Tive a honra de comandar por três anos a unidade do Exército Brasileiro cuja denominação histórica referencia Tamandaré, isso reforça a honra que tenho em prestar esta homenagem a Joaquim Marques de Souza, o Marques de Tamandaré. Este verdadeiro herói da Marinha do Brasil e motivo de orgulho de todo o povo rio-grandino, num Brasil que não reconhece seus verdadeiros heróis.
O menino Joaquim era um predestinado, seu padrinho de batismo foi o legendário fronteiro Marechal Manoel Marques de Souza, herói da Guerra da Reconquista. Passou à infância debruçado no sangradouro da Lagoa dos Patos, herdando do pai, Francisco Marques Lisboa, há cerca de três anos consagrado Patrono da Praticagem do Brasil, a vocação e a paixão pelo mar. Ainda na adolescência, teve seu batismo de fogo, a bordo da fragata “Niterói”, como praticante de piloto, ao comando de Taylor que, integrando a Esquadra Brasileira de Lord Cockrane, combateu os portugueses na Guerra da Independência, na Bahia, em 1823.
Tamandaré foi o mais perfeito marinheiro que a Marinha Brasileira conheceu e por méritos próprios e bravura em combate, alcançou os mais altos postos da hierarquia militar, sem nunca ter perdido a simplicidade e o espírito do verdadeiro marinheiro.
Seu maior feito militar foi haver comandado a conquista da cidade oriental de Paissandú, em janeiro de 1865, durante a Guerra da Tríplice Aliança, vitória que assegurou às forças militares do Brasil, posição estratégica na vigilância de fronteira, além de abrir os portos à posse de Montevidéu.
Tamandaré representa grande parte da História do Brasil. Gustavo Barroso sintetizou nestas poucas palavras os 67 anos de seus ativos serviços prestados à Marinha e ao País: “Foi Tamandaré marinheiro do primeiro e segundo Império, que vira o Brasil Reino, guerreara na Independência, no Prata, tomara parte ao lado da lei em quase todas as convulsões da Regência, criara e legara a vitória no Uruguai e no Paraguai à Marinha, do segundo Império, assistira a Proclamação da República, a Revolta na Esquadra, pisara o convés de tábuas dos veleiros e na coberta chapeada de ferro dos encouraçados, vira a nau e o brigue, o vapor de rodas e o monitor e a couraça e o torpedeiro destinada a vencê-la”.
O mesmo autor escreveu, ainda, sobre as ações humanitárias de Tamandaré, a propósito de um salvamento na Amazônia: “A esse homem que nascera predestinado às lides guerreiras, o destino reservara miraculosas salvações de navios e pessoas. Fizera-as já no Rio da Prata, nas águas plúmbeas da Patagônia, acabava de fazê-las no Mar Dulce da Amazônia, fá-las-ia ainda nos mares da Europa e do Brasil”.
O Velho Marinheiro, como gostava de ser chamado, findou sua existência aos 88 anos, em 20 de março de 1897, no Rio de Janeiro. Dispensou honras fúnebres. Seis marinheiros de sua gloriosa e querida Marinha o transportaram da sua casa ao carro fúnebre. Hoje seus restos mortais estão sob a Guarda do 5º Distrito Naval e seu espírito vive em cada marinheiro brasileiro.
A memória de Tamandaré é fonte de patriotismo e honradez para o Brasil e por ter sido fruto desta terra deve, também, encher de orgulho e inspirar virtudes a todos os papareias.
Aos poucos percebo a necessidade de me expor ao vento como as sementes, ou seja, de me por a prova daquilo que busquei ‘pra mim’. Ao escrever meu primeiro livro, às vésperas do lançamento, tenho sentido uma enorme ansiedade. Sei, é tarde! Não dá mais para reter as máquinas que, com dia marcado, me tiram o sono, tornando as noites longas. Bem que dispus de uma equipe maravilhosa, gente talentosa que, com certeza, amenizou meus lapsos, erros.... Meu primeiro livro! Resultado de um longo e minucioso estudo, com vistas a apresentar um grupo de pessoas que passava despercebido: os Gonzalez, formador de uma árvore genealógica de oito gerações, ao longo de 200 anos. A matéria realça origens, costumes, sacrifícios e glórias; descreve o chão dos “campos neutrais” e enaltece minha terra, Santa Vitória do Palmar. Lembro com saudosismo as palmeiras, os amores, a labuta... Ao longo da minha existência, tenho sido testemunha do espaço e do tempo, o que se soma aos apontamentos e leituras investigativas. Eis que, por fim, me descobri num documentário histórico, após muitos anos de pesquisa. Exponho-me num retrato próprio da época e da região em que se desenha, recordações ora transcritas, configurando, para mim, um achado inestimável. Para ser mais sutil, amenizo os desalentos e torno clara a intenção de proteger a dignidade dos envolvidos, bem como seus atos idôneos. Este trabalho, penso ter sido um dos meus feitos que mais levantou minha autoestima. Isso tem sido fascinante, para simplificar! Numa inusitada investida, gostaria de comunicar aos leitores deste blog do meu amigo Alberto Amaral Alfaro que pretendo editar um segundo livro, já escrito, dando sequência ao presente. Mais empolgante, contendo histórias nunca mencionadas, mitos, lendas de tirar o sono, para quem tem algo em comum comigo. Não importa que seja alguém com mais idade ou mesmo jovens, basta que apreciem ler.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.