Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
Um dia antes do final da copa, solicitei uma carona a um casal de amigos. Comentei que precisava escrever no dia seguinte e ainda não tinha definido o tema. Rapidamente, tive como empréstimo o título acima. Sem dúvida, sugestão devida ao consciente coletivo fruto da enorme frustração com o resultado obtido na nossa casa. Rostos de certas crianças e adultos nos estádios em prantos eram o reflexo de uma “nação” abalada internamente. Idealizamos e, não sendo correspondidos, até a alma sofreu intensamente.
Costumo dizer que, desde o instante em que levantamos, salvo raríssimas exceções, devemos lidar com as frustrações inerentes do cotidiano. Mesmoque queiramos, não temos condições de que a totalidade saia de acordo com o que desejamos. As formas de lidarmos com isso são determinantes em inúmeros aspectos. O mundo poderá ser azul ou cinza. Determinados indivíduos, quando enfrentam o menor revés, se desesperam, caem numa tristeza significativa podendo, ao longo do tempo, desenvolver uma depressão. Sentem-se incapazes de modificarem ou lutarem com quaisquer vírgulas que representem adversidades no sentido de satisfazerem alguma necessidade. Outros, ao contrário, apesar da dor avassaladora pensam e reformulam respostas ou saídas. Buscam cami nhos diferenciados. Fazem exatamente do que poderia representar o caos a mola propulsora para redirecionamentos.
Esporte é vida. Vários ensinamentos são aprendidos ou vivenciados. Um segundo, dependendo da modalidade esportiva, quando alcançado, representa todo um enfrentamento ou dedicação. Assim, desistir não é um verbo nem sequer cogitado. Os louros de uma vitória, não raro, implicam sangue e dor. O bálsamo para tanto sofrimento é encontrado no momento do pódio, na alegria que contamina.
A existência, em doses homeopáticas, cobra preços. Se postergarmos objetivos, simplificarmos passos que são imperativos, se “deitarmos em berço esplêndido” esperando somente a ajuda de fatores externos ou, em outras palavras, a sorte aparecer, estamos fadados, tudo indica, a absolutamente nada. Somos um produto de nós mesmos. Sucesso e reconhecimento social não surgem do nada. Histórias bem sucedidas, onde existiram todas as chances do mundo para que fossem desencadeados e percorridos caminhos tortuosos, frutos de derrotas ou frustrações, são comprovações de que condições desfavoráveis impulsionam verdadeiros encontros e conquistas.
Chorar por um fracasso é algo natural, faz bem. Nem todas as pessoas possuem defesas que impeçam o comportamento. Nem devem. Porém, as mesmas lágrimas que percorrem o rosto, podem criar uma “raiva positiva”. Não aquela que destroça o eu ou o próximo pelo insucesso, mas que, diante das cinzas, retomam a esperança de que a superação de dificuldades é perfeitamente possível. Portanto, desenvolver crenças mais realistas, conscientes e positivas em relação a si próprio, associando estratégias diferenciadas, torna-se fundamental.
Existem certos momentos que nos fazem pensar e muito. Os avanços tecnológicos propiciam uma panorâmica mundial imediatamente ou quase. O que ocorre em locais longínquos, atualmente, é transmitido para os lares e gera inúmeros sentimentos. As necessidades midiáticas fazem com fatos horrendos sejam visualizados em detalhes, como também, alegrias constatadas. Sendo assim, o lado bom ou mau do ser humano é percebido, avaliado diária e constantemente.
No meio de tantas mazelas vivenciadas, surgem figuras que simplesmente dão aulas de vida em vários aspectos. Alguns, mesmo com o pouco que possuem, dividem. Produzem nos semelhantes uma renovação da esperança perdida. Estimulam almas sofredoras. Para estes, a velha e conhecida frase “fazer o bem faz bem” é uma comprovação. Em análises generalizadas e rápidas, indicam ter diferenciais significativos. Vivem leves e são portadores de “auras atípicas”. Geralmente, são mais saudáveis física e emocionalmente. Não obstante, quando imaginamos “o quanto devemos...”, nos deparamos com a constatação óbvia de que a extensão deste bem é vastíssima. Depende. Para certos indivíduos ter alguém que lhes escute, somente isso, já é o suficiente. Outros são acalentados com motivadores poderosos como um singelo sorriso ou algo engraçado. No fundo, possuímos uma única certeza de que o mínimo desencadeia o máximo. Destarte, enganam-se aqueles que imaginam que somente grandes ações ou mudanças podem ser benéficas.
As crianças, dependentes na sua totalidade, são um belo exemplo de que a bondade, em doses homeopáticas, produz efeitos concretos ao longo dos anos. Salvo raríssimas exceções, tudo aquilo que plantamos, colhemos. Situações de apoio ou ajuda, que nossa memória nem faz questão de gravar, são registradas de forma precisa. Num belo dia, temos colocações de carinho devido ao amor ou tempo despendido. Na experiência clínica, isto é irrefutável. Essas, à medida que crescem, não apagam jamais pontos delicados que atingimos de modo certeiro. É gratificante sabermos que caminhos foram redirecionados por intermédio do vínculo e de “palavras singelas”. Ademais, quando ouvimos muitas vezes que apenas as intenções são determinantes, estamos diante d e um conhecido agente poderosíssimo. O fato do próximo se sentir querido, apoiado e de que se importam com ele verdadeiramente, por si só, é terapêutico, independentemente de “ações práticas fantásticas”. O número de pessoas que se sentem excluídas, abandonadas, apesar de viverem rodeadas, é impressionante. Num mundo totalmente conectado, a solidão é um fantasma corrosivo.
Em suma, fazer o bem é demasiadamente simples. Alcançar o universo psíquico do nosso semelhante, construir pontes afetivas, passa simplesmente pelo verbo querer. A partir do instante que estamos imbuídos a ajudar, seja de que jeito for, todas as dificuldades sentidas previamente são superadas de maneira natural e intensa.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.