Prof. Nerino Dionello Piotto
Articulista Econômico - Empresário ramo imobiliário - Aposentado do Banco Central do Brasil.
Sexta feira última, meio dia, saí do Rio, via rodovia, para São Paulo. Duas horas para sair da cidade. Em São Paulo, à noite, mais de uma hora para entrar.
Nada de anormal, ou melhor, tudo anormal, mas usual. Como em grande parte do Brasil.
Os nós e enclaves nas mobilidades eram previsíveis. O Governo Federal incentiva a compra de carros. Mas não investe em infra estrutura. Subsidia o preço da gasolina. Derrete a Petrobrás e liquida com as usinas produtoras de álcool, que estão quebrando. Aí importa gasolina e até álcool feito de milho ( muito mais caro que o de cana ) dos Estados Unidos. E a balança comercial apresenta sucessivos déficits.
Os governos desdenham das inovações. Esquecem que o homem não é um animal forte. E que depende de outros meios, além dos recursos de seu próprio corpo, para se locomover. A roda, criada há 7 mil anos, e a fantástica revolução industrial parecem coisas etéreas.
As inovações poderiam ajudar a melhorar nossas vidas. Mas muitas cabeças de nossos (des ) governos só pensam naquilo, no poder, e – aí – nessa área, sim, inovam mito. Dê-lhe contabilidade mal cheirosa e chamada por alguns de criativa ( a meu ver deveria ser chamada de destrutiva – ela mascara a inflação e fabrica superávit ) para fingir que as contas fecham no azul. E o que dizer da criação ( genial, do mal ) de um duto entre as caixas do governo e as dos partidos? No início do governo Dilma, a imprensa bisbilhoteira a obrigou a demitir alguns ministros. Mas, o sistema de sangria foi aperfeiçoado para surripiar grana de forma pulverizada, haja vista os últimos e recentes e constantes golpes, por meio de ONGs, que teimam em sobreviver aos flagrantes policiais, estimulados pelas decisões do STF, que, de tão demoradas e distantes da realidade, dão a quase certeza da impunidade aos poderosos!
Atarefados os entes públicos estão, uns – do mal - em inovar para roubar e outros – do bem, como os MPs, a PF, a SRFB, o BC... – em descobrir ( complicado, pois ladrão não deixa recibo probatório..) e desbaratar os criativos inventos. Pergunto: quem vai pensar no Povo? Em propiciar melhores meios de transportes? Em Rio Grande, por exemplo, o sentimento de que o que se faz melhor é empurrar com a barriga e fazer ouvidos moucos aos problemas que afligem quem enfrenta a dureza no trânsito, das vias, com o lixo espalhado...
Esse sentimento causa indignação e aflição e desesperança. Se existe a roda, alguém duvida? ciclovias – como alternativa barata de meios de transporte, poderiam ser rapidamente implantadas em nossa cidade. E inibido o uso de carroças – verdadeiro crime e prática medieval aceita por nós... por que não se pensar em meios mais higiênicos e saudáveis de transporte? E... deixar de pensar , pelo menos de vez em quando, naquilo?
Afinal, governos, em tese, deveriam pensar no bem do povo. Mas... pelo andar das carroças...
O dia do “parou geral” não é uma miragem. Pensem nisso.
Economista*
O Brasil é um País dadivoso. Aqui se tem bom clima, boa terra, boas oportunidades. O povo é gentil e cordato. Mas... podemos ser vistos como desplugados e até como corruptíveis.
Isto tem sido péssimo para o desenvolvimento. Crescimento até que temos, haja vista o que se constata hoje em Rio Grande e em muitas cidades brasileiras. Mas desenvolvimento...
Nosso arcabouço de Leis é um dos mais complexos do planeta. O sistema de cobrança de impostos é injusto, penaliza o mais pobre. Planejamento? Só para vencer as próximas...
O pior dos mundos para uma economia é a desconfiança, a dubiedade, a insegurança jurídica.
O que vimos e assistimos, com relação ao “MENSALÃO”, foi um tempero adicionado ao “ragú” a meu ver indigesto para a possibilidade de atração de investimentos internos e externos. Se o STF é tão dúbio com relação ao nosso arcabouço jurídico...
Segundo a Professora Tânia Rangel, da FGV Direito Rio, o supremo inaugura, caso sejam aceitos os embargos infringentes, a criação de uma elite política. Poucos privilegiados terão direito a um segundo julgamento. As demais autoridades – e o restante da população - não terão direito a entrar com embargos infringentes. Lembra ela: Dois pesos, duas medidas. A conta não fecha, lembra insistentemente o Ministro Marco Aurélio, do STF.
Uma jóia rara, uma verdadeira jabuticaba ( segundo o Ministro Gilmar Mendes, do STF) , que só reforça a sensação de que só pobre pega cana no Brasil e que o que vale neste pais é a versão do fato, e não o fato. Qual a leitura que fazem os investidores? De tibieza ou pior.
Estou escrevendo este artigo em 16/09, cumprindo as regras do Folha, dois dias antes do derradeiro voto que poderá nos levar ao abismo. Mas a sensação que tenho, com os 5 a 5, é de derrota, é que estamos indefesos diante de um tempo que não promete mais nada, como disse a filósofa francesa Myriam D´Allones. “A ascenção do mundo ocidental é um caso de sucesso na história das inovações institucionais”, nos ensina Douglas North ( Prêmio Nobel ). Mas há retrocessos e aberrações: países até vizinhos amordaçam a imprensa e parlamentares. Nosso Banco Central está cada vez mais fraco. O STF está titubeante, mutante barbaridade!
A meu ver e sentir, o estrago está feito. As sementes da desconfiança estão lançadas. Ou melhor, relançadas em solo fértil. Aí fico a pensar: como ficam os que não tiverem grana muita para bancar – a peso de ouro, advogados maravilhosos? Não ficam, vão em cana!!!
Pobre País rico. Pensem nisso!
Economista*
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.