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Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.


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ESCOLA, PUNIÇÕES E LIBERDADE

quarta-feira, 20 de Novembro de 2013 | 11:44

Nesta época, como sempre, para uma boa parcela de adolescentes, a questão dos resultados escolares é um autêntico suplício. O que foi plantado durante o ano letivo produz, inevitavelmente, as suas consequências. A possibilidade significativa de reprovação faz com que a dinâmica familiar fique bastante alterada.

Até a chegada da pré-adolescência, havia uma congruência no que se refere aos estudos. Porém, a partir desta nova fase, há o que autores costumam chamar de “explosão no cérebro”. O que antes estava organizado sofre uma espécie de desmanche, desencadeando alterações no comportamento de um modo generalizado. Dificuldades e sofrimentos para ambas as partes. Pais e filhos padecem sem saberem exatamente o que fazer diante do angustiante quadro.

Conscientemente, os meios costumeiros são tentados ou testados. O velho e produtivo diálogo ocorre infinitas vezes sem as modificações esperadas. A rotina do não estudo acaba se tornando uma constante. Sendo assim, após certo prazo de tolerância, os pais apelam para as privações ou a retirada de “privilégios”. Computadores, celulares, games, suspensão da mesada, controle rígido no que tange aos horários, etc., são um verdadeiro atestado de que as coisas não vão nada bem. Como toda ação implica numa reação, o jovem, por sua vez, além de continuar não estudando, encontra “justificativas plausíveis” na atitude arbitrária dos progenitores. Ciclo corrosivo formado.

Costumo citar constantemente a frase que vi num determinado poster que continha uma gaivota voando num céu claro e embaixo escrito “liberdade não se mendiga, se conquista”. Funcionamentos irresponsáveis, geralmente, atacam um dos aspectos preciosos na vida: a possibilidade de sermos livres. Prisões sem grades, para a imensa maioria, mesmo assim, costumam doer muito na alma. Lutar contra transformações neurológicas ou psicológicas não é nada fácil. Não devemos, de maneira alguma, deixar de reconhecer a poderosa e nova “força negativa” que se instaura. Não obstante, os esforços devem ser elevados à potência do infinito, visando atingir desenlaces dignos ou que não afetem radicalmente a qualidade no transcorrer da etapa e demais. Esperar que o tempo refaça naturalmente tudo aquilo que está “esparramado ou desarranjado” é imperativo, no entanto, não significa ficar inerte e a mercê da sorte. Além disso, não podemos esquecer que se não houver o referido esforço, corremos o risco de perdermos o “tempo do plantio”. O novo funcionamento, por um lado, é “tranquilo”, por outro, caso continue eternamente, cedo ou tarde, é cobrado um preço ao longo da existência. Estudar, em outras palavras, salvo raríssimas exceções, nos torna senhores dos caminhos pelos quais optamos. Implica em maiores chances de escolhas futuras indicadas ou coerentes com a nossa personalidade. Sem sombra de dúvida, está intimamente ligado ao que chamamos de “felicidade”...


Escrito por Dr. Ricardo Farias Carvalho

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FERIDAS DO PASSADO

terça-feira, 12 de Novembro de 2013 | 16:48

Ao longo da experiência clínica, vamos observando que o passado, na vida das pessoas, tem grande relevância. Costumo dizer que são espécies de “gavetas” que mantemos fechadas e, quando desejamos, são abertas. Algumas lembranças são evocadas de uma forma bastante nítida, outras, nem tanto. Acontecimentos prazerosos e traumáticos oscilam conforme o peso que possuem. Temos uma tendência de nos fixarmos naqueles que implicaram num grau de sofrimento maior e que não tínhamos, no momento, condições de lidarmos adequadamente com eles. Os anos decorrem e, mesmo assim, dependendo dos arranjos, certas cenas aparecem imediatamente como se transcorressem no aqui e agora.

Todos nós, salvo determinadas exceções, tentamos acobertar circunstâncias que consideramos indesejáveis na formação da personalidade. Na verdade, existem pontos que absolutamente ninguém tem acesso. São situações que ocorrem e ficam armazenadas sem a mínima possibilidade de compartilharmos. No transcorrer das sessões psicoterápicas, por mais que queiramos abordar nitidamente os mínimos detalhes, existe certo limite a ser observado. O paciente fala livremente, porém, não tudo. Problemas, conflitos de ordem sexual ou agressiva são delicados e frequentes. Consequentemente, inúmeras defesas são erguidas no sentido de “blindarem” as recordações. Deste modo, é necessário extremo tato, visando trabalhar áreas relativamente acessíveis.

Diante das observações supracitadas, muitos não conseguem transcender as mazelas internas durante a vida. A aderência no que diz respeito ao passado é tamanha que, no “hoje”, a falta de perspectivas é altamente significativa. As “feridas expostas” são um atestado incontestável da dor gerada. Destarte, o que ocorreu é um impeditivo para que novos horizontes possam ser visualizados. Não obstante, há um funcionamento ou uma dinâmica que, no fundo, deixa a desejar. Aspectos conscientes podem até se dar conta da precariedade e os seus fatores desencadeantes, mas o indivíduo não consegue alterações satisfatórias. É um refém ou mártir de uma época que somente o tempo se encarregou de dissipar.

Um dos sentimentos básicos no meio dos traumas é a raiva ou o ódio quanto aos envolvidos. Quem padece, não esquece. O desgaste emocional, portanto, é constante e intenso. Geralmente a descrença em relação aos próximos como um todo, se torna uma consequência inevitável. Fantasias de que o detestável seja reeditado deixam o sujeito numa instabilidade e apreensão massacrantes.

Segundo Machado de Assis, “Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito”. Embora as dificuldades da elaboração da tarefa, ela é imperativa objetivando minimizar ou até eliminar as fontes de desgosto ou inquietude no que tange aos fatos passados. Sem isso, corremos o sério risco de não visualizarmos e agirmos, adequadamente, diante de um presente ou futuro...


Escrito por Dr. Ricardo Farias Carvalho

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Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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