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A Baleia

quinta-feira, 02 de Setembro de 2010 | 14:59

Esta semana foi notícia nos principais telejornais o salvamento da Baleia encalhada no nosso litoral. Sim, apesar de nossas praias não existirem para a imprensa do centro do país, graças ou infelizmente, por causa da tal Baleia, Capão da Canoa virou notícia nacional. Foi notável a atuação voluntária dos Biólogos, Ambientalistas e da população para salvar o animal.

Mas a notícia sobre Baleia que gostaria de abordar é a originada do comentário de uma Repórter de uma grande rede de TV, que na sua página pessoal no Twitter, referiu-se a cantora americana Mariah Carey, que veio ao Brasil para se apresentar no Rodeio de Barretos, dizendo: “....Mariah Carey???.. Que bucho!!! Uma Baleia gente!!!”. A referida cantora, embora também seja admirada pela sua beleza, é reconhecida internacionalmente pelo seu talento musical. Ocorre que, segundo os “Fiscais da Beleza”, o seu corpo esta acima do peso e, não importa o motivo, ela não esta de acordo com o que deveria ser em termos de Padrão de Beleza, por isto o comentário “maldoso”.

Agora pensem em uma criança que escuta um comentário destes sobre uma artista famosa, partindo de uma profissional Jornalista e formadora de opinião, o que ela vai pensar? Claro, vai pensar que ser gordo é feio, é Baleia, é sinônimo de rejeição, preconceito e discriminação, logo, vai fazer de tudo para ser magra, não importando a que preço.

Por que estou trazendo este assunto? Ora, este tema é recorrente em todos os jornais e revistas, cujas reportagens não cansam de mencionar os problemas que os jovens vêm sofrendo em razão desta verdadeira ditadura do “Culto a Beleza”, onde o jovem deixa de comer o que gosta, deixa de freqüentar os lugares que gosta, passa a ter problemas psicológicos e físicos em razão de não ser magro e bonito.

Segundo pesquisa da Agency for Healthcare Research and Quality, agencia americana voltada para a melhoria dos atendimentos de saúde, divulgada em reportagem da revista Época, o percentual de crianças doentes que chegaram aos hospitais americanos cresceu 119% entre 1999 e 2000, dados que se assemelham em todas as partes do mundo. No Brasil não é diferente. Muitos jovens estão morrendo em decorrência da Anorexia que é a doença psiquiátrica que mais mata no mundo. Além disto, há o Builing nas escolas e no trabalho é mais um trauma para estas pessoas.

E tudo por quê? Por causa da nossa sociedade preconceituosa com as pessoas que não são magras e bonitas o bastante, de acordo com padrão de beleza estabelecido, onde os verdadeiros valores das pessoas são submetidos a segundo plano dando-se destaque somente a aparência, a exemplo do comentário da citada repórter.

http://candidocoutinho.blogspot.com/


Escrito por Candido Coutinho

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Itinerante

terça-feira, 31 de Agosto de 2010 | 14:57

Lá em Santa Vitória do Palmar, andou um teatro itinerante, fazem muitos anos. Eu tinha uns doze anos. Lembro como se fosse hoje.

À noite, as pessoas que não assistiam ao espetáculo ficavam na frente ouvindo e olhando o movimento. Eu era esmirradinho sempre descobria um lugar ‘pra’ frestiar.

Uma noite estava espiando a encenação do teatro por um buraquinho na estrutura metálica. Fiquei gelado; lá dentro tinha um cemitério com túmulos e tudo, dois homens resolviam na força o amor de uma mulher. Um deles matou o outro com uma arma.

Eu que nunca havia visto, levei um susto e perdi o foco, para não levar tiro.

Logo em seguida quando retomei, uma menina entrou em cena; bonita, bem clarinha e de cabelos compridos, procurava entre os túmulos pelo seu pai, dizendo: Papai, a mamãe está te chamando!

Sabe a encenação era tão envolvente que um ‘bobão’ da platéia gritou:

-Mais para frente, olhe ele esta caída entre os túmulos!

Eu lá fora assistindo fiquei apaixono pela guria.

Comentei em casa. No próximo espetáculo, dividindo o espaço com o meu irmão Jorge, enquanto um olhava, o outro ouvia a história. Mas o que me interessava mesmo eram as cenas que envolvia Sofia. Quando anunciaram a ultima semana do teatro na cidade, eu já estava com ingresso garantido, pois por ali já trabalhava, fazia bico de limpeza de pátio, cadeiras, enrolava dezenas de cordas... e as noites com um caixa com saquinhos de pipocas, vendia assistindo aos espetáculos.

Sofia era maravilhosa, a mais lindas das criaturas, ela já me conhecia e quando atuava com um olhar inabalável focava lá no fundo da platéia, onde eu estava. E eu pensava que era porque meus olhos brilhavam. E agora penso: Onde andará Sofia?


Escrito por Gostaires Gonzales Acosta

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Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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