O Brasil desde a ascensão do Petismo ao poder vive numa verdadeira salada ideológica, basta que vejamos os partidos que fazem parte da base aliada ao governo, que vão do PP ao PCdoB, para ter-se a idéia de arco de interesses, que vai da extrema direita a extrema esquerda, todos potencializando nesse imbróglio seus “extremos interesses”.
Dentro dos setores principais da máquina pública, também sem ideologia alguma, focada na manutenção de privilégios corporativos, cresceram as representações sindicais, fazendo com que alguns analistas mais cáusticos definam essa influência avassaladora de “República Sindical do Brasil”, estou entre esses.
O instituto universal da greve, regulamentado no artigo nono da Constituição Federal, com o advento dessa “República Sindicalista” vem sendo amassado e desconsiderado, visto que segmentos responsáveis por serviços ou atividades essenciais entram e saem de paralisações e greves sem punição, quase sempre anistiados, nesse novo e tendencioso jeito de interpretação das leis.
Para coroar toda essa desordem tolerada, os policiais militares de diversas unidades da Federação desencadeiam greves que deixam atônitos os contribuintes brasileiros, submetidos à insegurança, que só no Estado da Bahia, tiveram como conseqüência, em apenas uma semana de paralisação o crescimento do número de homicídios em 132%, sem falar nos prejuízos econômicos e de imagem para todo o País.
A Constituição é clara no seu inciso 4 do artigo 142: “Ao militar são proibidas à sindicalização e a greve”. A greve é um tema social, mas nesses casos ela é inconstitucional, é ilegal. Cabendo ao Estado assegurar a cidadania o seu fiel cumprimento.
Só como argumento, considerando-se a largueza de interpretação de segmentos influentes do Governo, ainda que fosse entendido aos grevistas esse direito na condição de servidores públicos, ainda assim seria ilegal, porque não foi respeitado o limite mínimo exigido por lei de 30% dos servidores trabalhando, para os serviços essenciais. Veja o perigo, caso essa prática se propague como esta sendo anunciada, ameaçada.
Além de sindicalista nossa República também é a dos neologismos, usando o antigo ardil de “dourar a pílula”, lembram dos malfeitos?... Pois bem, entro nessa onda, o titulo deste artigo é auto explicável: “Prisco é o modelo sindical brasileiro”, por dois motivos elementares, primeiro por ser antiquado, vetusto; segundo por permitir que um “arruaceiro profissional”, que é esse ex-PM baiano Marcos Prisco, expulso das fileiras da Policia Militar da Bahia em 9 de janeiro de 2002, dez anos atrás, seja o líder desse motim criminoso que atemoriza a cidadania baiana e brasileira.
Somos educados ao hábito de comparar, tanto que o exercitamos automaticamente, de forma natural. Achamos normal ficar “carimbando” pessoas a partir da sua aparência ou comportamento, tanto para o bem como para o mal. O que importa é comparar, até inconscientemente.
Parecido não é igual, há diferenças até entre os gêmeos univitelinos, idênticos. Cada um de nós é um universo, particularíssimo, com virtudes e defeitos, lado bom e ruim, dentro de nós, na nossa personalidade. Persiste, não obstante, continuamos comparando, para mais ou para menos, nunca empata.
Ficamos lisonjeados com as comparações positivas, relativas ao talento, ao caráter, e enlouquecemos, até no ambiente familiar, quando usam exemplos de conduta que abominamos, entendemos como ofensa, e geralmente o são. Nas discussões as comparações são sempre armas muito poderosas, letais.
Levantei esse tema das comparações por ser um “comparador inveterado”, já próximo de um tratamento, variando o meu ânimo de acordo com comparação feita a meu respeito. Alguém, por acaso, está imune aos efeitos, positivos e negativos, das comparações? Ainda não encontrei os que convivem comigo afirmam o mesmo que afirmo: “Não me importam as comparações!”, mentira, importam e muito.
Pois bem, décadas atrás, o então Prefeito de Rio Grande, Abel Abreu Dourado, de quem fui Secretário do Trabalho e Ação Social, comparou-me ao Jornalista Cândido Norberto, idealizador do “Sala de Redação”, programa diário veiculado pela Rádio Gaúcha. Como não tinha contato com o referido profissional e nem sonhava em atuar como radialista, fiquei intrigado com a comparação.
