Prof. Nerino Dionello Piotto
Articulista Econômico - Empresário ramo imobiliário - Aposentado do Banco Central do Brasil.
O FINANCIAL TIMES coloca um enorme ponto de interrogação sobre a capacidade do governo brasileiro de organizar eventos complexos como a COPA-2014 E OS JOGOS 2016. Assinala que “ The beatifull game exposes Brazil’ ugly flaws” = O belo jogo expõe as falhas horríveis do Brasil. E mais, que grande parte dos problemas se anunciam no Rio de Janeiro. Abordam “as manifestações e enfrentamentos com a polícia exigindo o fim da corrupção que aflige todas as instituições”.
Semana passada fui deixar no Aeroporto do Galeão dois primos papareias ( Carlos e Maria Alix Dionello ). De Ipanema até lá gastamos 2 horas e dez minutos, de carro. O usual seria 30 minutos, sem “rush”. E o Galeão, dito pelo próprio Governador, “está uma rodoviária”. Como será – mesmo em se decretando feriados - na Copa? Estou em SP; desci sexta em Guarulhos. Está melhor, mas, para se chegar à cidade, outro problemão. Para os estádios, com os metrôs, ok. Mas e...para o demais?
Já no jornal EL PAÍS, de densa circulação na Europa, em sua edição de 29/4, o jornalista Luiz Rufatto alinha algumas informações para os 600 mil torcedores que virão ao Brasil. EDUCAÇÃO - Ressalta que ( dados da ONG Todos pela Educação ) cerca de 9% dos brasileiros permanecem analfabetos e que 20% são classificados como analfabetos funcionais, ou seja: um em cada três adultos não tem capacidade de ler e interpretar textos simples; DISTRIBUIÇÃO DE ENDA – tem a sexta pior do mundo. Para cada dólar ganho pelos 10% mais pobres, 68 são ganhos pelos 10% mais ricos; IDH – 85. lugar no mundo – leva em consideração renda, saúde e educação; TRÂNSITO – vai perder em 2014, 48mil vidas em acidentes de trânsito – é o 4. mais violento do mundo; MULHERES – a cada ano estima-se ocorram 527 ml casos de estupro; MINORIAS SEXUAIS – pelo menos 312 gays, lésbicas e travestis foram assassinados em 2013 = um a cada 28 horas; HOMENS PÚBLICOS – com base em dados da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), o custo da corrupção equivale no Brasil a 1,4% e 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) ou algo entre R$42 e R$69 bilhões por ano.
Meus comentários e opinião: 1 - O que mais horroriza os Brasileiros patriotas é o dano permanente que causa ao País o abjeto “jeitinho brasileiro”, adubo inesgotável dos vícios de planejamento, programação, controle, racionalização, nepotismo, formação de quadrilha, etc. e...2 - Pedindo vênia aos amigos Delamar Mirapalheta e Alberto Saggiomo ( em licença não remunerada ) do Cultura Debate – Alberto Alfaro ( Rádio Cultura Riograndina ): o que me espanta é uma faceta do comportamento da Presidente Dilma: os fatos se escancaram aos seus olhos e sua reação a eles sugere que ou ela não os vê; ou os vê e não os entende; ou os vê, os entende e não tem tirocínio para reagir a eles; ou os vê, os entende, tem inteligência suficiente para imaginar como enfrentá-los, mas não tem recursos técnicos para decidir sobre eles e seus reflexos imediatos ; ou os vê, os entende, tem massa cinzenta para lidar com eles, tem recursos de informação e assessoramento adequados para atuar, mas não quer mover uma palha para aparecer na cena, que, penso, deveria, quando menos para preservar a imagem do cargo que ocupa, que não é de sua propriedade e sim do povo.
Economista*
Acompanhei, em Rio Grande, um arquiteto, um consultor de negócios e um empresário que desejava construir em Rio Grande. O grupo veio prenho de idéias. Demos um giro pela cidade e bairros da Barra, Cassino e Jardim do Sol. A meu ver – futuros cartões de visita. Digo futuros. Hoje, estão um lixo. O Cassino, um nojo - palavra usada por uma professora da Furg, residente no Cassino, em carta aberta – muito bem escrita – eu assinaria junto - ao Prefeito. No Cassino, tiraram o Lawson, inteligente e experiente e colocaram um secretário que tentou reinventar a roda da administração e se deu mal – saiu quadrada; agora, num sistema que me parece empírico, de tentativa e erro, colocaram um que é competente. Se tiver apoio....
Ao chegarmos ao Jardim do Sol, o empresário me disse que achava até normal o bairro – que possui ótima infra-estrutura, estar abandonado pela Prefeitura, com Governo “dito” popular. Ledo engano! Bairros considerados modestos também estão. Ou não?
Mas... se as faces visíveis, tangíveis, de nossa cidade estão assim...como andará o intangível resultado da educação de nossas crianças? Entendo que a “teoria das Janelas Partidas” se aplica a elementos tangíveis e intangíveis e, como só 4% das escolas públicas brasileiras – educação básica - tem infra-estrutura para funcionar de forma adequada ( MEC/Inep/DEED ).... Tínhamos uma ilha de excelência em Rio Grande. Trabalhos densos e profundos de professores como Eurípedes Vieira, Vera Torronteguy, Sonia Tissot, Claudiomar Nunes, Arthur Dornelles dentre outros, com a interação, parceria dos (as) diretores(as)e dedicados e sacrificados ( é da profissão-missão ) professores(as) de nossas escolas , estão avançando?
Meu temor: os mecanismos econômicos e pedagógicos de PINDORAMA vêm há muito tentando, digamos, reinventar a roda; a ciência econômica vem se estreitando, ou seja, os economistas falam pouco com os pedagogos, com os médicos, com os engenheiros de meio ambiente, se preocupam mais em ganhar dinheiro ; e os pedagogos, como os economistas, parecem sofrer da possivelmente preconceituosa incapacidade ( decerto sinal de suas inconscientes insipiência e incipiência ) de aceitar modelos, em educação, consagrados e de comprovadas eficiência, eficácia e efetividade. Leia-se: Coréia do Sul, Canadá, Inglaterra, Japão, Rússia, China, Israel, França...E em economia, que priorizem a sustentabilidade.
Parece-me que, em lugar de ficar endeusando o Paulo Freire e buscando reducionismos educativos – procedimentos que, em essência, significariam admitir que as crianças tupiniquins são congnitivamente inferiores àquelas do Primeiro Mundo, o que evidentemente seria um total “nonsense” – nossos técnicos em educação e economia deveriam despir-se de sua pretensão de exibir criatividade espetacular e talvez também de possivelmente fazer concessões a esquemas “bolivarianos”, reconhecidamente modeladores de cabecinhas primárias. O Jardim do Sol e o Cassino, um dia, com algum “mutirão” ou boa vontade terão suas agruras resolvidas...mas...e nossas crianças? Nessa área não há “mutirão” que resolva!
Economista*
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.