Em recente entrevista com o Monge ordenado no Budismo Zen, Jorge Mello, natural de Itaqui/RS, ao Blog do Alfaro, pudemos conhecer mais de perto o autêntico Budismo (563-483 a.C), ou pelo menos aquele que não se deixou contagiar por influência de idéias e doutrinas ocidentais, não tradicionais, como o Espiritismo e a Sociedade Teosófica, que causaram uma série de deformações e alterações doutrinárias de caráter bastante grave nas filosofias orientais, a partir da metade final do século XIX. Para o Budismo não corrompido - pelas falsas idéias “espiritualistas”, você só vai nascer biologicamente UMA VEZ. Ou seja, você só vai ter um nascimento biológico (com gestação, parto, infância, adolescência, maturidade, velhice e morte). O Budismo não aceita reencarnação, espíritos, Ser Superior, pois essas são idéias que não tem nada a ver com tradições autênticas da Antiguidade.
NA PALESTRA DO MONGE BUDISTA TIVEMOS CONHECIMENTO QUE:
Não há distinção entre a divindade (Buda) e a humanidade (mortais comuns). Em nenhum sentido o Buda é tido como um ser superior, supremo ou transcendental.
É a filosofia do “conhecer a si próprio com profundidade e propriedade”. “Iluminar” é uma metáfora para “compreender” a vida.
Na prática, significa reconhecer a essência da vida para remover a escuridão e a ilusão ali instaladas por especulações promovidas por práticas religiosas que deram outro sentido à vida que não o original.
Promover mudanças em si mesmo e, consequentemente, nas suas próprias atitudes, a partir do entendimento do mecanismo de funcionamento da vida.
Eu sou o meu próprio ambiente. O meu ambiente é a manifestação da minha vida. Este é um dos princípios fundamentais do budismo: o meio ambiente em que vivemos é exatamente o reflexo da nossa vida, e efeito de causas feitas no passado.
Buda ensinou que tudo é vazio de auto natureza, que a vida é insatisfatória, que o sofrimento vêm através do desejo ou da afeição, e que a suspensão do desejo leva à libertação do sofrimento.
No budismo não existe um ente superior ou inferior ao qual as pessoas devem obediência. Há uma lei natural ou uma lei universal natural, única para tudo e todos.
AS QUATRO VERDADES NOBRES
Toda a vida é sofrimento;
A origem do sofrimento são desejo egoísta e os apegos de qualquer tipo;
A extinção do sofrimento é obtida pela cessação dos desejos egoístas e dos apegos;
O caminho que conduz à libertação do sofrimento é o Nobre Caminho Ócuplo.
NAS PALAVRAS DE JORGE MELLO:
“Se nós considerarmos como religião, algo que constitui-se no intermediário entre o ser humano e o transcendente, ai o Budismo deixa de ser uma religião, porque ao contrário de outras tradições espirituais o Budismo não se baseia numa revelação, e sim, na experiência de cada praticante. O Budismo incorpora a cultura de cada região.”
“O budismo se baseia na sabedoria e na compaixão. O budismo tem uma transmissão direta. Não há uma revelação. Uma coisa, um livro que se leia e as coisas acontecem. Não tem como base a reencarnação. É o contato direto. Aprende-se diretamente com o professor, que aprendeu com seu professor e assim sucessivamente, até o Buda histórico. A sabedoria em certo sentido é prejudicada pelo conhecimento. Pela nossa natureza humana, como ser humano, na medida em que sabemos mais, começamos a pensar que sabemos tudo. E isso é um grande obstáculo a verdadeira sabedoria. A sabedoria tem que ser pura.”
“O ser humano é por natureza imperfeito. É um vir a ser. Somos seres que se constroem nas relações. Desse modo, não há o fim na nossa jornada. A jornada é próprio momento presente. Isso foge do raciocínio de que as coisas tem uma causa e que dali surge um efeito. A visão budista concebe as coisas como um processo contínuo. Em que causas e condições geram efeitos que se tornam causas e condições de novos efeitos e assim por diante.”
“Conduta sexual inadequada é aquele que decorre da cultura que hoje é muito dominante, do descartável. A sexualidade correto é aquele que baseada na relação de afeto, ou se quiser, chamar de amor, um termo hoje tão desgastado, que assim seja. O outro é uma pessoa, a sexualidade não é exercida com um corpo e sim com uma pessoa.”
“Quando nos referimos ao Nirvana, ausência de ventos, a gente tende a comparar naquela cultura que nós fomos criados. Se nós fomos criados numa cultura judaico-cristão, então tem o paraíso. O lugar que não é aqui. Mas se não existe aqui, provavelmente não vá existir em lugar nenhum.”
“Nós vivemos hoje como seres humanos, de uma maneira geral, um crise sem precedentes de isolamento. A solidão em termos existenciais é muito produtiva. Já o isolamento como a pobreza é debilitante, eu não consigo estabelecer um vínculo, uma relação. Isso é desesperador. É desesperador para a estrutura do ego como tal e para a natureza humana que está muito além do ego.”
“Nós somos seres de relações. Nós nos construímos nas relações, nós nos nutrimos nas relações e nós geramos benefícios nas relações. A prova mais evidente disso é quando algo muito bom acontece. Esse algo muito bom quando acontece se torna muito melhor quando a gente partilha. Isso é a natureza essencial do ser humano. Quando partilhamos algo bom, o prazer aumenta.”
