Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
Na experiência clínica, diante de tantos sofrimentos comuns, sem dúvida, temos com frequência significativas queixas relacionadas a falta de amor próprio. Pessoas que, simplesmente, não conseguem um olhar diferenciado em relação a sua própria imagem e o que representam na realidade. Vivem submetidas aos julgamentos alheios e, ao menor sinal de crítica, sofrem de forma absurda. Precisam de avais constantes para se sentirem “confortáveis”. Vivem em função dos crivos sociais. Destarte, são infelizes.
Os poetas, sem sombra de dúvida, com pouquíssimas palavras, conseguem sintetizar a essência da alma de um modo maravilhoso. Mário Quintana, diz: “Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz, você precisa aprender a gostar de você, a cuidar de você e principalmente, gostar de quem também gosta de você”. Existem momentos da nossa existência em que somos extremamente críticos. Qualquer vírgula mal-empregada é sinônimo de desestabilização interna e externa. Criticidade que é implacável em relação a nós mesmos e aos outros. Cuidamos muito de tudo aquilo que nos dá uma ilusória sensação de aprovação e segurança e esquecemos de zelar o “EU”. Nossos desejos mais profundos são desrespeitados em prol de condicionamentos. Esses, não raro, são totalmente incompatíveis com o que pensamos e sentimos. Não obstan te, deixamos de observar conduções mais indicadas ou adequadas. Nossos prazeres, buscas, sentidos, ficam substancialmente afetados. Nessa dinâmica nada interessante, ficamos atrelados a pessoas que não possuem a mínima sintonia com a nossa. Queremos, insistentemente, aglutinar o impossível. Projetamos, idealizamos e, obviamente, arrumamos fontes de frustrações permanentes. Adoecemos em função de neuroses totalmente improdutivas e produtoras de amarras psíquicas. Gradativamente, em condições normais, desenvolvemos uma consciência e aceitação maior relacionada às nossas imperfeições e às alheias. Já não damos tanta importância para aspectos que podem gerar extremo desconforto. Portanto, flexibilizamos muito mais. Esse aprendizado é fruto de valorizações de facetas que realmente importam. O trivial, as “bobagens”, consequentemente, perdem força. Quintana, certamente, também fez uma referência aos amores. Não poderia esquecer da sua fonte inspiradora e as suas vicissitudes. Aq ueles amores doentios, que não libertam de maneira alguma. Fontes de ausência de reciprocidade e empatia. A precariedade ou a inexistência de um “eu me amo” leva, inquestionavelmente, a formação de vínculos mais perturbados ou conflituosos. Não há como existir leveza sem essa premissa básica ou determinante. Padecimentos, ansiedades e angústias são alguns sintomas apresentados quando, em primeiro lugar, deixamos de valorizar o que somos e partimos para vínculos. O nosso eixo tem de ser respeitado. Ao contrário, a possibilidade de dar certo é infinitamente pequena.
Em suma, o “eu me amo” é imperativo. Faz bem. É um exercício diário.
Numa análise generalizada, talvez possamos dizer que a vida é feita de escolhas. Evidentemente, nem todos, possuem condições para tal. Muitas vezes, arranjos, das mais variadas formas, conduzem pessoas para caminhos que, simplesmente, não gostariam de percorrer ou optar. Mesmo assim, alguns, diante de inúmeras precariedades ou limitações, não deixam de dar vazão aos desejos e os respectivos sentimentos que emanam da alma. Dão alguns “toques pessoais” no implacável destino. Questionável destino em função do quanto o ser humano é capaz de traçar rumos ou metas para a sua existência, ser agente de si mesmo.
O filósofo Osho, sintetiza e questiona, com profundas e belíssimas palavras, uma tendência comum do mundo contemporâneo: “Sempre que houver alternativas tenha cuidado. Não opte pelo conveniente, pelo confortável, pelo respeitável, pelo socialmente aceitável, pelo honroso. Opte pelo que faz seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências”. Destarte, nos faz pensar acerca das inúmeras zonas de conforto que são extremamente sedutoras e que nos lançamos, cegamente, sem avaliarmos os preços internos e externos ao longo da extensa jornada que temos que percorrer. Forma de pensar que visa conscientizar e reverter muitos desinteresses e apatias do mundo contemporâneo. Busca da verdade.
Inúmeros vivem, constantemente, preocupados com as avaliações ou julgamentos sociais. Cada passo dado, vírgula, tem como pano de fundo o outro. Quaisquer críticas recebidas ou desaprovação faz com que o “castelo desmorone”. Indivíduos que, mesmo livres, estão aprisionados a grades invisíveis; são submetidos. Os clichês e as valorizações sociais possuem um enorme peso. Não se distanciam um “milímetro sequer” dos condicionamentos culturais. Portanto, a infelicidade sentida é algo indescritível.
Qualquer escolha gera consequências. Lutar bravamente em função daquilo que realmente desejamos requer uma coragem ímpar. Quando não combatemos com todas as nossas forças, nutrimos sensações de impotência que desencadeiam uma baixa autoestima. Ao contrário do que muitos imaginam, as frustrações ou derrotas pertinentes, criam antídotos naturais e eficazes para novos enfrentamentos. Não obstante, todas as dores sentidas, paradoxalmente, fortalecem. Não existe vida que não implique insucessos ou reveses.
Cada vez mais, conforme Osho, nos damos conta de que precisamos de um coração que vibre muito nas várias áreas que nos deparamos no dia a dia. O amor e o trabalho, principalmente, necessitam dessa “carga emocional extra”. O contrário, acarreta, do nascimento à morte, a ausência de alegria ou motivação. No fundo, o “morno”, mais ou menos, entre outros, não são nem um pouco aconselháveis. E, sem sombra de dúvida, são produtores de doenças do espirito e do corpo. Para evitarmos sofrimentos demasiados e frequentes, as referidas escolhas devem sintonizar do modo mais coerente com o nosso “EU”.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.