Maria tinha 62 anos de idade, morava de aluguel há quase trinta anos, numa casa grande. Tudo nela funcionava: portas, hidráulica, luz, cortinas..., tinha um jardim na frente, um pátio arborizado dos fundos. Era linda, a casa que sonhava comprar pra si. Pagava em dia, via Banco.
Maria tinha uma amiga (Antonia), todos os dias quando saia do serviço, passava por ali, entrava um pouquinho, tomava um café ou simplesmente conversavam no ‘cancelo’.
Maria era vaidosa e vivia pro lar, enquanto os filhos iam estudar ou trabalhar, ela tornava aquele local mais aconchegante e limpo e estava sempre fazendo doces para os netos.
Numa tarde de novembro, o proprietário apareceu na frente da casa pediu a chave e com ar de arrogante, foi explícito:
- Quero a casa antes do fim do ano, porque você vai querer me tomar o imóvel na justiça, por usucapião... (Um meio de aquisição da propriedade através da posse mansa, pacífica e ininterrupta por um determinado período).
Maria proferiu: dali sairia só morta e justificou ter naquele lugar casado, criado os filhos, viuvado... Não via outra solução de imediato.
Maria ficou arrasada, nesse tarde seu mundo acelerou, já cedo da tarde esperava ansiosa por Antonia, sua conselheira mais próxima. Quando Antonia se aproximava, Maria anunciava que tinha algo muito importante para falar-lhe.
Justamente nesse dia Antonia estava apresada e de passada, disse que no outro dia bem cedo passaria para tal conversa.
Noutro dia quando Antonia ali chegou, bateu na porta, bateu na janela e nada. Ninguém abriu.
Maria estava morta!
Indivíduo impetuoso,
meditativo e misterioso.
Espiritualista sem religião,
místico na contemplação.
Chamam-no de irreligioso,
por não se ater ao poderoso,
Como não crê numa entidade,
dizem que não tem identidade.
Percebe na sua intuição,
ser o criador de sua criação,
escolhendo acreditar ou não.
Convive com humildade,
esquivando-se da falsidade,
assim como da arrogância,
a semente da divergência.
Como entre fé e ciência,
antagônicas na essência,
como num juízo final,
a luta do bem e do mal.
Crê no que pratica,
não é dono da verdade,
às vezes na escuridão,
não encontra a solução.
É um eterno procurar,
sem ter o que encontrar,
um eterno questionar,
sem ter o que revelar.
Há muito que caminhar,
muita cruz a carregar,
muito que experienciar,
muito a nos enganar.
Por isso que vai errante,
semeando honestamente,
mesmo sem comandante,
aquilo que é fecundante.
http://joaocarloscoutinho.blogspot.com/
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.