Prof. Nerino Dionello Piotto
Articulista Econômico - Empresário ramo imobiliário - Aposentado do Banco Central do Brasil.
Muito se tem discutido sobre nossa baixa capacidade de indignação frente a fatos realmente extraordinários. A corrupção, que mata, de forma homeopática, mais que o trânsito louco e as estradas péssimas, parece não ter fim.
Não consigo me livrar da sensação de que as explosões de incontida euforia – histeria e gritaria deselegante cairia melhor – dos políticos e séquitos por ocasião das escolhas do Brasil para sede da Copa 2014 e Olimpíada 2016, escancararam a catarse dos grupos que secularmente rapinam o Brasil ante a visão do indescritível espaço para jogadas e jabaculês, especialmente no âmbito dos processos licitatórios e de materialização das obras e da logística geral, requeridos por aqueles magnos eventos.
Ano passado, contribuí de forma modesta – transmitindo experiência, sugerindo caminhos, etc. – a um grupo de alunos formandos em Administração na FURG. Fiquei gratificado com o profissionalismo, profundo conhecimento técnico e seriedade dos professores/orientadores que exigiram, à exaustão, detalhes que poderiam – naquele tenso e atribulado momento - parecer supérfluos. E fiquei feliz com a homenagem que o grupo me prestou, inserindo meu nome dentre aqueles que contribuíram para a realização do trabalho. Um hotel temático junto ao futuro Oceanário da FURG. O projeto, realisticamente dimensionado por universitários bem preparados, poderá ser implementado, sem sustos.
Hoje reflito como esses ex-alunos, hoje profissionais no mundo, devem estar confusos com o projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV) entre São Paulo e Rio de Janeiro. Esse projeto deveria ser usado em cursos de Administração como exemplo do que não se deve fazer. A demanda de passageiros foi superestimada e, portanto, a receita em cerca de 30%. O custo final, que seria de R$33 bilhões, está em torno de R$60 bi. Esqueceram as reservas de contingência, deixaram de colocar na conta os subsídios fiscais e subestimaram custos de obras, como os 100 km de túneis. E por aí vai.
Tomando por base as lições de Adam Smith, um dos pais da economia clássica, que dizia que o futuro é previsível, é apenas um espelho do passado, nada desautoriza imaginar que algum mecanismo macabro esteja em gestação no caso do “TAV”.
O triste para a sociedade brasileira é a grande improbabilidade de algum grupo de rapina ter um piripaque por excesso de gargalhadas e perder a oportunidade de empanturrar-se à tripa forra de reais, dólares, euros, libras...
Pensem nisso!
*Economista.
Há guerras ruins ( que matam e causam sofrimento ) e boas ( que estimulam a criatividade e a vida ). Dentre estas últimas, temos a guerra de idéias. A história econômica nos ensina que nada é melhor para se desenvolver.
Uma das guerras mais acirradas é a que vem sendo travada ( sem vencedores e vencidos ) com base nos trabalhos dos filósofos/economistas Adam Smith( 1723-1790 ) e de Lorde Keynes ( 1883-1946 ), que contribuíram barbaridade para o desenvolvimento das Nações.
Dois séculos depois, os fundamentos da economia clássica, lançados por Smith, permanecem intocados em seus axiomas, para o desespero dos seguidores de Keynes.
“A Riqueza das Nações”, de Adam Smith foi um dos livros sobre economia que tive a oportunidade de ler e estudar, orientado pelo então excelente professor da Faculdade de Economia Miguel Glaser Ramos. Recentemente, em Edimburgo, na Escócia, tirei uma foto junto ao busto de Adam Smith, em homenagem ao velho mestre! Foi emocionante.
Keynes tentou derrubar três axiomas ( a neutralidade da moeda; a existência de substitutos brutos = se um preço sobe as pessoas tendem a preferir um mais barato promovendo nivelamento para baixo , isto é válido para serviços e salários; e o axioma ergódico = o futuro nunca é incerto, pois é uma projeção dos dados estatísticos do presente ) que impediam – no seu modo de ver – que a teoria clássica, de Smith e David Ricardo fosse aplicada com sucesso na resolução dos problemas do mundo real. Não conseguiu. Todavia, as propostas de Keynes, aplicadas após a 2ª. Guerra, promoveram crescimento real sem precedentes na história. Segundo Keynes, a matemática não consegue, sozinha, como acreditava Smith, tirar da toca o” espírito animal” do empresário, cujas decisões são afetadas até por peculiaridades psicológicas.
Até 1970, tudo ia bem com Keynes.. Mas ....a correnteza virou.
Após o colapso de 2008, a fórmula de Keynes retornou para evitar outra Grande Depressão. Muitas empresas sucumbiram. Mas, três anos passados, a reviravolta está em aberto. Smith ou Keynes? Tomara que ninguém vença. E que continuem as batalhas!
Bueno, nesse mar revolto da economia, personalidades – em nossa cidade – se destacaram aplicando – não raro empiricamente, com “feeling”, determinação titânica e otimismo pessoal conceitos híbridos e superaram as borrascas. Uma dessas notáveis personalidades, que tivemos o privilégio de ver o crescer, florescer e frutificar, foi o Senhor Luiz Pereira de Carvalho, criador do atual conglomerado Guanabara.
Como ele, muitos empreendedores se destacaram em Rio Grande. A idéia, com o apoio do Doutor Alberto Alfaro “ blogdoalfaro” e “ Nativa Debates” e Folha Gaúcha é homenagear esses talentos que tanto contribuíram para o desenvolvimento de nossa cidade divulgando aos leitores deste semanário, em artigos, suas histórias de sucesso. Homenagear é preciso.
Economista*
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.