Esta noite minha esposa me acordou, dizendo que alguém na rua me chamava.
Eu estava num sono tão intenso que tive que me esforçar para acordar.
Levantei desnorteado sem saber onde estava. Fui até a porta da rua e espiei na vidraça: a luz estava ligada. Era meu vizinho e queria falar comigo. Atendi pela janela da sala. Abri e ele me disse que minha caixa d?água estava vazando e inundava a via pública.
Agradeci, fechei a janela e fui fechar o registro da tubulação, interno na garagem.
Quando estava em cima da escadinha fazendo a manobra, meu filho se levantou e foi até onde eu estava, dizendo que:
- Estava num sono tão intenso que tive que fazer força pra acordar. Levantei desnorteado sem saber onde estava. Espiei na vidraça da porta da garagem, a luz estava ligada.
Perguntou-me:
-O que estas fazendo?
Expliquei!
-Eu também levantei sem saber onde estava, quando o vizinho chamou. Ele me disse que minha caixa d'água estava vazando.
Algum tempo depois, quando fui deitar minha esposa se levantou dizendo:
-O que estas fazendo? Estava num sono tão intenso que custei acordar! Quem estava te chamando?
Respondi.
-Era meu vizinho e queria falar comigo, ele me disse para desligar a luz da rua, para evitar desperdício!
Em função dos inúmeros relatos de estupros e pedofilia, resolvi me manifestar.
Nas minhas andanças, conheci "M" quando pequeninha (uma linda menina), noutra cidade, numa noite em que pernoitei na casa dos seus pais, por razões que nem lembro.
Passado tempo, quando fui visitar "M", dezenove anos depois. Fiquei mudo enquanto ela me contava uma história, prá "ilustrar" sua existência!
Parece-me um episódio das reportagens policial de TV, por isso a destinei para este espaço.
O pai de M é meu parente e de sua esposa separou-se. M seguiu nos braços de sua mãe. Crescia, quando ganhou um padrasto, outra casa, uma vida confortável, muito carinho e um toque sutil que a perturbava.
O padrasto investia numa aproximação imprudente de assédios a vista grossa da própria mãe.
Sem que me contasse os detalhes M, olhava baixo e fixo, e repentinamente como quem não quer chorar olha "por" alto.
Teve uma infância atormentada, os assédios se consumavam e perturbaram sua vida. Para se desencilhar das amarrar que a condenaram a ser um objeto. Um dia, sestrosa desabafou com sua mãe e para sua surpresa, já sabia de tudo. Argumentou, dizendo: se fosse para o bem de todos M deveria continuar "cedendo" ou abandonar a casa, pois ela (mãe) não suportaria perder um segundo casamento.
M sem entender e revoltada com a situação, pegou uma mochila de roupas e uma bolsa de cadernos, saiu de casa. Pediu ajuda a uma colega de aula e foi recolhida pelos pais desta.
Manteve-se e, não parou de estudar, sem nada dizer a ninguém. Magoas, rancores, ressentimentos...
Pude constatar que se trata duma bela pessoa. Triste, por sua própria vontade em silêncio se supera das feridas da mente, subjugamento e humilhação.
Pude ver em suas mãos, braços e rosto cicatrizes, algo que esconde. Marcas da falta de atenção dos genitores.
ALGO A SER CONTESTADO!
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.