Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
Gostaria, inicialmente, de citar José Saramago: “Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isso mesmo!
Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo!"
Certamente essa brilhante visão vai ao encontro do que tenho colocado, inversamente, possuindo quase a mesma essência, para os adolescentes que convivo. Pais são efêmeros. Num curto espaço de tempo, deixamos de possuí-los. Lembro perfeitamente, como se fosse hoje, dos meus pensamentos nesse sentido quando era jovem. A partir desta constatação, com a aceitação “incontestável” da finitude destes e de todos nós, certamente atingi outro grau na minha almejada maturidade. Mudei, ao longo da fase, em grande parte, os meus defeitos. Saí da pertinente onipotência olhando meus pais e o próximo com outra visão. Desta forma, a identidade construída durantes vários anos foi deixada de lado em função de uma mais adequada ou indicada. Talvez, exatamente aí, tenha dado o valor devido aos acertos que os meus progenitores tiveram e tenha minimizado ao máximo os seus erros cometidos. Quem sabe, fiz uma projeção da dor da perda confrontada com o encontro do que me restaria no futuro: somente o meu próprio EU. “Grande espanto” enriquecedor. Essa nova construção dentro de mim significava, em outras palavras, o desejo de uma sintonia veraz com todos os que me rodeavam ou o mundo. Sendo assim, quando crescemos internamente, por extensão, os aspectos externos são alavancados.
Ter pais “emprestados” é complicado, porém, é real. Saber também que, como filhos, somos uma “cessão temporária com data marcada”, não é nada agradável. Frequentemente, vemos lares ou relações cegas dessas percepções. “Cada um na sua” parece ser a equivocada e constante receita. Questiono até que ponto a realidade circundante não nos tirou a coragem dos diálogos e atitudes afetivas que poderiam combater esse “distanciamento silencioso contemporâneo amplificado”... Fico pensando qual o motivo para que o ser humano valorize algo somente quando perde. Condicionamento? Por que deixar que os corrosivos sentimentos de culpa possam ser produzidos por coisas que não fazemos com os nossos pais?
Para suportarmos as dores das perdas, concretas ou não e continuarmos a nossa longa caminhada na vida, em todos os sentidos, temos de ter a consciência de que realizamos o máximo. O máximo possível pelo outro. Quem sabe isso não seja um corajoso antídoto para aceitarmos que os vínculos, no fundo, não nos pertencem ou que nem os pais, nem os filhos são os seus “donos”...
PSICÓLOGO/FONES: 32324677 OU 91629292/E-mail: ricardof.carvalho@uol.com.br
Quando os filhos são pequenos, a necessidade de companhia ou brincadeiras é uma constante. A verdade é que nem sempre estamos dispostos em virtude dos afazeres diários. A curta frase, em alguns momentos, é dita: - “Sai pra lá...”. O tempo passa e, gradativamente, o que parecia tranquilo, controlado, sofre um abalo. Num curto espaço, em virtude do crescimento ou distanciamento dos filhos, dizemos: - “Vem pra cá...”.
Camas, almas ou o ninho vazio têm o poder de entristecer quem, até então, não tinha entrado em contato com o “produtivo sofrimento”. Parece que o verbo crescer, tão importante em relação aos filhos, é também sinônimo de dor. Objetivos, metas traçadas e, num belo ou triste dia, ocorre a separação. Curso numa outra cidade, estado ou país, namorado (a) ou casamento, trabalho, intercâmbio, entre outros, fazem com que a sensação de impotência diante da adversidade seja inalterável. Desta forma, as fantasias dos pais de serem desprezíveis, sem valor, são terríveis. Esquecem geralmente que os dados de realidade ou o tempo dos filhos, no “auge da vida”, são substancialmente diferentes. Querendo, gostando ou não, às vezes, nem uma ligação é possível. O telefone, computador e os seus e-mails, são ferramentas modernas úteis que aproximam virtualmente, porém, não tem cheiro, pele, abraço, beijo... Desagradável e óbvia constatação de que a tecnologia ainda não está tão perfeita como gostaríamos. Pobres pais, pobres filhos.
Preocupados com o calendário e o relógio, os progenitores passam a controlar os segundos em função de um possível feriadão, para se “alimentarem dos filhos”. Estes, por sua vez, com a mesma carência afetiva, se encontram no limite da saudade. Os instrumentos citados com os seus meses, dias e ponteiros malvados são implacáveis. Rapidamente, aquilo que era motivo de alegria para ambas as partes, vira uma nova nascente de dor e lágrimas. Carro, ônibus, avião, levam a alegria novamente e deixam lacunas, somente lacunas. O bônus do tempo que propiciou a união teve um ônus. Triste ciclo estabelecido.
Solução perfeita não existe, essa é a vida. Porém, felizes são os pais que observam um resultado natural e esperado ao longo de um desenvolvimento. Hora de o casal reformular pensamentos e comportamentos. Ficar fixado unicamente no abismo da distância de nada adianta no combate à solidão. Os vários papéis centrados exclusivamente nas vidas dos filhos precisam ser substituídos, construindo assim, novas fontes de felicidade. A angústia pela proximidade da velhice, associada à ruptura no que tange aos filhos, deve ser alterada por pontos comuns derivados do incremento dos diálogos entre o casal, que impliquem em viver ao máximo a vida no aqui e no agora. Viagens, passeios, grupos, academia, artesanato etc., são favorecedores de caminhos diferenciados extremamente positivos nesse sentido. Percepções que mais pessoas estão no mesmo barco ajudam muito, sendo altamente terapêuticas. Em suma, um REFAZER a dois é algo imperativo...
PSICÓLOGO/FONES: 32324677 OU 91629292/E-mail: ricardof.carvalho@uol.com.br
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.