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Gostaires Gonzalez o 'escrevinhador’. Natural de Santa Vitória do Palmar, reside em Rio Grande desde 1980. Autor de dois livros realçando as memórias dos GONZALEZ. Próprio de quem não quer deixar no esquecimento uma série de relatos que esclarecem uma nesga do tempo num lugar incomum.


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Minha pobre vida

quarta-feira, 05 de Setembro de 2012 | 16:13

Eu era um moço de trinta e quatro anos de linhagem nobre. Tinha uma fortuna que chegou à minha vida dêsde criança. Bonito e elegante pelo trato a partir dos bens que herdei e das coisas boas: como o convívio familiar, educação e serviço.

Das carruagens, casarões, rodas da água aos trigais nos campos do Arroito que herdara do meu a vô.

Da boa vida, das farras, dos bailes, das moças e saraus.

Um dia o ultimo da minha vida, enquanto cavalgava com uma turma de amigos, montava um animal de ótima linhagem e quando saltava um córrego lamacento cai de ponta cabeça, como destino: morri.

Minha família me sepultou em Curral Alto, num mausoléu finíssimo de pedra rara que outrora fora feito para abrigar meu velho pai.

Ali meu corpo ficou lacrado.

Eu nunca me conformei com o destino que Deus me dera.

Diante do meu tumulo fiquei chorando e suplicando: como podia eu jovem e bonito querido por todos, bem casado e a espera do meu primeiro filho ter morrido, no melhor da vida.

Chorei por muitos anos e nunca me separei do meu corpo que nessa hora parecia uma armadura estática.

Na minha dimensão há falta de luz, reprovo o destino da minha querida vida, padeço de convívio. Nunca me conformei ao ver meu corpo sendo consumido pelo tempo.

Meu filho, já tem quatro anos e às vezes vem visitar meu tumulo. Não satisfeito tentei de todas as maneiras estabelecer um contato.

Um dia enquanto esperava a noite passar em frente do mausoléu lia pela milionésima vez, a homenagem que me dedicaram em pedra, escrito em baixo relevo no mármore ornado com florzinhas. Para meu consolo, ainda era escuro quando um homem a meu ver: o mensageiro. Munido de espátulas e macete abriu a lapide a procura de preciosidades.

Ao quebrar a pedra de dentro do tumulo saiu um campo de luz, ao subir uns dois metros foi-se apagando como uma mecha de uma velha lamparina.


Escrito por Gostaires Gonzales Acosta

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Comida de Jacaré

sexta-feira, 31 de Agosto de 2012 | 13:29

Certo dia de julho do ano de 1976, num sábado, íamos para Santa Vitória do Palmar, toda a família e eu, num auto ‘Opala duas portas’, quando no dique (Reserva Ecológica do Taim), avistamos um caminhão parado na estrada e o motorista acenava para que parássemos. Paramos.

O motorista visivelmente aflito pediu-nos uma solução para seu problema.

“Um dos pneus do caminhão havia furado e ao descer o pneu reserva de cima da carga, quicou no asfalto, rolou barranco a baixo e como destino a água do canal.

O vento afastava da margem a roda, boiando e ele (motorista) tentava sem sucesso o resgate, jogando uma corda com um ferro amarrado na ponta, nessa hora uns vinte passos da beirada. Eu olhei como um caso perdido, se tratando dum lugar de jacarés, águas profundas, frias e agitada pelo vento.

Minha mãe viu diferente e ordenou, olhando para o meu irmão Cândido Derli:

- Pela a roupa, entra lá nadando, traz a roda desse sujeito!

De cuecas, Cândido teve a corda amarrada na cintura, e novamente recebeu outra ordem:

-Vai, e nada rápido mais que os jacarés! Entendeu?

Nessa ocasião o Dique estava ‘alto’ devido às chuvas – o guri bateu assas, levantou águas e voltou tiritando ‘abraçadito’ com o utensílio.

Sem perder tempo o mergulhãzinho vestiu-se e rumamos a “Santinha” (cidade).

No outro dia, domingo, fomos a uma festa de aniversário, na Granja Mirim, oitenta kilometros da cidade. Ao chegarmos avistamos o caminhão citado estacionado na vila.

O caminhoneiro muito agradecido comentava aos sete ventos a feliz coincidência de ter uma das rodas resgatada das águas, ao se afastar lentamente da costa, por uma família de beduínos que transitava num opala cor prata.

Quando ele avistou nossa chegada, saiu a frente de todos, com os braços abertos, as mãos estendidas pra cima, gritando para que o ouvissem:

- Óh! Vejam! São eles os beduínos! ‘É’! São eles os beduínos!

É!

Não se faz necessário continuar escrevendo.

Minha mãe nessa vida fez coisas tantas, se não as conto, perder-se-iam como a luz no espaço!

 


Escrito por Gostaires Gonzales Acosta

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Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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