Delamar Corrêa Mirapalheta
Advogado, Radialista e Vereador. Natural de Rio Grande, nascido no Taim, foi vice-prefeito e prefeito do Município.
Político virou saco de pancada. Certo ou errado, justo ou injusto, honesto ou desonesto, tanto faz, todos batem. Os terremotos, tsunamis, vendavais, acidentes automobilísticos, aéreos, marítimos, roubos, latrocínios, drogas, enfim, todas as mazelas da humanidade são tributadas aos políticos. É mais cômodo e democrático culpá-los. Todos dizem e quase ninguém contesta que a origem desses males são os políticos. Difamá-los tornou-se a preferência nacional. Em qualquer esquina, bar, jornal e televisão, a sentença é sempre a mesma: é culpa dos políticos. Não é um ato democrático contrapor-se a este julgamento, afinal o povo sempre tem razão.
Na medicina, quando não se pode diagnosticar com precisão, diz-se que o paciente tem uma virose. No sistema republicano é igual. Prefere-se a condenação genérica e sistemática dos políticos à repartição das responsabilidades entre todos os cidadãos. Todos são exemplares, não roubam, não matam, não sonegam impostos, cuidam de suas famílias e amam o seu semelhante, exceto, é claro, os políticos.
Todo o individuo ativo na vida de um grupo social, com influência na maneira como a sociedade é governada é um político. É irrelevante para a definição o fato de deter ou não mandato eletivo. Contudo, para a esmagadora maioria só são políticos os investidos de mandatos. É contra estes que se volta a ira popular.
É insofismável o fato de que há entre nós muita corrupção e muitos políticos envolvidos. Porém, não é menos verdade de que não há corrupto sem corruptor. Esse silogismo leva a conclusão de que há muitos republicanos “honestos” metidos nessas falcatruas. Poderíamos, ainda, extrair uma segunda conclusão: todos somos iguais. Contudo, não se trata de uma premissa verdadeira. A maioria dos cidadãos, políticos ou não, são honestos.
A pecha genérica de desonesto que recai sobre a classe política, sem embargos a outras origens, decorre do amortecimento da consciência do povo em geral que perdeu a capacidade de discernimento, tornado-se massa de manobra dos grandes financiadores da corrupção. Repetem inconscientemente os bordões que lhes foram introjetados. Some-se a isto, o fato de que as pessoas de um modo geral têm aversão a tudo que representa uma restrição ao seu modo de pensar e agir. Os políticos no seu mister de governar confrontam interesses e por conseqüência despertam esse fenômeno sociológico, tão bem sintetizado pelo adágio castelhano “se hay gobierno, yo soy contra”.
Não desejo fazer uma declaração de inocência da classe política. Pretendo apenas que reflitamos sobre este comportamento generalista, que ofende as pessoas de bem e afasta os cidadãos honestos do governo.
Para concluir conto-lhes um episódio recentemente ocorrido comigo. Logo após as 19h o motorista de um caminhão Mercedes Benz, trucado, com carroceria tipo baú, se esmerava em uma manobra complicada. Tentava estacionar defronte a Rádio Nativa, pela República do Líbano. Uma senhora, moradora daquela rua, assim que percebeu a movimentação veio à porta da casa, quando então me vendo ali parado disse: vereador, o senhor precisa fazer alguma coisa, não é admissível que se permita que caminhões desse porte transitem no centro da cidade, arrebentando os fios de energia elétrica, TV a cabo e telefones. Na seqüência, dirigiu-se ao motorista e repetiu a reclamação, ponderando sobre a minha presença e a demanda que me havia feito. O motorista, de forma hábil e gentil, beijou a mão da senhora, dizendo-lhe que se não estacionasse ali ela ficaria sem flores (estava abastecendo uma floricultura), com o que se acalmou. Ato continuo, dirigiu-se a mim a quem culpou pelo episódio. Segundo o condutor, os políticos criaram o estacionamento rotativo para ganhar dinheiro e, por esta razão, ele não tinha outra escolha para estacionar. Impressionante, os conflitantes após uma troca de gentilezas se harmonizaram enquanto eu, antes mesmo de emitir qualquer opinião, consegui a façanha de ser contestado por ambos e por razões diversas.
A propósito do sucedido eu gostaria de saber a sua opinião. Quem tem razão? Um momento, por favor. Devo lembrar-lhe que assim que tomar uma posição, independente de qual seja, terá se transformado em um político, posto que este por definição é todo o individuo ativo na vida de um grupo social, com influência na maneira como a sociedade é governada.
Prepare-se, daí para frente será um ex-honesto. Terá de suportar democraticamente ofensas de toda a ordem, justas ou injustas, tanto faz, você é um político.
Circula na Internet um convite para que todas as pessoas do planeta participem de um apagão no próximo dia 1º de maio de 2010, das 21h50min às 22h00min. O desafio é para que apaguemos todas as luzes e se possível todos os aparatos elétricos para que o nosso planeta possa respirar.
Se a adesão for massiva, como espero, a energia economizada será astronômica. São apenas dez minutos para ver o que acontece.
Dez minutos na escuridão pode ser uma oportunidade imperdível. Uma chance para que nos harmonizemos com o nosso habitat. Poderemos acender uma vela e ficar simplesmente contemplando a sua chama.
Lembrem-se do provérbio “a união faz a força” e de que a Internet é um poderoso meio de difusão, capaz de mobilizar milhões e milhões de pessoas nos mais recôndidos lugares, mormente quando a causa é boa.
Está feito o desafio. Se julgarem que é emblemático e se presta a algo maior, participem e mobilizem os seus amigos.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.