Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
Existem situações, em especial, que o fator climático é decisivo. Sem exceção, olhares atentos para a previsão do tempo. Afinal, uma “grande festa” tinha sido programada. A satisfação já começou na entrega do convite e todos, invariavelmente, faziam planos no sentido de se divertirem. “São Pedro” oscilou com chuva e sol, mas, no dia, digamos, deu aquela “mãozinha”.
Tenda montada, piscina, churrasco, eram alguns dos atrativos. O principal, sem dúvida, seria um grupo de pagode que iria irradiar imensurável alegria. Os convidados, diga-se de passagem, cada um de acordo com o seu relógio, foram chegando. Cobrar horário num domingo de praia e de jovens, nem pensar. O som tocado, antes da apresentação do grupo, evidentemente, era característico de uma fase. Funk, entre outros, iam acelerando um prazer contagiante. Lá pelas tantas, corpos esculturais “desfilavam” sob os olhares atentos da ala masculina sem o mínimo constrangimento. De repente, “loves” apaixonados davam um toque de maior leveza na questão da sexualidade.
Praticamente, em toda a festa, a “parte menos jovem”talvez até estivesse com um pouco de ciúme diante de tanta vitalidade. Não obstante, ouvi de alguém que a juventude é maravilhosa. Certamente. Ainda comentei de uma forma um tanto quanto nostálgica que passamos por isso.
É interessante como as regras do mundo adulto são quebradas de uma maneira sutil. Essas rupturas ensinam bastante. Aqueles aspectos costumeiros ou “formais” foramdesconsiderados. Pratos ou talheres para o churrasco? De forma alguma. A moda “índio ou primitiva” prevaleceu. A cumplicidade existiu até mesmo na hora da “vaquinha ou do chapéu” para comprarem mais cerveja. Com um pouquinho de cada um, novo motivo para um contentamento sem fim.
A apresentação dos pagodeiros foi algo muito bonito de ser visto. Um coro só. Gente gritando de satisfação ou bem-estar. Quem não sabia cantar cantou, quem não sabia tocar tocou. Tudo estava bem. Músicas que, em palavras, traduziam ou decodificavam uma dinâmica ou funcionamento grupal. Identificações.
Num certo instante, o aguaceiro veio junto com os trovões. Um misto de insanidade temperada com um “não dá nada” e a piscina continuou. Simplesmente a chuva tornou magicamente adolescentes em “quase” crianças. Doce e feliz regressão.Uma mesa de pebolim também foi o palco de “grandes disputas” em dupla, e, novamente, quebra de regras em prol das risadas.
Por outro lado, o churrasquinho, que geralmente tem uma carga horária média, extrapolou. Carne sendo assada constantemente. Fiz as contas e constatei que a festa tinha durado aproximadamente onze horas. Carga horária que, no fundo, transcorreu em segundos.
No final, beijos, abraços, agradecimentos mútuos e sinceros pelo recorte vivido. Em suma, uma etapa que contagia positivamente, rompevários preceitos, tabus, ensina as facetas boas da vida e mostra que viver momentos felizes é perfeitamente possível...
Educar, evidentemente, não é uma tarefa fácil para os pais. Em várias ocasiões, ao longo do desenvolvimento dos filhos, estes vão se deparando com situações de conflito. Frear ou permitir é uma verdadeira arte. O “poder” dos progenitores, no que tange à infância, é relativamente tranquilo. À medida que osanos transcorrem, os confrontamentos são uma espécie de rotina dentro do âmbito familiar. Destarte,nem sempre os pais têm absoluta certeza de muitas decisões que tomam. Ademais, podemos pensar de modo idênticono que se refere aos inúmeros pedidos feitos por pessoas que ainda estão em formação. Nesta ciranda de incertezas, os envolvidos, paradoxalmente, estão propensos a choque naturais por caminhos adequados.
O limite, que “separa pais” e filhos nas questões educacionais, que antes era muito claro, passa a ser, gradativamente, cada vez mais tênue. Sinal de tempos difíceis. A tão desejada independência, não raro, é movida pelo conhecido impulso. Todas as coisas são lindas, perfeitas, maravilhosas, só que, não são uma constante. Passos almejados, que parecem o paraíso,tornam-se fontes de angústias, inseguranças ou problemas num futuro breve. Exatamente neste ponto é questionado o livre arbítrio. Portanto, gerenciar, embora implique em frustrações ou discussões é algo imprescindível.
Lembro-me de um caso em que uma jovem desejava ir para o exterior estudar. Sua maturidade estava quase pronta dentro dos conceitos dos pais. Vejam que eu disse “quase”. O local sonhado, os riscos pertinentes, comuns a qualquer lugar, entre outros aspectos, eram exacerbados pela distância e idade. Se a permissividade implicava num crescimento pessoal, concomitantemente, era sinônimo de angústias, no fundo, para as partes envolvidas. O óbvio é que os pais conhecem os filhos. Se, o referido conhecimento, não ocorre na totalidade, anda próximo disso. Sem dúvida, me refiro aqui, a vínculos intitulados de “saudáveis”. A negativa, num primeiro momento causou, como era de se esperar, uma revolta. Diálogo interrompido e a proposta colocada para uma posterior conversa. Ficou acordado também, que deveria haver alguns pré-requisitos básicos para tal, como reflexões a respeito do todo e controle emocional. Passado um período, com as “cabeças frias”, níveis mais profundos de entendimento e aceitação foram alcançados. O que antes parecia “ouro” mostrou algumas facetas precárias “naquele instante” da vida. Consequentemente, surgiuà proposta de um “tempo” objetivandoa convicção da decisão e o alcance de um nível maior na questão da maturidade. Em suma, nenhuma porta foi fechada para o futuro. Simplesmente, houve um acordo quanto à “decisão imediata”.
Costumo dizer que, tudo aquilo que fazemos movidos por forças psíquicas espontâneas ou impensadas é delicado. Não obstante, quando os filhos não tem uma “incontestável independência”, os pais, por sua vez, têm o direito e o dever de gerenciamentos que visem o bem.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.