Prof. Nerino Dionello Piotto
Articulista Econômico - Empresário ramo imobiliário - Aposentado do Banco Central do Brasil.
A inclusão de menos favorecidos na chamada nova classe média não passa de - a meu ver - de medida política e enganosa. E de um otimismo exagerado.
Embora tenha havido ganho e avanço na renda domiciliar, não se deveria "rotular" os integrantes da classe média simplesmente pelo fator renda. É considerado, hoje, no Brasil, para efeito de classificação como classe média os domicílios que se enquadram no intervalo de renda de R$1.200,00 a R$5.174,00, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares ( POF/IBGE ).
Estamos nos acomodando e aceitando - num claro movimento, a meu ver, de "me engana que eu gosto", designações de "gerentes" a funcionários que exercem funções de mero atendimento em bancos, de "consultor" a profissionais que exercem funções de mero atendimento telefônico e por aí vai. Mais grave, contudo, é a aceitação e o otimismo com o enquadramento de famílias como sendo de classe média quando na realidade não o são.
Para ser classe média, se necessita, além do ganho mensal, que marca somente um padrão de consumo, econômico, também DE diferenciadores socioeconômicos, tais como: casa própria sem adensamento de moradores, ou seja, com até 02 moradores por dormitório, com pelo menos dois banheiros, acesso ao crédito e ao cartão de crédito, cheque especial, educação universitária e demanda privada por planos de saúde.
No Brasil, segundo o POF/IBGE, dentro dessa nova classe média, há domicílios com adensamento de moradores, ou seja, mais de 02 por quarto, sem banheiro, com a maioria dos chefes de família cursado apenas o ensino fundamental e muitos deles ainda analfabetos.
Há um trabalho das professoras Christiane Uchôa e Celia Lessa Kerstenetzky , do Centro de Estudos sobre Desigualdade e Desenvolvimento ( CEDE ) da Universidade Federal Fluminense ( UFF ), sobre o tema, e que em suas conclusões, não deixam margem a outra interpretação a não ser um exagerado diagnóstico otimista com relação ao aumento de renda dos mais pobres no Brasil. Dizem as autoras: " Nossas observações, ainda que corroborando o progresso na renda domiciliar, não confirmam o diagnóstico otimista de inserção dos menos empobrecidos na classe média".
Dizem elas ainda que: " Os resultados também mostram que este segmento não é homogêneo e que a maioria dos domicílios se localiza no lado esquerdo da distribuição - na faixa de renda mais baixa". ”Ao que tudo indica, e confirmando a suspeita sociológica, a renda é uma "proxy" fraca para o estudo desse estrato social, que se caracteriza preocupantemente por uma forte desigualdade nos baixos padrões de vida e oportunidades". Em suma, resumem as autoras: " a assim chamada "nova classe média" não se parece com a classe média como a (re) conhecemos.
Pensem nisso!
Economista*
Há um discurso generalizado – e correto – em Pindorama ( Brasil ) em favor do uso da bicicleta como transporte, esporte e lazer. As vantagens para desafogar o trânsito, ambientais e para a saúde da população são incontestáveis. Talvez por isso o discurso seja “pró-bicicleta”.
Mas o governo, na prática, age em desacordo com o discurso. Os tributos ( impostos ) que incidem no preço final dos carros é de 32% enquanto o das bicicletas é de 40%.
Basta olharmos a alíquota do IPI para nos espantarmos: o carro paga 3,5% e a bike 10%.
O Brasil é campeão em preço alto. . Uma bicicleta com aro 26 e 21 marchas custa em média, aqui, R$400,00 ou 54% mais cara que uma similar nos EEUU, que custa R$259,00. Depois o governo se queixa que os brasileiros viajam ao exterior e gastam, compram muito. Tem gente que compra até lençol e toalha de banho, enxovais completos, além dos eletrônicos...pudera! Com os preços aqui sobrecarregados de impostos....
A “bike” dobrável, ideal para o trânsito urbano, custa aqui R$640,00 e na Alemanha, R$477,00 e nos EEUU, R$286,00. É a realidade!
Há estatísticas confiáveis que nos mostram que 30% das pessoas que usam bicicleta como meio de transporte no Brasil ganham em média R$600,00. Aí...o fator preço pesa muito!
Muitas empresas do ramo, para sobreviver, atuam na informalidade ou se transformam em importadoras. É um contra senso. Uma clara realidade de um governo que fala uma coisa e faz outra, que não quer ver e está nem aí para a realidade do povo.
Esta semana, por telefone, conversei com um profissional da construção civil em Rio Grande, o Nido ( Zenildo Acosta ) sobre o pouco uso de “bikes” em Rio Grande em detrimento de motos ( como é o caso dele ) , mais caras, mais perigosas – todo o santo dia temos notícia de um grave acidente com moto... - e ainda poluidoras do meio ambiente.
Ele me disse que, se houvesse uma ciclovia que cortasse a cidade, em área já livre e existente, que são os trilhos da antiga linha ferroviária, milhares de pessoas poderiam ir da Junção ao Porto num piscar de olhos, e.... em segurança. A área está aí....dando o maior mole....e porque não a usamos?
Pensem nisso!
Economista*
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.