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Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.


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DESVIOS

terça-feira, 29 de Julho de 2014 | 09:50

Existem certos dias em que não estamos nada bem. É absolutamente normal. Costumo dizer na clínica que ninguém é feliz o tempo inteiro. Apesar da contrariedade sentida, embora queiramos, frequentemente, não conseguimos identificar os fatores desencadeantes do estado desconfortável. Foge do alcance da compreensão. Ademais, o que pode determinar tristeza para alguns, não necessariamente influencia outros. É a condição humana, complexa na sua essência.

A tão comentada e desejada felicidade é altamente relativa. Inúmeros vivem imaginando “tesouros” psíquicos sem nunca encontrá-los. Ambiciosos, com lacunas existenciais constantes, não sabem dimensionar de modo adequado o que possuem interna e externamente. Tudo parece sempre estar longe de um alcance viável. Constantemente se queixam de “problemas” quando, na verdade, são, na grande maioria das vezes, mais imaginários do que reais. Destarte, sofrem barbaramente em função disso.

Viver psiquicamente de uma maneira indicada, sem dúvida, implica arte. Superar as previsíveis ou imprevisíveis alternâncias sentidas requer muita criatividade. Não podemos ficar a mercê de saídas “fantásticas” para lidarmos ou superarmos frustrações, dores da alma, etc. A busca de um autoconhecimento é o passaporte mínimo e necessário neste sentido. Nele visualizamos importantíssimas “gavetas de prazeres” que foram fechadas e que se encontram emperradas ao longo da existência. Não obstante, vamos perdendo a capacidade de desfrutá-los paulatinamente. Desta forma, o brilho das circunstâncias que estão diante de nós é afetado drasticamente. Quase a totalidade do que vivenciamos passa a ser chata ou inadequada.

É praticamente impossível vivermos saudavelmente, como costumo chamar, sem “desvios”. Esses são situações, momentos agradáveis, “pequenas bobagens”, metas corriqueiras, hobbies, pertencentes a um rol significativo e possível, que nos tiram ou afastam de pensamentos atormentadores e funcionamentos neuróticos. São aquelas coisas que, aparentemente, não têm nada a ver para muitos e que são incongruentes num primeiro olhar. Porém, são geradoras de satisfação emocional, nos distraem e divertem intensamente. No fundo, são contraposições às mazelas inerentes à vida de todos nós. Talvez, em outras palavras, sejam inclinações que nos despertam uma doce e imensurável paixão. É inquestionável ou extremamente complicado não sermos apaixona dos por algo visando um deleite sem fim. Enquanto o cérebro está envolvido com a “superação dos limites da razão” está embriagado de contentamento ou bem-estar.

Como colocado acima, as distrações, fontes inesgotáveis de prazer, são o ar que respiramos emocionalmente. Tesouros simples, acessíveis que devemos buscar incessante e incansavelmente. “Norte” que devemos associar a aspectos diferenciados acarretando sensações de leveza e que incrementam a vontade de viver.


Escrito por Dr. Ricardo Carvalho

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DECISÕES DIFÍCEIS

terça-feira, 22 de Julho de 2014 | 11:41

Num final de semana, estava sentado no pátio de casa apreciando o belo dia de sol e tomando um chimarrão. “Filosofando” é a palavra adequada. Como de costume, não demorou muito e a minha cadela veio me fazer companhia. Rapidamente, apesar de querer negar, olhei o seu tumor desenvolvido em uma das mamas. Onze anos, até aqui, de belo convívio e amizade. Ainda lembro o momento em que fui buscá-la num sítio. No meio de todos os pequenos labradores, o pelo baio foi determinante na escolha. A felicidade irradiada e sentida com o filhote foi enorme.

Por volta de um ano atrás, uma pequena protuberância atestou o que já imaginávamos. Os diversos exames solicitados pelo veterinário foram feitos e um telefonema trouxe a pior notícia. Um câncer, dos mais agressivos, foi diagnosticado. O tratamento indicado não gerou nenhum tipo de surpresas. Uma cirurgia deveria ser feita com os riscos inerentes, após, quimioterapia, etc. O mundo ficou cinza, pelo menos, temporariamente. Garantias? Nem poderia... A única certeza seria a de infinitos procedimentos ou sofrimentos mesmo com a sua idade avançada. Destarte, quando passamos por um problema, temos a natural tendência de compartilharmos com conhecidos. Nas conversas com pessoas que enfrentaram casos similares, um número significativo delas disse que o tempo d e vida pós-cirurgia foi pequeno. O óbvio também, no auge do conflito, é consultarmos outros especialistas. Para a nossa surpresa, numa segunda opinião, foi colocado que aguardássemos e déssemos bastante carinho neste recorte de vida que restava para ela. Associado a isso, alguns remédios para fortalecê-la ou talvez “placebos”. O verbo, portanto, era esperar. Obedecendo ao ritmo natural, no instante em que entendêssemos que a dor intensa fosse maior do que todas as lógicas possíveis, poderíamos abreviar o padecimento.

Não obstante, quando eu era jovem fiquei sabendo que uma senhora idosa e próxima, tinha contraído um câncer. Sua filha, inteligentíssima, e com inúmeros amigos da área médica, diante do quadro, resolveu simplesmente aguardar e não interferir com os passos costumeiros. Confesso que, na época, não entendi ou aceitei a decisão suficientemente bem. Achava que todas as tentativas possíveis e impossíveis deveriam encontrar uma saída. Sem dúvida, não possuía a dimensão da amplitude que tenho hoje. “Fichas da experiência” que foram acumuladas homeopática e dolorosamente.

Não raro, somos surpreendidos por profundas decisões que precisamos tomar e colocam em xeque várias questões internas e externas. Reuniões com os membros da família, pareceres técnicos diferenciados e, primordialmente, consciência, acerca de quaisquer opções, são elementos importantíssimos. Aprendi, ao longo da existência, que determinado nível que intitulamos de martírio ou algo do gênero, não necessariamente é o caminho a ser seguido. Prolongar sob duras penas, dependendo do caso, no mínimo, é questionável...


Escrito por Dr. Ricardo Carvalho

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Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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