Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.
Como de costume, certos pacientes trazem diversos materiais que consideram importantes para compartilharem no processo terapêutico. Numa sessão, recebi uma folha contendo a caricatura e síntese de “Praticando o Desapego”, do Fernando Pessoa. Digo sempre que os poetas ou determinados escritores têm uma capacidade inigualável de acessarem o inconsciente dos indivíduos. Conseguem alcançar e transmitir a essência do que ocorre com o ser humano e a vida como um todo em poucas palavras. Gostaria, portanto, de dividi-las com vocês: “... Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário... Perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver...” “... Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira...” “Desapegar-se é renovar votos de esperança de si mesmo, é dar-se uma nova oportunidade de construir uma nova história melhor. Liberte-se de tudo aquilo que não tem te feito bem...”.
Conversei com ele e disse que, indubitavelmente, o que estava escrito era um “retrato fiel”dos nossos encontros há algum tempo. Objetivo principal: o desprendimento. Vários pensamentos precisavam ser modificados no sentido de libertá-lo de certas amarras psíquicas que tinha até então. Sem dúvida,houve uma identificação ou “encaixe” no momento da leitura. Esta é uma função básica de um psicólogo: abrir o leque de possibilidades de escolhas para que novos horizontes possam ser visualizados. É impressionante, complexa e árdua a tarefa de romper com funcionamentos arcaicos e nocivos. Diversos, simplesmente, passam a existência inteira apegados a situações ou vínculos que simplesmente corroem a alma. Vivem numa ciranda negativa e constante com um enorme medo de experimentar o novo. Preferem transitar numa zona de conforto causadora de desconforto. Paradoxo que aprisiona barbaramente. Passam sonhando com as tais mudanças sem modificarem uma “palha” em prol de melhorias. Tornam-se pessoas estagnadas, desconhecendo o verbo mudar. Qualquer ansiedade sentida em função de um possível redirecionamento desistem. Não toleram a dor maior, visando a uma qualidade indicada. Sonham com soluções “mágicas” e esquecem que o principal é agir. Gosto bastante da frase de autor desconhecido que diz: a dor é útil para se valorizar o prazer. Por outro lado, Pessoa tem absoluta razão quando coloca que a insistência em algumas coisas afetam os nossos projetos ou novas caminhadas. É algo muito frequente nostratamentos. Indivíduos se queixando de partes que não conseguem uma cisão e a consequente generalização pessimista. O mundo é ruim ou cinza.
Em suma, de forma antagônica, quando enfrentamos lutos, objetivando ganhos mais significativos, interna e externamente, estamos, sem sombra de dúvida, renascendo.
P.S.: Um carinhoso abraço aos colegas pela passagem do dia do Psicólogo em 27/08.
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Ao longo da experiência clínica, temos uma amplitude dos problemas que são comuns às pessoas. Determinados pontos, chamam a atenção pela frequência e intensidade com que acontecem. Reiterados relatos são feitos em decorrência da incapacidade de perdoarmos aqueles que nos fizeram algum tipo de mal ou ocasionaram certo prejuízo.
Viver, salvo raríssimas exceções, se é que existem, implica em saber conviver com frustrações, dores, desilusões, etc. Sendo assim, podemos dizer que quase não há uma existência considerada “perfeita”. As queixas, no que tange aos “culpados”, ocorrem e têm um poder extremamente corrosivo para a alma. Sofremos barbaramente com isso. Inúmeros passam constantemente ruminando rancores, raivas que nada mais fazem do que consumir energia, que poderia ser canalizada de uma melhor forma. Diversas histórias que, simplesmente e embora desejemos, são impossíveis de serem refeitas. Aconteceram e o tempo não volta atrás. É implacável. Indivíduos que perdem o foco, consumidos, absorvidos, por algo que não possui uma solução. Pois, como diz o antigo ditado: se não tem solução, solucionado está. No fundo, esquecem que a saída não pertence ao passado, mas se encontra em nós e no presente.
Pai e mãe talvez ocupem a primeira posição da imensurável lista possível de lamentações existentes. Vários, apontam os aspectos fracos, deficitários, esquecendo muitas vezes de reconhecerem as facetas que foram positivas ao longo da vida. Mesmo os que “nada tiveram”, esquecem que nem sempre é fácil darmos ou repassarmos aquilo que não foi vivenciado ou sentido. Julgam, deste modo, sem saberem os fatores reais desencadeantes.
O dedo sempre em riste ou erguido é facilmente direcionado para o próximo. Raros são os que modificam a orientação e reconhecem o quanto deixaram de fazer visando a uma mudança estrutural no que se refere ao todo. Acusar e, consequentemente sofrer, é infinitamente mais fácil do que reconhecermos também as responsabilidades que possuímos ou perdoarmos alguém.
Equivocados estão os que perdoam parcialmente. O substrato atuante não favorece uma liberdade na totalidade. Os grilhões internos e eternos não permitem a extinção do desconforto nos vínculos. Lembro-me de um caso em que a mãe fez questão de conversar com o assassino do filho e perdoá-lo. Na prisão, solicitou um abraço. Lágrimas intermináveis de ambas as partes. Este, como outros exemplos da humanidade, nos deixam perplexos. Cena comovente que, no mínimo, atenuou uma infinidade de sentimentos diários e atormentadores. “Pode ser” que o agente causador do sofrimento alheio tenha sido tocado com a atitude atípica. Um ato. Uma esperança, no mínimo.
A única certeza de quem perdoa é a leveza e um nível diferenciado na arte de viver. Dormimos em paz com a consciência tranquila. Generosidade é uma das essências que, sem dúvida, combate as nossas angústias...
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Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.