Neste domingo, assistimos estupefata uma reportagem especial do Fantástico que mostrou como funcionam as clínicas e consultórios que fazem abortos clandestinos por todo o País. Na realidade o que foi mostrado foi à banalização do aborto feito em clínicas clandestinas, onde o risco de morte e infecção é muito grande haja visto o não aparelhamento das mesmas. Com certeza esta reportagem vai abrir novamente a discussão sobre a descriminalização do aborto no País.
Nas diversas vezes que me pronunciei sobre o assunto, sempre me mostrei favorável a descriminalização do aborto, não pura e simplesmente pela banalização do mesmo, mas por respeito à mulher que opta por fazê-lo e pelo número de óbito que esta clandestinidade produz já que a proibição e a ilegalidade não promovem a redução do mesmo.
A opção de fazer um aborto é uma decisão a qual muitas mulheres têm que tomar e isso não pode ficar atrelado a dogmas como: ninguém tem o direito de tirar a vida humana inocente; o aborto, em qualquer estagio de desenvolvimento fetal, significa tirar uma vida humana inocente, mas, a legislação precisa avançar e evitar as estatísticas de que mais ou menos 750mil mulheres fazem um aborto clandestino e uma grande maioria adoece ou morre vítimas desse aborto mal feito, aumente.
As organizações não governamentais, Grupo Curumim e o Ipas Brasil, em um estudo nos dizem que a morte por aborto é a terceira no País e que no Norte e Nordeste o abortamento chega ser o primeiro em morte de mulheres em idade entre 15 e 29 anos e de classes pobre.
Na América Latina, onde a interrupção voluntária da gravidez é considerada crime, são realizados anualmente quatro milhões de abortos clandestinos, segundo estatísticas do Instituto Alan Guttmacher. No Brasil, como a prática do aborto é tipificada como crime pelo Código Penal desde 1940 – só não é punida nos casos de estupro e risco de vida para a mãe – estima-se que entre 750 mil e 1 milhão de mulheres estatísticas do mesmo instituto, a grande maioria delas pobre, têm de recorrer ao aborto clandestino.
O “Dossiê Mortes Preveníveis e Evitáveis”, da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, no dá a estatística de 250 mil internações nos hospitais do SUS por complicações decorrentes do aborto inseguro. Então não podemos ser hipócritas ao ponto de fazermos de conta que estes fatos não estão acontecendo, ou se estão, não nos diz respeito.
As estatísticas apresentadas são dramáticas e demonstra a incapacidade do sistema de saúde em promover informações suficientes para prevenir as gestações indesejáveis, por isto, no meu entender a lei deve ser revista e junto com a descriminalização do aborto um programa de informação, maciço, impactante para evitar as gravidezes indesejadas. O que não podemos fazer é fechar aos olhos e fazer com que nada esteja acontecendo num país onde a pratica ilegal do aborto é clandestinamente realizada levando a morte milhares de mulheres.
Finalizo com uma citação do Dr. José Henrique Rodrigues Torres: Descriminalizar o aborto não significa deixar de proteger a vida. “Repito: não significa deixar de proteger a vida.”
Lá de onde venho é muito frio no inverno. Me criei com pouca roupa e devo ter acostumado. Era campanha e tudo bastante precário, vida confortável não havia. Fogão a gás, geladeira, TV, banheiro, lanterna... que nada!
Um radinho, maquina de moer trigo, machado, fogareiro primo, lampião Aladim... mesa e bancos. Bem que, na minha lembrança, não faltava qualquer coisa, tudo tava condizente a época e a criação. Muita galinha e hortaliças, muito espaço e ovelhas, viagens a cavalo e muita gente estranha, novidades todo dia e muito barulho ao longe dos automóveis nas estradas. E não era só.
O tempo foi passando lentamente e as coisas a meu redor, a toda maquina, nas lavouras de arroz, nos caminhões de gado, na eletrificação rural, no rádio comunicador a bateria... Veja já acelerei o tempo.
Não antes:
Dos banhos frios, deitar à lamparina, tirar leite de madrugada, prover lenha e água todo dia, benzer a plantação de milho contra a lagarta, cuidar o rebanho na parição, colocar cangalha nos porcos... Nas horas de folga derrubar ninho de caturrita, caçar preá por entre os tojos, colher ovos de quero-quero... Num lugar mais distante buscar butiá, pitanga e marmelo para nos dias de chuva passar horas e horas a beira-fogo mexendo os tachos de marmelada.
E eu, bem guri, nunca reclamava do frio!
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.