Prof. Nerino Dionello Piotto
Articulista Econômico - Empresário ramo imobiliário - Aposentado do Banco Central do Brasil.
Lembram aquele jogo, disputa, brincadeira, que se fazia na escola, chamado cabo de guerra?
Assim se comportaram os deputados federais, puxando de acordo com seus interesses.
Triste espetáculo. A medida ( MP595) era – e é - correta no mérito e errada no tempo.
Se ela beneficia o Brasil ( e beneficia! ) , por que o Governo Dilma demorou tanto? Se estava a Presidente convencida de que esse era o melhor caminho ( concorrência, livre mercado ) e é, porque ficou brecada a ideologias bolorentas e ultrapassadas? O Brasil perdeu tempo.
E o que se presenciou na Câmara foi uma verdadeira disputa de cabo de guerra a favor/contra gigantes da economia com interesses antagônicos. Criou-se um clima de máfia. Segundo o jornalista Jorge Moreno, do Globo, na “madrugada dos portos” um deputado da tropa de choque de Eduardo Cunha teria dito: “ Quanto mais tarde a gente demorar a entregar mais caro poderá o Renan cobrar lá no Senado”. Qual o nome que se dá a isso?
Gigantes da economia, com interesses ( legítimos ) na MP: Agroprodutores e Grupo Gerdau defenderam a figura do terminal-indústria; Odebrecht ( leia-se Embraport=Empresa Brasileira de Terminais Portuários ) queria a medida, pois ela regularizaria a situação de 4 companhias privadas por ela controladas nos portos de Santos, SP, Portonave e Itapoá, em SC, e Cotegipe, na Bahia; Eike Batista: A MP abre espaço para a ampliação do Porto de Açu, no RJ, para o transporte de contêineres e para o projeto de um novo porto em Peruibe, SP; Daniel Dantas ( Santos Brasil ): pode vir a perder liderança no setor de contêineres com a entrada de novos operadores que não tenham de pagar outorga; Grupo Libra: do setor de logística em porto público, como a Santos Brasil, de Dantas, pode ter a participação de mercado comprometida, pelas mesmas razões; Transpetro: como outras empresas já instaladas a mais de 20 anos, poderá ganhar com a possibilidade de renovação de contratos antigos; Trabalhadores ( Força Sindical ) : queriam que a contratação – inclusive para os portos privados, fosse feita através dos OGMOS ( Orgãos Gestores de Mão de Obra ), que controlam as contratações nos portos públicos. Dilma – acertadamente - é contra a idéia e a MP 595 a matou. O saldo foi positivo!
Como se pode ver, foi briga de cachorro grande. De cobras criadas e raposas felpudas.
No final da fritada, o Governo teve de fazer concessões para que a MP fosse votada e, como alternativa, já prepara vetos. Mas...será com o olhar de ver nos vetos ou...nos votos?
Economista*
É usual a disputa entre cidades. Rio Grande e Pelotas, por exemplo, estão envolvidas em provocações antigas. Agora, com as mudanças de parâmetros e em época de maior conscientização sobre a importância da economia verde, do meio ambiente, Rio Grande tem uma chance de ouro de marcar pontos em quesitos com alta ponderação para a disputa.
Como também moramos no Rio e com alta freqüência visitamos São Paulo, onde temos uma filha e uma neta, temos acompanhado bem de perto, aqui e lá, os debates e provocações, que vão do futebol a restaurantes.
O que se constata, aqui, segundo dados da OMS ( Organização Mundial da Saúde ) é que o ar que respiramos no Rio é – pasmem – pior do que o de São Paulo. O ar do Rio apresenta 64 microgramas de poluentes por metro cúbico. O padrão ideal seria de 20 microgramas por metro cúbico. Em São Paulo foram registrados 38 microgramas. Não é um bom número, mas melhor do que o do Rio, que, embora com o mar, o ar é ainda pior.
São Paulo dá banho no Rio em matéria de metrô, tem 74km contra 42 do Rio. Em carros, a disputa é igual, ou seja, pouco mais de duas pessoas por carro, igual a Rio Grande.
Dois dados importantes, de alta ponderação nos parâmetros da economia verde, e que o Rio dá capote em São Paulo, são CICLOVIAS e PESSOAS QUE VÃO AO TRABALHO DE CARRO. São Paulo tem 36 km de CICLOVIAS, enquanto o Rio tem 300 km. 30% dos Paulistas usam o carro para ir ao trabalho, enquanto só 13% dos cariocas o fazem.
O que faz o Rio ganhar na saudável disputa não é o mar, não é o ar ( QUE APARENTEMENTE É MELHOR ) , não é o verde, mas....as CICLOVIAS, QUE RESULTAM EM OUTRO PONTO POSITIVO, QUE É A PERCENTAGEM BEM MENOR DE USO DO CARRO PARA IR AO TRABALHO.
Rio Grande, numa imaginária disputa pelo grau de sustentabilidade com Pelotas, provavelmente perderia no quesito ar ( embora com o mar ) , verde e uso do carro para ir ao trabalho. Mas, se nossas autoridades acordarem para o baita presente que a geografia/natureza nos deu = uma cidade plana e com clima tropical = e investirem em CICLOVIAS, certamente nos posicionaríamos muito melhor. A Secretária Miriam Ballestro, aquela do discurso técnico correto, bem que poderia jogar luzes sobre o tema. O meio ambiente só teria a lucrar. Os dados comparativos entre Rio e São Paulo são irrefutáveis.
Pensem nisso!
Economista*
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.