Cresci ao lado dum CTG, vendo os piazitos dançando, sapateando e cruzando facões.
Sempre gostei de arte corporal aliada a musica. Sou movido pela nostalgia, predicado que a existência me reservou.
Entre tantas modalidades de sapateado: o gaúcho, o flamenco e o americano... São reveladores. Não sei se tem leveza ou delicadeza, mas sei que requer muita dedicação. O resultado é uma arte de puro charme.
Se lembro da chula? Como se fosse hoje.
Nos melhores anos da minha vida, em Rio Grande no Studio de Dança Heloisa Bertoli entre minhas atividades ouvia: 1, 2, 3... 7, 8, 9... Pra trás, frente, vira... Nos bastidores eu via o entusiasmo das bailarinas (os), flutuando próximo ao chão com sapatos com placas de metal. No principio era só isso, depois fui convidado para ajudar nos cenários das apresentações de fim de ano, no Teatro Municipal. Atrás das cortinas, cenários e no elevado sempre comandado pela Margarida Rache (cenográfica, figurinista), fui cenotecnico. Enquanto Andrea Rocha, Bruna Amaral, Elisa Spotorno, Isabela Brito, Israel Becher, Cinthia Fernandes, Bárbara Kraemer, Carolina Moreira, Laura Garrido Mariana Yunes, Isadora Bertoli... se desdobravam no espetáculo “só no sapatinho” e eu entre as coxias marcava o passo só de encantamento.
Quem não viu, perdeu. Natália Ramos Rios em 1997, com quinze anos de idade apresentando “um solo” com uma cadeira ao ritmo de “Beatriz de Chico Buarque”. Nos elásticos, Ana Cláudia Nunes a média-luz deslumbrava talento com técnica e beleza. Para cada ano três “pratos” diferentes.
Eu falo das fadas, Sininho e Peterpan do (Bira Lopes), das vestes coloridas, algodão–doce de (Shirley Nazário), das luzes vermelho rubi variando a outros tons e trilha sonora de (Leonardo Lino) e o escuro total voltando em segundo com cenários diferentes, tudo sobre o atento olhar da talentosa diretora HELOISA BERTOLI.
Há! Quanta tensão e quão bom era!
Meu filho mais novo, fazendo às lições escolares, me perguntou o que era a CPMF e por que havia tanta discussão sobre ela? Respondi-lhe, didaticamente, que era um imposto, Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira e que era cobrado dos cidadãos toda a vez que movimentassem suas contas bancárias. Expliquei, ainda, que fora uma idéia de um ex-ministro da saúde para que com essa arrecadação a saúde de todos os brasileiros melhorasse. Meu filho, então, debateu: mas se foi para o bem da população, por que houve a oposição de tantos políticos? Mais uma vez lhe respondi que não era bem assim e que na verdade todos os políticos eram ao mesmo tempo a favor e ao mesmo tempo contra. Como assim, indagou-me? E que ele foi criado pelo extinto PRN e aperfeiçoado pelo PSDB contra forte oposição do PT, durante o governo do PSDB. Depois, no governo do PT ele foi extinto pela ação do pessoal do PSDB contra a resistência do pessoal do PT e que agora o PT quer recriá-lo, mas encontra resistência do PSDB, entendeu? Mais ou menos, reforçando-me a pergunta: mas pai, ele não visava melhorar a saúde? Mais ou menos, também lhe devolvi a resposta, porque na verdade ele foi criado para isso, mas era aplicado em outras atividades reguladas por outras leis complementares durante os anos de sua vigência. Anos? Mas pai, ele não era provisório? Sim, mas tens que entender filho que o sentido de provisório do governo brasileiro é diferente do que prevê a nossa língua portuguesa e por isso por quase 15 anos esse imposto esteve em vigência com essa denominação, entendeu? Terminando o diálogo ele desolado falou: acho que não! Vou fazer minha lição de geometria é mais fácil e menos complicada.
Coronel da reserva do Exército e advogado
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.