Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
A vida, assim como tem os seus aspectos que envolvem felicidade, possui facetas sombrias e tristes. As sequelas, a dor, o trauma de pessoas que perderam familiares em acidentes de trânsito são indescritíveis.
Lembro de um acidente que me sensibilizou bastante. Um pai, que trabalhava em turnos, programou uma viagem com seu casal de filhos. Não tendo dormido o suficiente na noite anterior, mesmo assim, pela manhã, começou o percurso. Era um dia chuvoso e escuro. Em certo trecho da estrada adormeceu no volante, caiu num barranco e foi de encontro a uma pedra. Os três sofreram ferimentos graves, sendo que o filho foi o mais atingido. Conseguindo uma carona, rumaram para o hospital. O garoto chegou sem vida. A filha sobreviveu após várias intervenções cirúrgicas. Durante o tratamento, ficava horrorizado ao ver as cicatrizes generalizadas pelo corpo da garotinha, quando ela fazia questão de mostrá-las. Ao mesmo tempo, sabia que profundas eram as psíquicas. Os sentimentos de culpa desse pai e da irmã por terem sobrevivido era algo chocante. O pai, nas noites de céu limpo, conversava com uma estrela que, segundo ele, era o filho transformado. Embora eu falasse, ouvisse, apoiasse, rechaçava as minhas colocações, dizendo que eu não traria o filho de volta.
A cada encontro com jovens ansiosos por uma habilitação procuro, com todas as forças, fazer que pensem na enorme responsabilidade que possuirão ao dirigir. Tento descondicionar o pensamento leigo de que os acidentes são frutos do acaso, das coincidências infelizes. Muito pelo contrário! Temos a convicção de que esses são determinados ou que existem causas desencadeadoras. Uma delas é que pessoas envolvidas estão tensas, ou seja, algum problema significativo está ocorrendo nas suas vidas. Um segundo e polêmico ponto, levantado por psicólogos na Argentina, é que há uma comunicação inconsciente entre os motoristas envolvidos em acidentes, como se houvesse cargas negativas se atraindo. Essa comunicação inconsciente é um resquício da maneira com que o ser humano se comunicava no início da evolução da espécie. Para entendermos melhor, podemos pensar no tipo de comunicação positiva que uma mãe desenvolve com o bebê de poucos dias “adivinhando” o que ele quer. Ademais, a alta velocidade reflete uma necessidade de poder ou status, tão comum no processo adolescente. Outra explicação é o desejo inconsciente, desconhecido de suicídio, aparecendo de forma disfarçada. Devemos pensar também no estresse de todos nós gerando comportamentos agressivos, transgressões e a sua influência determinante nos acidentes. A média, em condições normais, para que ocorram é de um a cada dez anos.
Não sabemos com certeza se quem morre “fica melhor”. São inúmeras as religiões ou credos que tentam dar explicações e propiciar conforto. A única constatação é que as pessoas que sobrevivem aos acidentes, os familiares envolvidos, inevitavelmente, sofrem muito. Na verdade, o coração destroçado, não é somente de quem parte...
PSICÓLOGO/ESPECIALISTA EM PSICOLOGIA CLÍNICA/FONES: 32324677 ou 91629292/E-mail: ricardof.carvalho@uol.com.br
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.