Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
Um dos sinônimos de verão é praia. Passamos o ano fazendo planejamentos para que o todo saia “perfeito” na temporada. Num dia excepcional, sol quente, céu claro, mar calmo, água cristalina ou quase, acontecia um jogo de futebol na beira da praia. Opostamente aos três jogadores,estavam as respectivas namoradas, sentadas, tomando banho de sol, chimarrão e conversando. Num determinado momento, passam ao lado, duas garotas belíssimas que caminhavam com roupas de banho minúsculas. Como num passe de mágica, a brincadeira é interrompida e ocorre aquela “olhadinha básica” dos rapazes. Não obstante,a percepção atenta de uma enciumada, complicou... Vejam bem que eu disse que o dia “estava” excepcional. Cadeiras voaram, guarda-sol, óculos quebrados no tumulto eum “barraco gerador de uma nuvem preta”foi formado imediatamente.
Com frequência, ouço na clínica relatos de mulheres que simplesmente observam os seus companheiros olhando para outras, desencadeando assim, crises de ciúme e, em certos casos, sentimentos de inferioridade. Revistas, filmes, comerciais, fotos no computador,etc., também são verdadeiras arestas nas engrenagens dos relacionamentos. A essência é sempre idêntica: a não aceitação do referido comportamento. Procuro, dentro do possível, fazer com que haja um entendimento do cérebro masculino neste sentido. Na verdade, não há nenhum interruptor que desligue algo que é absolutamente natural. Por parte de alguns, a discrição é maior e, portanto,relativamente “tolerável”. Outros, não conseguem o referido controle e deixam as coisas às claras. Da mesmamaneiraque costumo assinalar a “normalidade”, coloco que são funcionamentos diferentes. Enquanto os homens são estimulados pelo visual, as mulheres têm, como gatilho, a audição. Muitos se preocupam somente com a aparência na hora de uma conquista, esquecendo ou deixando de lado o que é importantíssimo: saber falar. A configuração inicial de alguém até é notada. A pessoa pode estar revestida de ouro, mas, depois de um tempo, tem que trabalhar os ouvidos femininos com maestria. Toda mulher, invariavelmente, tem segredos que devem ser desvendados paulatinamente. As palavras gentis, inteligentes, as ações indicadas no instante da conquista, são imprescindíveis. Estimulam. Quando falo em conquista, logicamente, acrescento a manutenção do vínculo. A não observância dos requisitos ou os mínimos detalhes, tudo indica, gera a impossibilidade da continuidade.
De nada adianta, não haver uma aceitação das supracitadas dinâmicas. Cada um, dependendo do seu gênero, traz consigo códigos inatos. Destarte, impossíveis de serem desfeitos. O desejável é ambos os sexos saberem lidar com as diferenças de modo adequado. É, infinitamente, mais produtivo. Do contrário, o “departamento das incompreensões” está fadado a um desgaste intenso e natural.
Atualmente, há uma grande diversidade nos arranjos que envolvem laços afetivos. O mundo está, sem sombra de dúvida, permitindo uniões que, até então, pareciam “impossíveis”. Sinais dos tempos. Outro fatordigno de nota é a rapidez ou a forma efêmera como os relacionamentos são estabelecidos. Dinâmicas alteradas. O conhecimento mútuo, que antes demorava quase uma “eternidade”,visando consolidar a união estável, certamente, está num plano secundário ou inverso. Primeiro a harmonização de corpos, e, depois, a dos sentimentos. O dito funcionamento é uma constatação, fruto de conquistas que gradativamente foram consolidadas.
Fazendo um recorte e análise das supracitadas transformações, atualmente, arrisco dizer, que observamos com mais frequência vínculos que possuem uma diferença significativa no que tange às idades. Difícil citar números, mas vamos pensar algo em torno de quinze, vinte anos, aproximadamente. O que para um bom número de pessoas parece um absurdo é plenamente justificável. Gostaria de dizer que seguiremos uma linha de pensamento “clichê”, ou seja, mulheres novas com homens maduros. O inverso, também seria passível de interpretações similares.
Toda a moeda possui duas faces. O que se tornou demasiadamente fácil gera inseguranças. Trocas constantes, instabilidades, vazios, etc., vão contra o que geneticamente foi herdado como “ideal”. O universo feminino, até mesmo no reino dos animais, preza exatamente o contrário. As fêmeas querem basicamente sesentir amparadas e seguras. Deste modo, não raro, idades destoantes. O que, aparentemente, é uma antítese, no fundo, é congruente. De um lado, os “troféus” assegurados e associados com uma química altamente prazerosa. Por outro, a solidez do vínculo somada a um desfrute da bagagem maior de experiências de vida. Enganam-se aqueles que consideram somente asituação financeira definida como desencadeante das referidas uniões. Em alguns casos, até é possível, mas a busca poremoções mais equilibradas, possui um peso relevante.
Para que uma relação do tipo seja sustentável, é imperativa uma adequação mínima conjunta. A diferença etária produz comportamentos que nem sempre são muito bem entendidos ou decodificados. Exemplificando, geralmente temos questões relacionadas à falta de confiança em si mesmo e, consequentemente, ciúme. Um celular, computador, e demais modernidades, frequentemente são instrumentos depositários de aspectos que não foram suficientemente bem elaborados entre o casal. Qualquer detalhe é exacerbado e motivo de desconfianças. Corrosão.
Diferenças de idades, assim como tantas outras, são perfeitamente concebíveis. Nada de errado ou absurdo. Não obstante, objetivando dar certo, é imperativo que haja uma compreensão e adequação dos “universos distintos” por caminhos comuns. Ademais, carinho, amor e, principalmente, parceria, são pontos que independem de simples números...
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.