Dias 7, 8 e 9 de outubro, estive em Santa Vitória do Palmar, pela ocasião da feira do livro. Cidade em que nasci e vivi até 1980. Foram três dias de intensa troca de conhecimento. Encontrei Quéro, Síglia, Léia Feijó, Kininho, Nelcy da Silva, Claudino da Silva, Ida Satte Alan, Marília Mendonça, Professor Homero, José Golgerci,Cláudia Schwab, Deise, Marilene, Anselmo F. Amaral, Dário Davi... No encerramento dia 9 à tardinha, falei ao publico, no Ginásio de Esportes Cardeal.
Ressaltei a necessidade de ler, ouvir e escrever. Quando estiver escrevendo é preciso refletir, o estímulo para a reflexão é o que você leu e ouviu antes.
Tchê! Fui rápido e iluminado.
Disse que ainda lembrava, depois de 45 anos da Eva Noska, uma professora que residia atrás da Praça Getúlio Vargas, onde ia tomar café com leite quentinho, quando tinha fome.
Olhando para as pessoas da platéia, falava do meu ontem, relacionando aos estudantes presentes e o que eu seria hoje se não tivesse estudado. Eu sentia cada professor(a) que também me olhava compenetrado(a) e isso me possibilitou a viajar pelo mundo que estou contando.
Encerrei dizendo que escrevera um livro MERGULHÃO - Um mergulho no passado, pra quem ainda não sabe ler, pra quem não estava presente e para pessoas como Tereza louca, Cocó, Zezinho, Edi Acosta, Banhado e ARANI... (todos esquecidos, ora desprovidos ou rejeitados parcialmente da sociedade). E por ultimo ressaltei a importância dos professores presentes: como educadores, dedicados à árdua tarefa de ensinar. Defini a diferença entre, falar e escrever. E a grande diferença reside essencialmente no fato de o interlocutor estar presente na hora da fala e ausente no momento em que lemos. Daí a necessidade da escrita, para registrar os fatos e principalmente para preservar a cultura.
Ontem por volta do meio-dia, a convite da bancada petista da Câmara, fui à solenidade de inauguração do Pólo Naval da cidade, no dique seco. Nunca tinha entrado naquelas instalações e, confesso, fiquei positivamente surpreendido com a extraordinária estrutura que é aquele complexo, tanto em termos de engenharia quanto em número de pessoas que lá laboram. É uma imensidão de trabalhadores advindos das mais variadas regiões do Brasil: catarinenses, gaúchos, paulistas, cariocas e nordestinos, apenas para citar alguns sotaques que ouvi enquanto lá estive. As vestimentas dos operários vão do laranja da Petrobrás ao azul das empresas de montagem e manutenção. É uma salada de cores, que devido ao motivo do porquê estarem ali, causam alegria.
O dique propriamente dito é, segundo o Presidente da Petrobrás, Sr. Sérgio Gabrieli, o segundo maior do mundo e o primeiro construído no Brasil. Nele, serão construídas plataformas de exploração de petróleo em série, um fato inédito no país.
É claro que o grande momento daquele início de tarde, seria o descerramento oficial da placa de inauguração do Pólo Naval da Cidade, que seria feito pelo Presidente Luis Inácio Lula da Silva. E assim aconteceu. Naquele recinto fabril, Lula foi recebido como um verdadeiro pop-star; na primeira fila, defronte o palco, uma operária segurava de maneira vibrante, uma foto em que aparecia junto ao Presidente Lula –provavelmente fruto da última visita presidencial feita à Cidade do Rio Grande.
E o presidente já entrou falando do Internacional, do Grêmio e do coringão. Que empatia tem aquele pequeno homem de barba branca! Ontem eu compreendi o porquê de tamanha popularidade do presidente petista: é um homem de extremada simplicidade e simpatia. Prova disso, foi quando da oportunidade em que o governador eleito Tarso Genro e outras autoridades usaram o púlpito: Lula não parou de trocar acenos e sorrisos com quem ali estava; uma atuação cativante.
O presidente, que é conhecido pelos seus improvisos de última hora, usou a expressão complexo de vira-lata, para designar aquela crença alimentada entre os brasileiros, de que somos um povo inferior aos outros, de que não temos condições nem preparo técnico para fazer. Trouxe à baila diversos exemplos de onde somos superiores a outros países, com destaque para os esportes, a taxa de desemprego e a própria indústria naval.
Não esquecerei tão cedo esta expressão adotada pelo nosso presidente, pois é bem assim que muitas vezes vejo a mim e a grande maioria das pessoas, que ficam acuadas em seus cantinhos, com a cabeça baixa e inundada de crenças negativas e delimitadoras. Sonhar é possível, e fazer acontecer depende de nós. Deixe de ser vira-lata. Eu deixarei, e você?
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.