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Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.


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A UTILIDADE DA SAUDADE

terça-feira, 07 de Abril de 2015 | 12:45

O tempo, grande senhor, em doses homeopáticas, nos proporcia constantemente novas experiências. Por um lado, precisamos que alavanque o crescimento esperado dos nossos filhos, por outro, gostaríamos que magicamente retrocedesse quando desejássemos. Seria interessante, por exemplo, revivermos com detalhes as etapas iniciais vividas com cheiros e cores. Os primeiros sorrisos, palavras, carinhos, passos... Porém, entre a fantasia e o real, só nos resta conviver com a saudade e as respectivas lembranças das fases maravilhosas pelas quais passamos.

Um dos objetivos importantíssimos que queremos é que consigam a independência. Desejamos intensamente que, num determinado dia, comprovem a sua capacidade para si e o mundo. O corte do cordão umbilical psicológico, embora com desgosto para ambas as partes, é algo imperativo, necessita acontecer. Se desligar não é, evidentemente, um processo fácil. Nada fácil. Aliás, questionamos se existe um desprendimento “total”. Destarte, novos lares precisam ser montados, como também, contribuições sociais que favoreçam os demais. É o ciclo com arranjos diferenciados.

Num belo dia, o todo necessário é concretizado. Resultado: um quarto vazio. O filho é substituído por inúmeros porta-retratos, telefone, internet e diversas parafernálias eletrônicas. Temos uma voz, imagem, mas falta o citado cheiro, peles se tocando e se abraçando, o olho no olho, sorrisos ao vivo... E, gradativamente, aquelas briguinhas, queixas ou insatisfações pertinentes a uma rebeldia, vão sendo confrontadas com o mundo. Esse é o encarregado de mostrar praticamente outras facetas piores que, em diversos momentos, foram comentadas, mas que, até então, não tinham sido sentidas na prática muitas vezes angustiante. As dificuldades desencadeadas pela distância e inexperiência, começam a valorizar os bons ensinamentos plantados com o máximo carinho. O que antes parecia até “chato” passa a ter relevância. No fundo, as cobranças ou colocações são fichas importantíssimas para que, quando situações similares ocorram, exista uma facilitação na emissão de respostas.

Talvez a contradição maior da separação e a decorrente saudade seja a proximidade. A sintonia obtida a partir daí é precisa. O afastamento, indubitavelmente, reformula conceitos. Cria um repensar imediato e produtivo. Arestas são trabalhadas em vários sentidos. Não obstante, o valor atribuído ao próximo é amplificado. Portanto, de modo contraditório, longe significa perto, favorece o elo.

O cérebro, mestre em armadilhas, num dado instante, simplesmente pensa em simplificar, cortar todos os desprazeres possíveis e imagináveis. Retomar funcionamentos antigos parece ser a redenção. Engano, puro engano. A existência tem que seguir os seus passos ou a sua lógica, embora implique num certo grau de desconforto.

Em suma, saudade é uma espécie de dor que, sem sombra de dúvida, é útil.


Escrito por Dr. Ricardo Carvalho

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DEUSES COMPLICADOS

quarta-feira, 01 de Abril de 2015 | 09:25

A sociedade em que estamos inseridos é extremamente competitiva. Desde pequenos, alguns filhos são pressionados de inúmeras maneiras para que, simplesmente, sejam “fantásticos”. Portanto, a ideia do dever de serem os melhores em tudo, em doses homeopáticas, vai sendo implantada.

Difícil apontarmos exatamente o limite entre o ponto máximo de incentivo no sentido de progredirem, obterem conquistas e o sofrimento. Dependendo da forma que os pais lidam, consequências são corrosivas para a personalidade em formação. Frequentemente, os descendentes funcionam como telas em branco que recebem as projeções dos progenitores. Os ideais não conquistados encontram nestes uma possibilidade de concretização. Pais rígidos, perfeccionistas, ambiciosos negativamente, exigentes, tendem a gerar indivíduos com padrão idêntico de funcionamento. Aspectos praticamente impossíveis de serem alcançados são rechaçados veementemente. Todas as metas devem ser atingidas mesmo que os preços internos e externos sejam altíssimos. Demonstrações contrá rias são interpretadas como sinal de fraqueza. A crença implantada do “eu posso tudo”, ao longo da vida, é complicadíssima.

Indivíduos com a dinâmica supracitada têm dificuldades extremadas no que tange às frustrações. Qualquer detalhe que não corresponda às expectativas é um instrumento poderoso que se transforma numa pessoa arrasada. Nos vínculos, por exemplo, desencadeia conflitos significativos. Um mínimo erro por parte de alguém que está próximo é motivo para arestas e brigas intermináveis. No trabalho e no amor, apesar da inteligência média ou superior, é corroído pela falta de controle das suas emoções. Embora tendo consciência que seu comportamento é incisivo e destrutivo, não consegue modificar. Os padrões aprendidos e o inconsciente são mais fortes.

A condição privilegiada, a obstinação, capacidade profissional, num primeiro momento, encantam. Não raro, conseguem cargos ou posições de liderança que se salientam dos demais. Porém, gradativamente, as máscaras vão caindo. O referido encanto vai se transformando em indignação, raiva e outros sentimentos aversivos. A impossibilidade de aglutinar, congregar, normalmente, coloca em xeque o todo favorável.

Filhos, costumo dizer, precisam passar por um “laboratório social” desde a tenra infância. A convivência constante, aceitação das imperfeições, revezes, diversidades apresentadas, entre outros, servem como um norte ou balizador para qualquer caminho a ser seguido. “Máquinas deuses”, aparentemente perfeitos deixam a desejar, salvo, arrisco dizer, raríssimas exceções. A onipotência associada à vaidade, fonte geradora de um todo-poderoso, no fundo, não é bem aceita e administrada nos grupos. Pais devem pensar que o “sucesso”, tão desejado nos dias de hoje, básica ou invariavelmente, implica capacidade do desenvolvimento de bons laços.


Escrito por Dr. Ricardo Carvalho

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Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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