Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
No transcorrer da vida, vamos fazendo um balanço do todo. As observações e comparações são inevitáveis. Lembro de uma pessoa de origem humilde que começou a cursar Medicina depois de duas tentativas fracassadas no vestibular. Ainda possuo gravadas na minha mente as palavras que pronunciou quando soube da aprovação: -“Quando eu quero uma coisa, tenho medo de mim...”. A cena em que pulava de alegria, o brilho dos seus olhos e o sorriso serão inesquecíveis. A irmã, desejando o mesmo, literalmente, desmaiava durante o processo seletivo. Esta, após várias investidas, concluiu outro curso da área.
O que leva alguém procurar caminhos fáceis? O que provoca as desistências? Simplificar é realmente melhor?
Noto que uma boa parcela da juventude vem optando por quase tudo aquilo que “não dá trabalho”. Atalhos ou verdadeiras aberrações ocorrem constantemente. Questiono se a desesperança desencadeada pela crise mundial, a falta de oportunidades, cada vez mais acentuada, não estão determinando soluções falsas. Penso também na hipótese de que talvez os próprios pais inseridos, evidentemente, neste contexto, possam estar servindo como modelos. Descrentes, passam para os filhos de forma silenciosa que lutar muito não vale a pena. “Puxar as orelhas dos filhos”, para que busquem caminhos dignos e verdadeiros, implica na possibilidade de um estresse extra, assim... Porém, depois, é uma filosofia incompatível com as realizações pessoais.
No que se refere à educação, temos hoje um referencial caótico de escolas sucateadas, professores mal remunerados, a falta de incentivo à pesquisa, etc. O que deveria educar no sentido de nutrir condições, visando a que, no futuro, os adolescentes pudessem ter força para vencer os obstáculos da vida está, indubitavelmente, na “UTI”. Sem uma base suficientemente sólida, o jovem cambaleia. Sente a falta de um horizonte promissor onde possa se sentir seguro desistindo muitas vezes por antecipação.
Gostaria de salientar a tristeza adormecida e pulsante, o sentimento de fracasso que ocorre quando alguém toma consciência de que não lutou ao máximo. Os arranjos feitos de maneira fragmentada acabam atacando a auto-estima e provocando insegurança. Cedo ou tarde, os resultados negativos obtidos aparecem. A tendência de passar a ter um funcionamento padrão, ou seja, de responder de maneira similar funciona como um dominador. Ademais, tentar objetivos ou projetos que realmente não estão ao nosso alcance, de nada adianta. Saber avaliar, planejar corretamente, é imprescindível. Colocações de que o céu é o limite ou que “tudo é possível” é relativo.
Enfrentar e vencer resistências difíceis gera prazer, é indescritível. A cada uma superada nos reforçamos internamente para as próximas.
Segundo a profunda e conhecida colocação: “Pior do que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado”. Pense nisso...
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A liberdade é uma das conquistas básicas durante o processo da adolescência. Cada vez mais, vimos os jovens de hoje lutando precocemente por um desprendimento do vínculo familiar. Seria redundante falar a respeito da insegurança no mundo contemporâneo ou na violência que nos assombra. As saídas dos adolescentes são uma verdadeira incógnita para todos.
Observo, na clínica, um número expressivo de pais que ficam extremamente angustiados com o divertimento dos filhos, permanecendo acordados até a chegada desses. Vejo como algo quase inviável uma tranqüilidade plena no que se refere às ausências. Além dos dados da realidade, muitas vezes existem problemas significativos por parte dos pais ou de um deles. Lembro de um caso em que a mãe sendo viúva manteve uma relação extremamente próxima no período compreendido entre a infância até o início da adolescência do filho. O vínculo estabelecido era do tipo: “meu filho meu mundo”. Com a chegada da fase, verdadeiros malabarismos foram feitos no sentido de evitar que se distanciasse de casa. Essa apresentava crises de depressão, caminhadas eternas durante a noite, como também exercia o controle estratégico do dinheiro fazendo com que o “inferno” fosse instaurado. As queixas manifestas, em princípio, eram em relação às amizades, desconfianças quanto ao uso de drogas, preocupações no que diz respeito às doenças sexualmente transmissíveis, homossexualidade, entre outras. Era difícil estabelecerem um acordo ou horário em função da solidão sentida pela mãe e a conseqüente perda do filho para o mundo, na sua fantasia ou realidade. Assim, sofrimentos mútuos e desnecessários se tornaram presentes.
Coloco sempre que queremos um poder sobre os acontecimentos e quando a falta de controle é inevitável, torna-se muitíssimo desconfortável. A função dos pais é de alertar quanto as várias possibilidades que possam ocorrer, mas que no fundo, a vida e o mundo são mais fortes e determinantes em alguns aspectos.
Aos pais, cabe a tarefa nada fácil de encontrar um caminho do meio ou de irem gradativamente lidando com o permitir e o proibir. Assim, a “insegurança segura” se instaura e os aspectos negativos evidentes, como foram colocados, não pesam consideravelmente, na busca e conquista da independência. De nada adianta termos filhos presos dentro de casa, criados como “ovelhinhas” despreparadas para se envolverem com um mundo voraz.
Filhos eternamente no lar, “não correndo riscos”, produzem sintomas indesejáveis que, cedo ou tarde, acabam emitindo uma resposta de tristeza, insegurança, agressividade, entre outros. A velha frase que os filhos são criados para o mundo é inquestionável, ao mesmo tempo em que assinala a nossa impotência...
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Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.