Gostaires Gonzalez o 'escrevinhador’. Natural de Santa Vitória do Palmar, reside em Rio Grande desde 1980. Autor de dois livros realçando as memórias dos GONZALEZ. Próprio de quem não quer deixar no esquecimento uma série de relatos que esclarecem uma nesga do tempo num lugar incomum.
Minha mãe tinha oito tios-avôs, entre homens e mulheres, por parte de sua vó Marica, casada com Veríssimo Corrêa.
Uma dessas tias era casada com um homem chamado Soriano de Oliveira Rodrigues (Rabustiano). Ele tinha um humor muito estranho, insuportável ‘prá’ ser mais prático.
Quando minha mãe tinha nove anos de idade, Rabustiano faleceu e não findou ai esse sujeito: ele continuou vivo na fala, nos gestos, no caminhar...
No convívio dos familiares, a fama virou lenda em frases, nos cacoetes e maus exemplos.
Continuou vivo o Rabustiano.
Vejam: minha mãe era criança. Ao passar dos anos eu nasci e, em minha infância a lenda ainda era passada e assombrava as crianças. Para expressar raiva, ao chingar uma pessoa, para tirar mau humor das crianças, para domar um cavalo, ao pedir água, quando se pedia um desconto, ao receber uma visita ao pedir desculpa... Com cara franzida, fungando, olhando para o chão, empacado, aluado, ora gritando com os cães ora pateando as galinhas.
Em casa minha mãe bravejava e na sequência nós éramos comparado à Rabustiano. Lembro que aquilo era angustiante. Talvez o tão chamado de bulim: a gente saia de fininho reduzido a pouco, gerava um sofrimento difícil de explicar.
Agora á minha vez. Para combater os problemas de relacionamento em casa, passo a usar “Rabustiano” e conclui que é “santo remédio”: para excesso de face book, internet, jogos, prá menino que insiste em dormir tarde, prá gente que não acorda cedo, que não limpa a garagem e nem lava o carro.
É claro, eu modifiquei a história que ouvia: vesti Rabustiano com roupas novas, o afeitei, pus relógio de bolso, dei-lhe uma cara alegre, uma dose de simpatia, o montei num cavalo faceiro, quebrei-lhe o chapéu na testa. Tirei dele a imundície, maus modos, preguiça, insolência... Rabustiano um primor; façam de mim um exemplo!
A construção civil atual esta incorporando novos quesitos. A complexidade é tanta que passa a confundir os profissionais da área. Nas alvenarias, as instalações embutidas formam um emaranhado complicado: telefones, elétrica, fotocélulas e relés, redes de computadores, tubulações de água, esgoto e pluvial, de alarmes, câmeras e sinalizadores, condicionadores, lavadoras e drenagens... Tantos são os cortes nas paredes que elevam a construção civil ao ápice dos geradores de entulhos, hoje chamados de resíduos sólidos.
Na atitude, a construção das residências ditas inteligentes, do futuro, ecologicamente perfeito ou funcional, tem viva útil reduzida. Por varias razões: pelas fadigas de materiais e validade reduzida, acomodação do solo e intempéries, falta de qualidade na edificação e domínio de técnicas. Um esforço imenso, somente para viver uma ilusão, mero acaso de estarmos vivendo neste século ao romper da idéia que tudo recentemente lançado é bom.
Numa idéia pobre de pretensões, pensamos em não tirar a casca da banana do lixo, tentamos criativamente criar, compostagens, minhocários, cultura hidropônica, jardins elevados, biodigestores, recicladores... Outras pessoas também na melhor das intenções estão aterrando bahias, manguezais, lagos, mares... Para a construção de residências, a questão é: até onde e até quando o poder dos governantes e capitalistas é maior que a do povo pobre de pretensões.
O bem estar dos humanos contrasta com as regras de educação para a natureza, a construção civil entra em cena, num processo assustador de degradação do Meio Ambiente.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.