Santa vitória do Palmar no principio de 1860, era uma cidadezinha. A mais linda e fascinante. Uma “Veneza” no Sul, visto que o povo rural, não conhecia outro lugar.
Com base econômica na pecuária, batata-doce, milho, verdura, feijão, fava... O povo rural, em sua maior parte exercia coletivismo. Embrenhavam-se nos matos nativos de sina-sina, "tunas", gravatás, tojo para catar butiá das palmeiras, ovo de galo, marmelo, pitanga, maracujá...
Enquanto os residentes da faixa urbana eram comerciantes, estudantes e políticos numa grande agitação e simpatizantes de Júlio de Castilhos ou Gaspar Silveira Martins. Havia também ânimos exaltados, roubos, contrabandos e mortes.
Na estância localizada em Cural de Arroios, Gumercindo Saraiva, o mais temido delegado, com quarenta anos de idade retornou do Uruguai onde aprendeu a arte de fazer política, nos levantes. Gumercindo tinha mais de duzentos peões e mercenários reabilitados, na lida com o gado criados em campos sem tapumes. A disciplina era rigorosa como num batalhão, incluía castigo. Nos alojamentos de sua estância, dizem que havia uma praça, um armazém, uma capela e covas abertas nos fundos depois do mato. Foi ai que um moço que dizia ser muito valente e pertencente ao movimento contrário foi mandado para espionar. Com pretexto ensaiado pediu pousada na estância do afamado.
Ao chegar pediu pernoite e pode desfrutar de extrema hospitalidade. Gumercindo ao se retirar da acolhida ordenou a os serviçais: - Coloquem o cavalo dele no potreiro e a ele dê comida e mate! O moço retomou seu cavalo e evadiu-se do local a toda disparada.
Vou contar do meu jeito uma história, a qual deduzi, ao conversar com um amigo de infância, algum tempo ainda no ano passado.
-Vinha pela estrada no meu "pingo" garboso num tranco continuo. Meus pensamentos presunçosos, limite do meu conhecimento os quais estimava absoluto.
No Cavalo: sela acolchoada, testeira prateada, mala de poncho, estribeira... e, para mim Alpargata, bombacha, camisa remangada e lenço no pescoço. Conversando 'solito' engrandecendo minha pessoa.
Sou vaidoso!
Insensivel as coisa que ouço ou que me dizem. É assim as coisas de quem não tem a intenção de dividir a intimidade.
A estrada: uma carreteira por campos abertos e planos. Sem ondulações de quem reparte com a esposa e os filhos o pão, o rancho, a atenção, os dias, sulcando o rosto, escoando as forças dos braços pela labuta ao longo da carreira.
E para medir a distância na solidão da vida, canto cantigas ou improviso trovas enaltecendo a prenda que desprezei.
O tempo é a própria vida com suas regras: saudades, pensamentos fugazes, esperanças e desejos.
Tudo de mentira! Não tenho pretensões e intenções alguma! Estou só nesta vida e a atravesso no conforto da falta de compromisso, crio minhas mentiras e ludibrio a existência.
É! Errei de início, o melhor a dizer!
-Vou pela estrada sem pressa, quase ao fim.
Sou um solteirão!
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.