Conforme almejei, está pronto o SEGUNDO MERGULHO. Um livro surpreendente, revelador dum mundo onde os homens tinham medo das noites, da possibilidade de revoluções e não acreditavam que alguém punha o pé na lua.
Agradeço a todos parentes e amigos que, instintivamente, me inspiraram a tornar real este segundo volume.
Tenho me dedicado com afinco a imortalizar fatos e pessoas que, com o passar do tempo, foram ficando esquecidos (a existência dos Gonzalez) “Suas realizações, alegrias, amores, decepções angústias... Registrar, por meio de palavras escritas, por julgar serem mais consistentes do que simplesmente discursos. Posso dizer que seremos grandes e eternos, queridos e amados por mais tempo e, além de nós, como “CRISTO”, a quem sempre considerei a melhor pessoa a já ter passado pelo nosso mundo.
A todos, meu sincero reconhecimento.
A meu ver, dar sequência ao presente num TERCEIRO MERGULHO é confirmar um elo, um pacto dos GONZALEZ no futuro, para além da minha morte, em nome da união dessa grande família. Considero o futuro o juiz das nossas atitudes e realizações. Compreendo que ele se apodera de tudo, arrebatando as pedras, as obras, as pessoas: é mais forte do que tudo. “Deus”, inquestionável, insuperável, insubstituível..., quem nos julgará em qualquer competência.
Gostaires
Ivã, Francisco e Roberto foram amigos desde a infância Ivã gostava de ser notado e passava carregando conversa de uma a outra pessoa.
Uma ocasião foi a Porto Alegre e quando voltou ao seu local de origem, esnobava com um andar macio, palavreado chiado, cabelos longos, calça pantalona, suíça grande, colares, óculos, pulseiras e meia espalda um gravador Phillips novinho do tamanho de uma caixa de sapato. O gravador vinha em um estojo de couro com uma alça para ser transportado um microfone de mão, que podia ser guardado em um compartimento à direita, dentro do estojo.
Ivã todo vaidoso se exibe, ouvia musicas a médio volume e oras fingia ser repórter.
Ao ir à casa de Francisco, foi logo indagando o porquê este não se relacionar com o vizinho e não mais amigo Roberto.
Francisco indignado com a bossa do colega e a impertinência da pergunta, prevendo que este estaria gravando, disse:
-Ó, tu quer saber mesmo, vou te contar!
-Tu és um rapaz esperto, astuto então merece saber a verdade.
- Lembra, tu havia me dito que o filho do Roberto entrava do meu quintal e se apropriava das frutas. Tu mesmo trouxeste o lixo dele aqui para provar o que dizias, que este mesmo era quem estava caçando meus coelhos com arapuca no aramado atrás da horta.
-Tu disseste-me, que ouvira dele que minha filha era uma biscateira e que andava de pouca roupa para se fazer notar, que colocava as roupas intimas no varal e esvoaçante pareciam bandeiras coloridas.
-Lembro te ouvir! Tu sabes o que disse sobre minha esposa, que fora comparada com o gado, uma vaca leiteira de saia seria pouco, que eu um boi de venda, um corno azul desmerecido.
Francisco fez um relato grandioso e minucioso, disse tudo e aumentou um tanto, porque sabia que Ivã era um lambanceiro. Quando parou de falar foi logo se retirando sem demonstrar arrependimento.
Dito e feito! As palavras não esfriaram no gravador de fita cassete e Ivã as levou quentinha para seu amigo Roberto, sem saber que Francisco por uma fresta do galpão espreitava o movimento.
Ivã ao gravar a conversa se encantou com a performase do aparelho e nem notara que o assunto o comprometia.
Não deu outra não demorou muito para Ivã sair da casa do Roberto, escorraçado com o gravador quebrado e a fita enrolado no pescoço!
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.