Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
Há pouco tempo, recebi um texto de um paciente que considerei bastante profundo. Fiz uma síntese e tradução do mesmo: “Em 1969, na Stanford University, o professor Philip Zimbardo realizou uma pesquisa em psicologia social. Ele deixou dois carros idênticos abandonados, sendo que um numa rua de um bairro pobre de Nova York (Bronx) e outro numa zona calma na Califórnia. Especialistas em Psicologia Social estudaram o comportamento das pessoas em ambos os lugares.
Observou-se que em poucas horas o carro que estava no Bronx foi saqueado e que o outro permanecia intacto dentro uma semana. Após esse tempo, os pesquisadores resolveram quebrar um vidro do que se mantinha em perfeitas condições. Assim, o mesmo processo de roubo e destruição passou a ocorrer. Por quê? Uma janela quebrada em um carro abandonado transmite uma idéia de deterioração, abnegação, descuido que se está quebrando os códigos de convivência, tais como a ausência de lei, regulamentos, regras, e que tudo é inútil.
Em experimentos subsequentes (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a "teoria das janelas quebradas". Mesmo que de um ponto de vista criminológico, concluiram que o crime é maior em áreas onde a negligência, a sujeira, desordem e abuso são mais elevados.
Se você quebrar uma janela de vidro de um prédio e ninguém resolver o problema, em breve, serão quebradas todos as outras. Se uma comunidade mostra sinais de deterioração, e isso é algo que não parece importar, então não vai gerar crime. Se você fizer "os pequenos defeitos", como estacionar em local proibido, ultrapassar o limite de velocidade ou transgredir o semáforo e se essas pequenas falhas não são punidas, em seguida começam a desenvolver mais falhas e crimes, cada vez mais graves.
Se parques e outros espaços públicos são gradativamente danificados e ninguém toma medidas sobre estas questões, esses lugares serão abandonados pela maioria das pessoas (que deixam de sair de suas casas por medo de gangues) e ocupados por criminosos.
Basta ver um exemplo em casa. Se um pai deixa sua casa ter algumas falhas, incluindo a falta de pintura nas paredes em mau estado, os hábitos de limpeza, maus atitudes, palavrões, desrespeito entre os membros da família e etc., então, gradualmente, caem em uma negligência das relações familiares e começam a criar más relações com a sociedade em geral e, talvez um dia, possam ser presos.
Isso pode ser uma hipótese da decomposição da sociedade, a falta de adesão a valores universais, falta de respeito da sociedade entre si e com as autoridades (suborno) e vice-versa, a corrupção em todos os níveis, falta de educação e formação da cultura urbana, a falta de oportunidades criou um país com muitas janelas quebradas e ninguém parece disposto a consertá-las.”
Em outras palavras, como colocado acima, devemos, frequentemente, pensar a respeito do como podemos evitar ou consertar as “janelas quebradas” na nossa vida, família e, consequentemente, no mundo...
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Um dos pontos importantes da vida são as amizades que possuímos. Fazer amigos é relativamente fácil. O problema é mantê-los ao longo dos anos. Num companheirismo, evidentemente, projetamos vários aspectos bons. Esse passa a ser quase uma extensão do EU. Tudo vai bem até que, num dado instante, uma atitude ou comportamento totalmente inesperado ocorre e o interno, como consequência, balança significativamente. Continuar ou não com o vínculo é a dúvida cruel e constante.
Quando falamos em respostas atípicas, imediatamente pensamos em níveis de descontentamento que passamos a enfrentar. De brandos a extremamente dolorosos, geralmente sofremos de maneira intensa. Sendo assim, o relacionamento é questionado numa fração de segundos. Queremos ir ao encontro das causas visando termos uma explicação, pelo menos plausível, dos motivos para tal. Desta forma, rapidamente tecemos hipóteses acerca do ocorrido. O pensamento faz um enorme esforço no sentido de ter absoluta razão. Nem sempre conseguimos o alcance desejado.
Competitividade ou rivalidade por mais que não queiramos aceitar, num determinado grau, é absolutamente normal dentro das relações até mesmo de amizade. Frequentemente costumo dizer que, nem na nossa família, as coisas são perfeitas. Portanto, esperar que tenhamos sempre um equilíbrio é delicado ou utópico.
Respeito e consideração são palavras que requerem uma espécie de arte. Igualmente, posso dizer no que se refere à empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar do outro. O óbvio é que alguns conseguem ter uma habilidade maior ou fácil leitura para lidar com esses aspectos que, necessariamente, compõem o alicerce para as sintonias humanas. Certas vezes, somos surpreendidos pelo total desconhecimento da dor que nos abate. Destarte, unilateralmente, ficam sensações de que nada ocorreu.
Falar ou não? Eis a questão. As duas opções, sem dúvida, põem em cheque tudo aquilo que foi construído. Se não abrimos o nosso coração, sentimentos nada indicados podem corroer gradual e intensamente as profundezas da alma. A “mancha psíquica” impede uma continuidade verdadeira e o todo passa a funcionar sob um pano de fundo falso nos causando uma tristeza contínua. Falar, confrontar, implica na possibilidade de não sermos bem entendidos e corrermos o risco de quebrar o que já estava rachado. Porém, parto do princípio que, quando existe o interesse maior de trabalharmos as arestas, motivados por desejos autênticos e profundos, dificilmente ocorrem más interpretações. Contrariamente à nossa fantasia, o elo é reforçado.
De um ângulo diferente, há arranjos que, embora queiramos a continuidade, não adianta. O ponto máximo da decepção foi atingido e o estrago não pode ser reparado de modo algum. Prosseguir é o neurótico e contra indicado. Chegamos à conclusão, apesar da dor ou luto, que romper é algo imperativo...
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.