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sexta-feira, 12 de Novembro de 2010 | 14:24

O ano era 1930.

Dom Francisco com cinqüenta anos era casado com uma mulher bem jovem, linda e tinham três filhos pequenos. Era dono de uma fazenda na costa da Lagoa Mirim, não muito distante da cidade. Criava muitos bois, cavalos, ovelhas, porcos e galinhas... Tinha uma chácara de milho, batatas, trigo, feijão o ano todo. Tinha também uma horta, onde cultivava os temperos, chás e flores que ficava aos cuidados das mulheres.

Na sede da fazenda tinha um pomar, açudes, galpões, currais e um engenho movido em torno de um eixo com tração de um boi, onde era transformado milho e trigo em farinha de boa qualidade.

Na casa e seus arredores abrigavam vários agregados, forasteiros com seus cônjuges e filhos. Tinha também um negro velho que custava o que comia e um capataz na flor da idade, ágil, forte e eficaz. Dom Francisco ia à cidade rotineiramente, para vender seus produtos e comprar outros.

Um dia Dom Francisco ao voltar da cidade, à noite reuniu todos os subordinados para um dedinho de prosa e depois da janta saborosa (puchero).

Ainda insatisfeito do que pretendia descobrir, anunciou ter achado uma moeda de prata de 960 réis (ano de 1815).

O capataz mais que de depressa colocou a s mãos nos bolsos os apalpando e foi dizendo:

-É meu patrão.

Dom Francisco respondeu:

-É! Tem um probleminha; eu encontrei o dinheiro na minha cama!


Escrito por Gostaires Gonzales Acosta

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Perdido no tempo – dia 03 de novembro de 2010

sábado, 06 de Novembro de 2010 | 11:57

Esta é uma história que nunca foi revelada por razão que desconheço.

Num encontro que me fiz presente lá estava Raul, filho de Mauro. Raul meu parente e simpatizante do que escrevo, conversamos, rimos, comemos, bebemos...

Ele me disse:

Em 1946, eu tinha 14 anos de idade, residia em Curral Alto com meus pais. Certo dia um dos meus tios, que não posso dizer o nome, me convidou para ir a Pelotas fazer compras para abastecer a fazenda, local que ele não ia há muitos anos.

Tudo foi preparado com antecedência, o Sulky puxado por dois cavalos, bem cedinho nós partimos rumo à cidade Princesa do Sul. Para mim foi uma viagem fantástica, costeando a lagoa Mirim: areais, alagadiços e no trote largo passamos a Igrejinha do Taim com um cemitério nos fundos nessa época já em estado de ruína.

Daí em diante por estrada irregular, depois de quase um dia chegamos ao destino incluindo a travessia no canal de São Gonçalo de balsa, prá mim inédito.

Em pelotas pernoitaram na casa de um parente e no outro dia saíram para as cooperativas, armazéns, mercado publico,...

Meu tio nesse dia todo elegante, fez questão de ir numa loja bem antiga e tradicional onde eram vendidos aviamentos, (tecidos, linhas, botões...). Foi entrando e observado tudo com atenção como se procura algo em especial. Dirigiu-se a uma moçinha que aparentava uns dezoito anos, alta, bonita e gentil que por ali atendia e pergunto em castelhano bem aportuguesado:

-“Sois” daqui!

- Sim, moro perto; na rua “General Osório”.

-“Os te” se parece com uma namorada que eu “tuve” em 1928 e que trabalhava neste “bazar”.

Ela respondeu:

-Comentam que sou muito parecida com minha mãe quando guria. Ela trabalhou aqui vinte anos e se afastou por problema adverso.

- Como é o nome de “tu mama”!

-Julia, respondeu a moça.

-Julia, disse o tio.

E com os olhos cheios d’água ele a olhava. A moça parecia saber de alguma coisa que eu desconhecia.

Meu tio chorou, e eles se abraçaram, enquanto a moça dizia:

Papai, papai!


Escrito por Gostaires Gonzales Acosta

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Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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