Estava de passagem na Vila da Quinta e chequei na casa de uma tia que gosta de aves e as cria num pátio grande a confortável. Há muitos anos cria ganso a partir duns ovos vindo da minha casa em Santa Vitoria do Palmar.
Ao ver os gansos dela, fiquei parado analisando-os em silêncio. Gelei enquanto as aves em bando e também em silêncio começaram a me cercar como um transe "algo enviado, enigmático" um anúncio.
A historia é assim!
O ano era 1990, minha mãe trouxe do Uruguai cinco ovos de ganso da raça sinaleiros.
Dos cinco; três eclodiram, gerando um macho e duas fêmeas. Todos com uma única "pena" preta no pescoço no lado direito.
Das três aves (Jerusa, Geni e Jeferson) descenderam centenas de cópias sempre com a pena preta no pescoço.
A partir de então foram muitas aves para a panela "trocas" "vendas - presentes" pois as aves se multiplicavam maravilhosamente e com exemplares grandes - pesados, vistosos - graciosos...
Geni a mais astuta desapareceu do pátio anos depois.
Jerusa e Jeferson cuidaram do pátio dando alerta ao mínimo estranho, cuidaram também da sua prole, ninguém sabe o que eles pensavam, pois conheciam todos de casa e os outros animais.
Jeferson sempre garboso ficava muito triste e ressentido sempre que desaparecia um dos seus da sua vista e emitia longos grasnos chorosos.
Jerusa passou anos no ninho chocando e criando suas ninhadas e os ensinava a gramar "tomarem seus banhos" seus filhos também se multiplicaram, ao ponto de ir ao inicio da historia.
Até que um dia Jerusa apareceu morta em cima dos ovos no ninho.
Jeferson triste e sem aquele ar imponente que possuía do seu modo de pensar, deduzi: melhor do que ir para a panela!
No dia seguinte, de manhazinha, levantou vôo e aremessou-se contra um aramado.
Dezembro passado, andava no Cassino, na Avenida. Num mural de avisos em frente ao Hotel Atlântico, anunciava o desaparecimento dum cãozinho de pelagem branca que atende pelo nome de
Nisso lembrei uma passagem que aconteceu comigo:
Em 1981, Trabalhava numa casa aqui em Rio Grande, me desdobrava para dar conta das atividades: Faxinava, comprava, polia, pintava, transformando o velho em novo... Era o mordomo, jardineiro, guia, segurança... Mas não era só: Margarete, dona da casa não satisfeita me sobre atarefava pedindo:
- Gostaires quando sobrar um tempinho lustra o sapato do Conrrado, molha o jardim, leva a Julinha na escola de ballet, coloca o quadro na parede da sala...
Tchê! Eram tantos os pedidos que eu ficava moído pra dar conta das tarefas. Fazia tudo, e era surpreendido com atividades como: Arrumar rádio, costurar rede de pesca, sacar dinheiro nos bancos...
Margarete era chique, prosa, meiga, merecia toda minha atenção; afinal ela me recompensava com coisas descartadas, pra mim ótimas: colchões, sapatos, cadeiras, louças...
Dirigia o carro da família, comia na mesa com eles, tinha um dormitório só meu. Isso levantava a estima do alemão queimado do sol (eu), recém chegado de Santa Vitória.
Um dia estava na sala com o filho menor do casal, instalava um jogo novo à TV, e ouvia Margarete e Conrrado que conversavam na cozinha:
- Querida amanhã às dez horas eu preciso do meu terno passado, do carro aspirado por dentro e o contrato de aluguel da loja datilografado!
Margarete do alto dos sapatos plataforma respondeu:
- Isso não é problema, eu peço para o "BILU" fazer!
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.