“Na pratica a gente sabe que uma alimentação vegetariana proporciona condições melhores para uma prática meditativa e para uma vida emocional mais estável. Mas isso não é uma regra. O vegetarianismo não torna ninguém melhor. Existem muitos vegetarianos que são insensíveis e muitos carnívoros que são compassivos. O importante é que cada um coma aquilo que precise e dignifique aquilo que está comendo. Que dignifique aquela vida que está nos dando o sustento e o sacrifício que foi feito, mesmo por uma cenoura, com ações virtuosas na vida.”
“Conforto é a parte da felicidade que nós podemos comprar. Mas, lamentavelmente, a partir de um determinado limite não tem mais como comprar, porque não tem mais como usufruir. Conforto se compra, felicidade se vivencia.”
“Felicidade é um estado subjacente que vai além da alegria e tristeza. É um estado da mente. Não tem como acumular felicidade.”
“Sucesso é aquilo que eu obtenho e satisfaz os outros. Realização é aquilo que eu vivencio e que não tem nada a ver com a expectativa dos outros.”
“Se você é um budista, um muçulmano, um cristão, um judeu, um ateu, o ou que for, se preocupe mais em praticar o bem e não causar o mal, e ter uma mente pacífica. A forma é só uma forma. O mais importante é que sejamos seres humanos autênticos, inteiros e de relações positivos. O resto é apenas algo que facilita. São meios hábeis. O mais importante é que a vida tenha sentido.”
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Existem certas lições que às vezes demoram muito mais tempo que deviam para ser entendidas por alguns. O general chinês Sun Tzu escreveu em sua obra prima da estratégia militar “A Arte da Guerra” por volta do século IV a.C., varias lições que servem não apenas para o campo da guerra, mas também para a política e para a vida em geral. Uma destas lições, provavelmente uma das maiores da obra, serve para os políticos liberais e conservadores do Brasil, hoje em dia mais do que nunca: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.”.
Os políticos brasileiros de direita e centro, posições que englobam um vasto espectro de visões políticas, no mais das vezes, não conhece bem nem suas vertentes políticas nem a de seus oponentes. Poucos liberais têm o domínio das teorias sociais e econômicas que o liberalismo prega, o mesmo pode ser dito da maioria dos conservadores. Crêem, de maneira errônea, que suas noções empíricas das correntes políticas que advogam bastam no jogo político de hoje. Já os políticos, e militantes, de esquerda* tem, tanto quanto possível, o domínio da visão teórica de mundo de seus grupos políticos.
Graças a este erro, crasso, de estratégia os políticos de direita e centro estão atrasados dois séculos no jogo de poder político no Brasil. Se dominassem ao menos a visão teórica que sustentam poderiam defender publicamente com grande facilidade seus ideais, usando de argumentos claros e lógicos frente às lamurias e amontoados de bobagens usadas pela maioria dos esquerdistas de carreira para validar suas opiniões.
Um grave erro que advêm da desconsideração da teoria é a ausência da militância de direita e de centro. Aqui escreve um militante liberal, com alguns “toques” de conservadorismo (dos quais falarei em um outro artigo em breve), acho que isso já ficou claro por meus outros artigos. Quantos outros militantes liberais ou conservadores o leitor conhece? O numero dos que conheço pode ser contado nos dedos de uma mão. Quantos militantes de esquerda o leitor conhece? Conheço tantos que já perdi a conta.
Os militantes de esquerda, filiados ou não a partidos, são pessoas que pensam todos os dias em política, tentam convencer (em alguns casos converter) as pessoas em prol de suas causas e estão sempre próximos a candidatos dos partidos. A maioria das pessoas que defendem pontos de vista de centro ou de direita tende a agir politicamente apenas a cada dois anos, durante o processo eletivo. Os militantes de esquerda estão espalhados nos mais variados setores da sociedade civil, nas instituições de ensino, nos serviços públicos, nas ONG’s, nas igrejas, etc. Agindo de forma partidária sempre que possível.
Se José Serra fosse eleito e de alguma maneira seu mandato fosse posto em risco por uma manobra político-jurídica quantos militantes de direita/centro sairiam às ruas para defendê-lo? Provavelmente “uma meia dúzia de gatos pingados”. As pessoas de visão conservador-liberal tendem a ter confiança nas instituições democráticas, mesmo quando elas estão aparelhadas pelo “partido-estado”, como estão atualmente, logo deixariam ao judiciário decidir os rumos do país. Se ao invés de com Serra isso acontecesse à Dilma há um verdadeiro exercito de militantes preparados para sair às ruas e defende-la.
Dois erros, um em decorrência do outro, que nos trouxeram até onde estamos, à beira do abismo da “ditadura plebiscitária”. Sendo cada vez mais acossados pelo Castrochavismo, sempre bem vindo pela esquerda brasileira.
A direita e o centro tem que se conhecer e ao inimigo. Assim poderão trocar seus “arcos e flechas” por armas modernas e poder lidar de igual para igual com a esquerda na batalha ideológica da atualidade.
*Quando escrevo esquerda em meus artigos estou falando de todas as vertentes do marxismo e anarquistas, teorias que acredito que não mereçam espaço no cenário político contemporâneo. A outros grupos que são de esquerda como os social democratas ou os socialistas fabianos que merecem seu lugar na política democrática, pois respeitam suas regras e não apenas as usam até a tomada do poder.
Texto escrito por Lidio Lima Jr. estudante de História Na Universidade Federal do Rio Grande.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.