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Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.


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DESCONFIANÇAS

segunda-feira, 11 de Março de 2013 | 12:21

Certamente, amor não é sinônimo de sofrimento. Porém, observo na clínica um número expressivo de pacientes que padecem por inúmeras questões relacionadas. No meio desse universo, as desconfianças no que tange ao amado, se destacam significativamente. As “liberações”, nos dias de hoje, fazem com que as investidas tenham se tornado bastante corriqueiras. Desse modo, pessoas que têm uma relativa insegurança em relação a si, sentimentos de inferioridade, traumas anteriores envolvendo rejeições afetivas, traições reais, entre outros, tendem a sofrer por “fantasmas” constantes e poderosos. Consequentemente, paz no vínculo é extremamente raro.

Dependendo do tipo de trabalho, arranjos, que envolvam o convívio com o sexo oposto, pode se tornar uma autêntica tortura suportar as fantasias de ser enganado. Outro aspecto a ser salientado é a distância que muitas vezes separa um casal. Racionalmente, tudo é acertado com o propósito deencontrar a homeostase no início do relacionamento. Todavia, quando o tempo passa e a união ficafortalecida, os pontos supracitados são exacerbados. A necessidade de um controle dos passos ou da rotinaalheiavão nos dando uma única certeza: o inevitável descontrole.A tecnologia, com as suas facilidades no que se refere às comunicações, é outra tormenta. Celulares e computadores talvez sejam os “campeões”das desconfianças. As senhas são buscadas, incessantemente, visando confirmações que justifiquem as angústias ou penúrias.

Viver com um pano de fundo do tipo adoece a alma e o corpo. Produz sintomas. Interessante assinalar que,apesar de haver infinitas colocações,no sentido de negar ou provar que não há absolutamente nada, não gera satisfação na totalidade. Uma infidelidade ocasional, geradora de arrependimentos, culpas e desculpas pode, para o resto da vida, fazer com que o próximo fique fixado numa zona de desconforto imensurável. Dinâmicas ocorrem fazendo que o preço a ser pago seja permanente. A falta de confiança é um importante “instrumento bloqueador” para um verdadeiro reencontro ou ponto de equilíbrio.

Lembranças de traições ocorridas no passado no âmbito familiar e as suas respectivas implicações,não raro, provocam uma desconfiança eterna, consciente ou inconsciente,doamado. A imagem negativa tende, sem sombra de dúvida, a desencadear uma generalização. A crença, portanto, passa a ser de que “amar não é seguro”, “traições são inevitáveis”... Mais uma vez, temos a importância da forma como pensamos interligada aos nossos sentimentos e comportamentos.

Quando ocorre uma cristalização das desconfianças, talvez o primeiro passo seja desconfiarmos de nós mesmos. Uma análise profunda é algo imperativo para que tenhamos uma visão adequada ou realista de quem está do nosso lado. Somente assim, através do conhecimento ou compreensões internas, poderemos evitar conjecturas nada indicadas...

PSICÓLOGO/FONES: 32324677 ou 91629292/E-mail: ricardof.carvalho@uol.com.br

 


Escrito por Dr. Ricardo Farias Carvalho

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CASAMENTOS E AMARRAS

segunda-feira, 04 de Março de 2013 | 11:17

Há algum tempo, uma simpática e inteligente senhora me procurou para realizar psicoterapia. Tendo idade avançada, se queixava basicamente do seu relacionamento. Problemas conjugais, de diversas ordens, eram sentidos, desencadeando sofrimentos acumulados ao longo de anos.O casal possuía um reconhecimento social devido ao fato do esposo ter um cargo muito respeitado ou valorizado. Ela, dona de casa e submetida financeiramente aos proventos do marido. Filhos e netos geravam a sensação de que o ciclo da vida estava cumprido.

O elo mantido entre nós durante o processo psicoterapêutico era excelente. Tudo indica que, de alguma forma, eu representasse aquilo que desejava na sua relação e que nãosentia absolutamente. Distanciamento, falta de atenção, problemas com álcool do companheiro, discussões, entre outros, eram vivenciados nocotidiano. Suas queixas silenciosas e profundas produziram intenso padecimento. Certamente, até mesmo antes de começar o tratamento, sabia que a melhor solução para o seu caso seria o rompimento do vínculo. Exatamente aí, foi estabelecido um paradoxo à medida que avançamos no processo. Por um lado, a convicção plena do que deveria ser feito. Por outro, me dizia que a mudança, naquela etapa da sua vida, geraria mais problemas do que os conflitos em si. Gradativamente, senti e respeitei que as colocações ou interpretações no sentido de um confronto com todos os pontos geradores de infelicidade eram “infrutíferas”. No fundo, queria simplesmente desabafar, falar sobreaspectos que incomodavam a sua alma e que, até então, nunca foram compartilhados com alguém. Em outras palavras, apesar de não ser o indicado, optou pela continuidade de uma dinâmica corrosiva. Novamente, houve um respeito e consideração quanto aos meus devidos procedimentos. Reconheci os meus limites máximos que iam até a possibilidade de somente um apoio diante do todo. E, infelizmente ou não, desejava isso da minha pessoa.

Digo sempre queser o porta-voz de uma separação e desencadeá-lanão é nada fácil. As inúmeras consequências geradas, certamente necessitam de uma “dose cavalar” de coragem. Suportar o luto, lidar com as lágrimas dos filhos, principalmente quando são pequenos, é algo bastante delicado. Romper as amarras psíquicas, assim como as financeiras e, consequentemente, recomeçar do “zero”, beira, muitas vezes, o terreno do insuportável.

Essa paciente, até hoje, em função das suas mazelas vivenciadas, tem sido um exemplo do “ponto máximo” que podemos chegar com a continuidade do que não vai nada bem. A sua vida anulada, afetada, por forças conscientes e inconscientes, tem funcionado como uma espécie de “norte” para outros casos trabalhados.

Após o seu pedido de interrupção, o tempo passou como sempre: rápido e implacável. Num determinado dia, inesperadamente, o anúncio do seu falecimento na capa de um jornal, me comunicou,por fim, a sua “libertação”...


Escrito por Dr. Ricardo Farias Carvalho

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Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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