Gostaires Gonzalez o 'escrevinhador’. Natural de Santa Vitória do Palmar, reside em Rio Grande desde 1980. Autor de dois livros realçando as memórias dos GONZALEZ. Próprio de quem não quer deixar no esquecimento uma série de relatos que esclarecem uma nesga do tempo num lugar incomum.
Quando a tiara papal, símbolo de poder do supremo Pontífice Católico,foi colocado à João XXIII, já se passava o mês de novembro de 1958. O mundo contemplava o novo Papa em solo de São Pedro na Basílica em Roma.
Nesse ano eu nascia, ‘prá’ me somar a milhões de terráqueos sonhadores com um lugar no céu, prometida pelas pessoas que interpretam as palavras da Bíblia, de acordo, Noé, Abraão, Moises, Josué, Calebe... Quando descobri tal acontecimento, recorri minhas lembranças e com um pouco de pesquisa, defini.
Nesta minha passagem terrena até 2013 somam-se cinco Papas pontificados: João XXIII (15 anos), Paulo VI (um mês e dois dias), João Paulo II (26 anos), Bento XVI (2005 a 2013) e o atual Francisco 1º.
Em 1978 chegava às imagens de TV onde morava com razoável definição em preto e branco, junto à coroação de João Paulo II (Karol Jozef Wojtyla). A meu ver, nunca um homem esteve tão próximo de Deus! Karol foi líder carismático, simpático e moderado, viajou pelo mundo durante o seu pontificado, levando os ensinamentos religiosos, amor, fé e devoção. Tendo como ensinamento especial a vocação e santidade, beatificou e canonizou um quantia maior, que todos os seus predecessores juntos, pelos cinco séculos passados
Bento XVI, não será esqueci tão já. Minha impressão foi positiva. Quando as pessoas não se desligam do poder, ... mesmo no sucesso ou descrédito. A exemplo o ex-presidente José Sarney (senador), Sadat, Bashar AL-Assad (governante da Síria), Muammar al-Gaddafi (Líbia), Christian Share (iraquiano executado por não recusar o cristianismo), Giordano Bruno (acusado e condenado a fogueira por heresia),... Bento se desligou por conta própria para o bem e renovação da igreja.
No dia 13 de março foi escolhido Bergoglio (Francisco 1º), o 266ª Papa da história da Igreja Católica, na minha vida, o quinto.
Estou sempre atento ao que dizem os religiosos, a Igreja em si contém o manto da salvação... Cristo está na voz do povo e se apresenta de muitas performances. Deus é o bem maior necessário na família, na conduta, e na hora de morrer.
Espero que o próximo papa, não seja meu último.
Quando me deslocava pela Avenida Silva Paes em Rio Grande, uma pessoa me parou e sem vacilar, parou na minha frente: disse-me.
-Tu és o Gostaires, não pode ser outra pessoa!
Sim, respondi e, argumentei não me lembrar da pessoa que se referia a mim.
Era Rosa. Rosa de Santa vitória. Rosa que deixei para traz. Trinta e três anos se passaram e com um grande esforço foi esquecida junto a muitas outras coisas e pessoas. Quando eu abdiquei da Terrinha.
No dia em que sai da cidade com as malas, Paulo e Rosa embarcaram comigo no mesmo ônibus, rumamos em direção a Rio Grande. Rodamos uns dez kilometros, meus amigos se despediram e desceram no caminho. Rosa especificamente desembarcou no meio do meu caminho. Um último abraço e um adeus, ninguém sabia ser pra sempre, naquele momento um breve pranto ludibriando a angustia da despedida. Eu estava decidido a construir um novo começo sozinho!
Já era hora e, o ônibus não os espera (Paulo e Rosa), desceram. Eu carregava a incerteza, como todo o desbravador, estava definitivamente voltado para o novo mundo.
Estava disposto a olhar para frente, não tive tempo de meditar, muito pior envolver-me com amores e coisas antigas.
Nesse encontro na Silva Paes, para minha surpresa, Rosa me fez lembrar o passado: das vezes que ia ao ginásio à noite me esperar, de ter me aguardado nas esquinas quando ia trabalhar do quadro da minha bicicleta, das coca - colas de garrafinha no bar do Fragata, das reuniões da turma na costa da Lagoa Mirim.
Quando aqui cheguei, no ano oitenta, trouxe muitas lembranças e saudades, tantas que para combater minha tristeza tive de dar um fim. Esquecendo tudo, para não volta como era de propósito.
Mas não. Não Rosa, não esqueceu e me confessou do desejo que tinha em me dizer. Naquele dia no ônibus tinha vontade de fugir comigo. Faltou-lhe coragem e o tempo que eu tive de preparativos.
Menina franzina de olhos morenos pequenos, em teus cabelos me escondia enquanto espinhavas meu coração, não baixei meus olhos para ti. Agora eu te procuro e sei: “eu te perdi”.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.