propostas de intervenção, prevenção e promoção dos idosos nas suas diferentes ramificações. Portanto, são imprescindíveis novos pensamentos e, por consequência, obtermos uma análise profunda do que nomeamos de “velhice”. Finalizando, segundo o provérbio judaico: “Para o ignorante, a velhice é o inverno, para o instruído é a estação da colheita”.
A vontade de não errar ou de vencer sempre são “desejos universais”. Por mais que queiramos, não adianta. Em inúmeras circunstâncias da vida, quando algo não dá certo ou deixa de corresponder às expectativas em função das nossas ações, temos a ilusão de que fracassamos. Vejam bem que eu disse, “ilusão”, pois a realidade frequentemente não é essa. Uns sofrem de tristeza, outros, por consequência, se deprimem e travam suas vidas alicerçados por pensamentos negativos no que se refere à própria pessoa.
Viver implica em saber lidar com os maus resultados obtidos nas várias fases ou momentos que passamos ao longo das caminhadas pertinentes. Lembro de um cirurgião exemplar que durante um procedimento cometeu um erro e que foi auxiliado por um colega na solução deste. Sem querer minimizar o equívoco que foi autêntico, o profissional passou a sofrer barbaramente, tendo pensamentos constantes e intensos de que era “desprezível”. Nesta sua concepção equivocada, deixou de reconhecer todos os benefícios ou êxitos que obteve na sua trajetória e que implicaram, evidentemente, em casos bem sucedidos. Tomar uma parte pelo todo não é um bom raciocínio quando emitimos julgamentos no que tange aos desempenhos ou performances pessoais. Penso no número significativo de pessoas que passam sofrendo tendo como pano de fundo a referida dinâmica, ou seja, diante da menor falha, o universo desaba.
Os “fracassos” constantemente redirecionam a existência. Se tivermos uma autoestima suficientemente boa e não deixarmos nos abater por eles, são fichas interessantíssimas para o arquivo pessoal. Devem ser analisados profundamente visando encontrarmos os prováveis motivos desencadeadores. A partir destas hipóteses ou até mesmo de uma compreensão, os verbos reformular ou lutar passam a ser respostas naturais que buscam saídas alternativas, objetivando uma nova integração com a realidade circundante.
Por outro lado, constantes são as preocupações quanto ao julgamento dos demais como se estes nunca tivessem cometido nenhum engano ou passado por algum revés. A idéia de que são perfeitos é altamente corrosiva para o EU. Sendo assim, muitas vezes, os potenciais ou ideias a serem colocadas em prática, simplesmente são obstaculizados por um modo inadequado de pensar. “Se eu cometer um pequeno deslize fracassarei e o mundo inteiro irá desabar contra mim. Sou um fracassado”. Crença inadequada e improdutiva. Neste sentido, a velha e curta frase “somos o que pensamos” tem um peso relevante.
Reconhecer limitações diante de problemas a serem resolvidos, saber avaliar o real interesse ou motivação para determinados caminhos é bastante diferente de nos sentirmos derrotados. Tudo tem um limite. Confusões, distorções, não são raras. As exigências demasiadas, num bom número de casos, geralmente não nos levam a resultados positivos, somente evocam uma desvalorização interna ou um talento imensurável para críticas e sofrimentos...
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.