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Ricardo Farias Carvalho, é Psicólogo formado em teoria psicinalítica e suas aplicações psicoterapeuticas e com especialização em Psicologia Clínica e Psicoterapia cognitivo e comportamental. Atende na Rua Dezenove de Fevereiro, 593/301 – Fones: (53) 3232-4677 e 8437-1066/8166-6324 – E.mail: ricardof.carvalho@uol.com.br.


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PÓ COM TECLAS

sábado, 17 de Maio de 2014 | 18:00

Certo dia, participava de um aniversário e, na mesa, predominantemente, constavam indivíduos adultos. Num determinado instante, sentou ao meu lado um adolescente. Pessoa simpática e “boa gente”. Quase que imediatamente me voltei para ele e começamos a dialogar. Conversa vai, conversa vem, e, quando num milésimo de segundo, dei atenção para alguém próximo, fiquei surpreso com um novo elemento. Um belo celular fezcom que eu sentisse a interação “diferente”, ou seja, já não possuía a qualidade inicial. Algumas frases colocadas “por obrigação” e dedos a funcionar de maneira alucinada. Lá pelas tantas, não aguentei e perguntei com quantos estava falando naquele momento. O diálogo entre dois, simplesmente, continha mais dez.

O fato supracitado desencadeou lembranças da minha infância ou adolescência. Os pais pegavam cadeiras de madeira e lona, geralmente listrada, chimarrão e iam para frente das casas conversarem e as crianças ficavam brincando. Olho no olho. O tempo passou e,para marcarmos um encontro, o telefone era raramente utilizado. Vejam bem, marcar um encontro. Roda, risadas, sentimentos e papos “ao vivo e a cores”.

Confesso o meu espantoao perceber que, numa mesma residência, familiares conversam por meio dos notes, celulares, etc. Uma distância mínima que se transforma em infinitas milhas. O dito “normal” é incorporado gradativamente. Indivíduosunidos, porém, separados.

Neste sentido, me causou perplexidade uma espécie de prisão na China para pessoas viciadas na parafernália eletrônica. Em fila, jovens caminhando rumo a uma cela. Grades grossas, guardas, visual horrível ou sombrio no todo. Somado à aparência deplorável, uma rotina de exercícios do tipo militar. Ademais, serviço caro. Alguns, após um período, extremamente abalados, choravam copiosamente no que se deparavam com a impossibilidade real de usarem qualquer instrumento gerador do vício.Deste modo,um conjunto de sintomas com o impedimento era apresentado. Portanto, a conhecida “síndrome de abstinência” passava a ter peso.Não obstante,a família era impossibilitada de visitas. Inferno. “Pó com teclas”. Sinais da modernidade.

Hoje, não raro, temos jovens que perdem o sentido para as facetas práticas da vida. A desmotivação, além dos aspectos pertinentes à fase, certamente está ligada ao uso contínuo e intenso da sedutora eletrônica. Um mundo à parte é criado defensivamente. Os enfrentamentos, frustrações, entre outros, são deixados de lado em prol de “satisfações controláveis”.

No meio da rapidez do processamento ou intensificação, encontram-se os pais. Atordoados, atônitos, ficam em constantesconflitos entre o permitir, proibir ou limitar. Verbos complicadíssimos. Precisamos refletir e agir diante da constatação de que nossos filhos acordam e dormemsubmetidos a teclas. Estão sendo os chineses exagerados ao compararem o uso demasiado da internet com drogas pesadas como a heroína?


Escrito por Dr. Ricardo Carvalho

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QUEM SOU

Alberto Amaral Alfaro

natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.

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