Alberes Tinha a mesma idade minha e o dobro do peso, mais alto e forte. Forte como um touro.
Durante a tarde quando Alberes, Edu e eu fomos passear nos entornos dum CIRCO ENORME COM LONA COLORIDA MAJESTOSA, garantir o ingresso para o espetáculo da noite, fomos surpreendidos por um convite.
Refiro-me ao grande circo que fazia uma temporada em Santa vitoria do Palmar. (Mesmo circo descrito na história “Novidades”) anteriormente.
Estávamos a observar aqueles animais exóticos, que nunca havíamos visto na vida: camelos, zebras, porquinho da índia, angolista... E OS LINDOS E BEM CUIDADOS. CAVALOS DANÇARINOS, LEOPARDOS EQUILIBRISTAS, JAGUATIRICA VOADORA, URSOS PALHAÇOS, LEÕES FEROZES.
Um domador chamou Alberes e lhe perguntou se queria desempenhar um papel no espetáculo da noite e lhe fez uma proposta.
Trabalhar no circo, é isso mesmo!
Se tratava de vestir uma roupa peluda e preta com uma mascara de gorila e proceder como tal.
Corremos “pra” casa, para aprovar com os pais, o grande achado.
Alberes voltou à tardinha para o ensaio.
De noite na hora do show, AS PESSOAS PASSIVAS, Edu e eu, na arquibancada, esfregávamos as mãos, ansiosos para ver o desempenho do amigo.
Lá pelas tantas o apresentador com uma veste extravagante amarela e folhagens de bananeira, aos gritos, apresentou:
-Vem aiiii, - o maior - o melhorrrr - direto da África - do Congo - o Goriiila mais inteligente do Muuundo!
Luzes baixas, som de tambores rebimbaram e os holofotes focaram o gorila entrando na plataforma circular.
Quando escurecia rapidamente, a plataforma girava, trocado o gorila pelo Alberes, que vestido como tal “peludo” andava de bicicleta, jogava basquete, definia cores, números e formas, ambos preso com corrente no pescoço - ora um, ora outro, num piscar de luzes e giros de cenários a média luz.
Na terceira noite, foi perfeito: o povo iludido aplaudia o gorila de verdade que nessa instante retribuía com beijinhos.
Sabe, era um negócio bem bolado que iludia mesmo.
Alberes o gorila, era melhor que o próprio, em peso e burrice.
Não é que no alto do seu contentamento, nos bastidores, inventou de tirar uma “onda” com o gorila! Este lhe desferiu uma mordida no ombro baixando-lhe um “capote”.
Do show acabou no Hospital e definitivamente, no anonimato para sempre.
Como recompensa ganhou ingressos para outras noites, no qual ria do que era cúmplice, com o braço entalado.
A polêmica questão da destinação do prédio central dos correios do Rio Grande e o possível alargamento do Largo Dr. Pio, trouxe a todos nós o nome desse ilustre rio-grandino que a inexorável marcha do tempo vem tratando de apagar. Afinal quem foi o Dr. Pio?
Pio Ângelo da Silva, rio-grandino nascido a 3 de maio de 1.818, encontrava-se estudando enfermagem em Porto Alegre, em 1.835, quando se voluntariou nas forças farroupilhas, prestando relevantes serviços de enfermagem aos farrapos, evidenciando em tenra idade o seu espírito humanitário. Em 1845, formou-se em medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, completando sua especialização na França, na Universidade Sorbone.
Em 1856, retornou à sua cidade natal e passou a ter importante atuação no combate do “Chólera-morbus” que assolava Rio Grande, vitimando milhares de pessoas. Durante a Guerra do Paraguai, dirigiu a Enfermaria Militar do Rio Grande que se localizava na antiga Rua Yataí, hoje, Dr. Nascimento, na altura do nº 477. Por suas ações sociais e comunitárias e por seu elevado amor ao próximo ficou conhecido por todos os rio-grandinos, na época, como “pai dos pobres”.
O Dr. Pio findou sua existência em Montividéu no dia 14 de abril de 1.897 e seus restos mortais descansam no Cemitério Católico do Rio Grande.
Augusto César Martins de Oliveira
Coronel do Exército R/1, advogado e presidente da Liga de Defesa Nacional Núcleo Rio Grande
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.