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Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.


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PACIÊNCIA DE PESCADOR

segunda-feira, 10 de Abril de 2017 | 16:00

 A pesca artesanal é algo que dá trabalho. O que, aparentemente parece fácil, requer um envolvimento significativo. Preparar o material, obter a isca, comprar suprimentos, entre outros, são alguns passos para os momentos de lazer. O cérebro, automaticamente, almeja uma boa pescaria diante das excelentes condições climáticas apresentadas. Porém, após a linha ser lançada, em doses homeopáticas, ocorre a constatação de que o “mar não está para peixe”. Horas e horas esperando, tentando e nada... Valeu a pena o “sacrifício”? Muito! Quando um pai leva um filho para pescar sabe, evidentemente, como as coisas funcionam. O resultado contraindicado, no fundo, é maravilhoso. A paciência e a frustração, de modo natural, e stão sendo treinadas. O desejo não realizado imediatamente, cede espaço para algo que terá uma aplicabilidade infinitamente maior ao longo da vida. Desistir? Nem pensar! Num outro belo dia, todos os procedimentos serão feitos novamente. O peixe, coitado, é secundário.

 A geração atual, em grande parte, não exercita tolerância a frustração, como também, a paciência. O ritmo alucinado da realidade, a competitividade cruel, implacável, cria pais sobrecarregados e imediatistas. Tudo deve ser para “ontem”. Por sua vez, os descendentes, vão incorporando essa dinâmica que fornece pouco espaço temporal para o aprendizado útil supracitado. A velocidade com que o todo deve ocorrer é simplesmente absurda. Por outro lado, a margem para os erros, relacionada aos aspectos que não correspondem as expectativas e os decorrentes inconformismos, está cada vez menor. Tem que dar certo sempre. É criada a lei do “tudo ou nada”. A precariedade de uma aceitação interna diante dos fracassos desencadeia o colapso. Destarte, esse molde introjetado, seguirá o mesmo padrão ao longo do desenvolvimento. Portanto, várias facetas da existência ficam afetadas. A pressão interna é tanta que análises de consequências futuras são praticamente inexistentes. O agir é preponderante. Pensar, refletir, ocorre bem depois. Quando ocorre.

 Em condições normais, metas mais ambiciosas, requerem um tempo maior de planejamentos e execuções. E, dificilmente, conseguimos algo sem percalços ou redirecionamentos no caminho. Ninguém, absolutamente ninguém, está isento dos revezes naturais apresentados. Sendo assim, o grande diferencial é a forma como lidamos com todas as barreiras que são apresentadas. Suportar as indesejáveis dores provenientes das frustrações, sem dúvida, fortalece o psiquismo. Ao contrário, quando temos pressa na solução dos nossos problemas ou desistimos de enfrentá-los, inevitavelmente, enfraquecemos o conceito que temos acerca do nosso eu. A autoestima e a alma adoecem drasticamente. Em suma, no mundo contemporâneo, é imprescindível refletirmos acerca da capacidade de persistirmos em atividades difíceis, tolerarmos incômodos e dificuldades. Não obstante, entenderemos melhor a expressão “paciência de pescador”.


Escrito por Ricardo Carvalho

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MUDAR O OUTRO?

terça-feira, 04 de Abril de 2017 | 09:00

 Inúmeros indivíduos, sem sombra de dúvida, desejam modificar os outros de acordo com aquilo que pensam ou sentem. Esforços, tentativas, das mais variadas ordens, ocorrem com esse objetivo. Destarte, ao longo do tempo, depositam sonhos e expectativas quanto a “alterações positivas”. Porém, na imensa maioria das vezes, esses são fontes inevitáveis de frustrações e sofrimentos. Simplesmente, se dão conta da impossibilidade do almejado.Lembro de um colega que atendia um paciente cujos problemas emocionais, visivelmente, estavam ligados a precária ou conturbada relação que desenvolvia com a sua esposa. Cada vez que o terapeuta começava a falar a respeito dessa e da dinâmica estabelecida, ouvia a mesma colocação. Poderia falar tudo a quilo que desejasse, menos sobre ela. Paradoxo claro e notório até mesmo no ambiente terapêutico. Estava ali para transformar a qualidade da sua vida, até certo ponto.

 Alterar qualquer “virgula” em nós mesmos é dificílimo. Existem determinados condicionamentos, padrões, pensamentos, entre outros, que estão profundamente enraizados. Formam, no todo, nossa “estrutura molecular psíquica”. É a personalidade que possuímos construída ao longo do tempo. Aspectos conscientes e inconscientes, que compõem uma enorme colcha de retalhos única. E, inquestionavelmente, o inconsciente é poderosíssimo. No fundo, somos movidos por ele. Força imensurável. Lutarmos contra facetas internas indesejáveis requer uma motivação extremamente forte e, não raro, ajuda profissional. Quaisquer redirecionamentos, implicam no “verbo querer”. Portanto, o raciocínio é lógico: se, para co nseguirmos alcances diferenciados em relação ao nosso eu, é um processo delicado, o que podemos esperar acerca dos que estão próximos?

Laing, coloca que o “amor é a forma mais sublime de dominação”. Normalmente, em prol desse dito amor, desejamos para vários, tudo aquilo que consideramos indicado e benéfico. Depende. A relatividade nesse sentido é enorme. Nossas projeções, anseios, pontos de referência, visões, precisam passar pelo crivo do outro e haver uma verdadeira sintonia e aceitação. Caso contrário, desenvolveremos atitudes que implicam, pura e simplesmente, em poder acobertado. Tentativas de domínio. Não obstante, a questão da liberdade, tão importante nas relações humanas, fica significativamente afetada. Aceitarmos as pessoas do jeito que são é algo imperativo. Passo inicial para que os vínculos possuam uma base sólida e duradour a. Confrontações, interpretações, auxílios generalizados, implicam num leque de opções para o semelhante. Oferecer ou mostrar novos caminhos é muito diferente de impor. Alterações estruturais, emanam da alma de quem padece. Em suma, ao invés de vivermos obsessivamente tentando modificar vidas, devemos gastar essa energia em prol de mudanças pessoais e internas. Por extensão, os que estão ao nosso redor, serão atingidos positivamente, gerando encontros profundos e autênticos.


Escrito por Ricardo Carvalho

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Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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