Prof. Nerino Dionello Piotto
Articulista Econômico - Empresário ramo imobiliário - Aposentado do Banco Central do Brasil.
Impossível não se dar conta da deficiência visual. Os sintomas são evidentes! De longos anos! Mas a covardia e a indiferença em lidar com os males – leia-se corrupção/malversação de recursos públicos... - em Pindorama convenceu aos bandidos de que tudo é permitido.
Na primeira noite eles roubam uma flor do nosso jardim. Não dizemos nada! Similarmente chegam aqueles que atacam as bases da segurança dos velhinhos, das viúvas, das crianças, dos órfãos...e nada dizemos.
Pilar Rahola ( escreve nos jornais El País, El Periódico e Avui – em catalão e foi deputada no Parlamento Espanhol pela “Izquierda Republicana Catalana” e vice-prefeita de Barcelona, Espanha ), escreveu brilhante artigo, “A Rebelião dos Canários”, onde demonstra uma lógica de raciocínio que cabe como uma luva para o flagelo da cegueira que atinge Pindorama.
Lembra ela que os mineiros tinham, até o século XX, uma técnica infalível para se protegerem nas profundidades da rocha: os canários. Mais sensíveis do que o homem à falta de oxigênio e gases tóxicos, morriam primeiro. Era hora de abandonar a mina a toda velocidade.
Nos ensina ela que: “ A temperança moral do mundo vem sendo posta à prova. Se os judeus podem ser perseguidos ou assassinados impunemente – raciocinam os tiranos – então se pode passar para o próximo passo. Todas as grandes ditaduras de nossa época – nazismo, stalinismo, esquerda, direita, tiveram os judeus como o alvo predileto e como coelhinhos da Índia de sua violência assassina.” E alerta: “Em face da cegueira mundial aos fatos, é chegada a hora de os canários se rebelarem. Basta de nos asfixiarnos por nada”.
Aqui em Pindorama muita gente não se dá conta, pela cegueira aos fatos, de que a corrupção, o aparelhamento da máquina, a malversação e o desperdício de recursos públicos, os perdões de dívida a países africanos devedores contumazes ( que ficam livres para tomarem aqui novos empréstimos ) as bolsas para ricos e pobres, destes boa parte só se importando em receber sem precisar trabalhar , são por todos nós pagas, inclusive pelos que as recebem, via cobrança de pesadíssimos impostos; e asfixiam, matam!!! A lógica de raciocínio e a operacionalidade é a mesma do parágrafo anterior, demonstrada por Pilar Rahola. Visitei a Arena do Corínthians F.C , em São Paulo nesta semana. Um belo, vistoso e odioso monumento, ícone do desperdício de recursos e do perfil perdulário de quem usa e abusa dos financiamentos camaradas com a grana da sociedade, no caso do BNDES. Alguns tupiniquins pensam, se revoltam, mas não externam o que sentem: somos canários e cobaias de minas de dinheiro mal gasto/desviado/surrupiado. Não terá já passado da hora de, como disse Pilar Rahola, deixar de ser canários?
Pense nisso! Economista*
Semana passada recebi e-mail de leitor deste FG que viu, em Buenos Aires, cartazes contra os fundos abutres. Como se eles fossem responsáveis pela podridão governamental de lá...
Bueno, o que são afinal, fundos abutres e por que são assim, pejorativamente, chamados?
São assim chamados porque limpam o sistema financeiro de papéis “podres”. Como os abutres na cadeia alimentar. A lógica desses fundos é bem simples: procuram comprar os títulos pelo menor preço. Pagam, em média, 30% do valor. Não raro são procurados por empresas com finanças estranguladas e bancos que não querem carregar em seus balanços papéis com 90 a 360 dias vencidos. Eles não tem relação duradoura com os clientes, como os bancos, que evitam “brigar” com seus devedores. Bom cliente para banco é o que precisa de dinheiro, vamos combinar. E são agressivos e práticos para cobrar dívidas: sempre dentro da Lei. Vão à justiça e aceitam como pagamento carros, aviões e todo o tipo de ativo negociável. É um negócio que qualquer um pode participar, desde que tenha 300 mil para “aplicar/apostar”. É o mínimo estabelecido pela Comissão de Valores Mobiliários, “xerife” do mercado, no Brasil.
Um exemplo: o que restava da Varig foi comprado por um fundo em leilão, em 2005 por U$24milhões e vendido para a GOL mais tarde por U$300milhões. Limpou! Deu certo/sorte!
No caso dos “hermanos”, alguns credores decidiram dizer não ao acordo - semelhante ao que os abutres fazem - proposto pelo governo de lá no último calote da dívida. Os abutres ganharam na justiça o direito de receber todo o valor. A Argentina não tem que se queixar. E...se aplicarem mais um calote nos credores... Pobre do povo, que pagará pela soberba!
Nós não estamos livres dos abutres. Onde houver coisa “podre”, eles aparecem. E estão de olho na gente. Pudera! O estoque de crédito em Pindorama saltou de R$200 bi em 2001 para R$2,7trilhões atualmente. E...Tem muita coisa podre! Não se precisa de técnico, só de faro!!!
Em 2007 o Banco Central (BC ) registrava R$76bilhões de títulos vencidos em estoque. Hoje registra R$200 bi ( com atraso entre 90 e 360 dias ) e a estimativa do mercado é que existam mais R$300 bilhões vencidos, já negociados pelos bancos e ainda não recuperados.
Segundo Steen Jakobesen, economista-chefe de investimentos do Saxo Bank da Dinamarca, em SP, julho/14, que visita 35 países por ano, “ A situação macro do Brasil é a pior dos países que eu já visitei, a falta de reformas e as decisões políticas fora do bom tom deixaram a situação insustentável; o cenário para o Brasil para depois de 2015 é de alta instabilidade”.
Minha opinião: Jakobesen tem razão. E quem pagará pelos atos temerários ( falta de reformas, desorganização do setor elétrico, copa...) de nossos governantes? Nós. Óbvio!
Pense nisso. Economista*
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.