Agora no fim da vida,
é tempo de despedida,
viagem só de partida,
jornada não escolhida.
Aquele que tudo fez,
agora está tão sozinho,
caminha devagarinho,
a espera de um carinho.
Aquele ser paciente,
que esteve sempre presente,
agora é como um repelente,
enchendo o saco da gente.
Muitas vezes desprezados,
esquecidos e desamparados,
tratam-os com intolerância,
abandonando-os a distância,
Familiares com lealdade,
tratam-os com dignidade,
dando-lhes calor e amizade.
Velhice não é sofrimento,
é ternura e encantamento.
Também não é decadência,
é apenas uma circunstância.
É preciso dar-lhes atenção,
amor, carinho e proteção,
para que a culpa e a aflição,
não deixe sequelas no coração.
Aquele que a todos fez,
agora está tão cansado,
caminha desengonçado,
a espera de ser amado.
Aquele olhar marejado,
agora já está focado,
naquilo que foi buscado.
Naquele lugar tão sonhado,
semelhante ao Eldorado,
jamais será desprezado.
Não sei em que cidade estava. Acredito que era na França ou Itália antiga num século anterior.
Sim eu estava lá! Sei que entrava num salão grande, alto, suntuoso, com belíssimos adornos, bem acondicionado e com um leve perfume no ar.
No fundo do salão um senhor vestido com roupas distintas semelhantes às eclesiásticas, me esperava sentado numa cadeira de espaldar alto e a sua frente uma mesa lustrada toda organizada como se fosse para uma audiência da realeza.
Ao seu lado postava-se um assistente de traje preto, portava um machado de dupla gume. Parecia um mordomo ou segurança.
O ambiente que me refiro ‘não sei’ se era no “Fórum”, Faculdade ou Palácio. O senhor que me aguardava, talvez fosse um lorde, político ou reitor.
Portava um olhar fixo, numa das mãos um “cetro”. De ante mão, com voz grave, no meu idioma, mandou me aproximar e alertou para desligar o celular sob “pena da lei”.
Lei que desconheço: multa, execução ou reprovação. Todo meu entusiasmo e admiração num segundo, transformou se em perturbação.
Quando recorri os bolsos, percebi que estava de pijama e calçava chinelos. Sinta o dilema, que passei.
Eu vou explicar!
De repente assustado levantei a cabeça. Nesse momento meu celular tocou na função “despertador” às sete e trinta da manhã.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.