Dias atrás, quando reencontrei o querido amigo Abel, num evento público, reabri o assunto perguntando-lhe sobre qual semelhança baseou a sua comparação, disse-me que deveria tomar como um grande elogio, já que admirava muito a inteligência privilegiada do Jornalista, seu fino senso de humor e a sua perspicácia. Lembrou que à época a observação prendia-se mais a ação política e a similitude de procedimento na defesa ferrenha dos ideais e propostas. Fiquei efetivamente orgulhoso com a comparação, morrendo ali aquela dúvida que me acompanhou por tanto tempo.
Quem fala registra, mas quem escreve se compromete, assume. Que documento melhor para reconhecer o perigo das comparações do que esta confissão tácita, onde exponho os perigos das comparações, que podem nos levar do céu ao inferno, de acordo com os nossos interesses ou percepções. O ideal é não usarmos as comparações como referências, existem sempre distorções, e os potenciais dos nossos talentos e habilidades são ilimitados.
Aos mais jovens, registro que o bageense Cândido Norberto dos Santos, era Jornalista formado na primeira turma da UFRGS, foi deputado estadual por quatro legislaturas e atuou na imprensa gaúcha por mais de sessenta anos, falecendo em 2009 aos 83 anos de idade.
A lembrança mais remota que tenho de ter de escolher algo ou alguém vem da minha infância. Experiência da qual não tenho qualquer saudade, muito pelo contrário, com cinco ou seis anos de idade, meu Pai perguntou-me de quem gostava mais, se era dele ou de minha Mãe, deixando-me, literalmente sem opção.
Desde então, e lá se vão cinqüenta anos, a minha vida tem sido, como a de todas as pessoas, de constantes “emparedamentos”, considerando as nossas limitações e indefinições.
É bom poder escolher, mas como tudo, também tem os seus preços os seus custos, tanto é que muitas pessoas preferem o comodismo de se manterem neutras, em cima do muro, do que eleger, o que as tornam infelizes, até certo ponto despersonalizadas.
Quem me ouve e lê, tanto nas minhas relações pessoais e comerciais, como nas minhas inserções midiáticas e de comunicação, como no Blog do Alfaro, no Nativa Debate e na Folha Gaúcha, entre outros, sabe da minha sede em participar, opinar, criticar, decidir e até julgar.
É a minha vocação, é um dom que nasceu comigo, genético, intrínseco a minha personalidade, daí o meu protagonismo desde a juventude, na URES, no DCE, na política partidária, na responsabilidade cidadã, onde deságuo esse sentimento de justiça, de ética e de solidariedade, que me dão imenso prazer e sentimento do dever cumprido.
Dá trabalho e tem um custo inestimável estar posicionado, contrariar interesses e denunciar mal feitos, mas o que fazer quando isso brota naturalmente do nosso interior, de maneira incontrolada e incontrolável. Esse desejo de ter e fazer o nosso rumo e ainda intervir, enquanto animal social, na nossa ambiência, na sociedade.
Não renego essa missão, a recebo com muita alegria e disposição, lembrando e procurando me qualificar para esse trabalho dentro do que preconizou o grande estadista Wiston Churchill: “O esforço continuo – não a força ou a inteligência – é a chave para abrir o nosso potencial”.
Nada disso é “extra-sensorial”, parte de um entendimento de que o sentido da vida é escolher e ser escolhido. A partir dai desenvolver com racionalidade esse dom, atuando com ética, racionalidade nas suas decisões.
Estamos a poucos meses de outro processo decisivo para as nossas vidas, a escolha do Prefeito e Vice para administrar a Cidade e de vinte e um Vereadores para legislar e fiscalizar. É oportunidade impar para se fazer as correções que se fizerem necessárias, levando em conta as grandes demandas que se vislumbram, considerando o desenvolvimento em curso. Mãos a obra, cidadania impõe responsabilidades, para se obter o bônus de uma bela gestão temos o ônus da eleição. Tudo conosco.
Nossas vidas giram em torno de interesses, sejam eles pessoais, financeiros, familiares e amorosos, entre outros. Mas isso não significa obrigatoriamente algo negativo, muito pelo contrário, é natural, desde que esses interesses sejam buscados de forma ética, respeitosa.
A máxima de Maquiavel de que os fins justificam os meios, muito utilizada na política brasileira, deve ser combatida ali e também nas demais relações e negociações realizadas, a receita é que devamos sempre considerar se os nossos benefícios não resultem em prejuízos as outras pessoas.
Desejo nesta abordagem promover a reflexão sobre o quão importante é que sejamos interessados sem sermos interesseiros, e de que essa diferença de atitude não é só uma questão de interpretação léxica, muito menos dos sufixos que diferenciam as duas palavras, mas sim de comportamento e postura.
Impõem-se, considerando-se as relações comerciais, termos bem claro o quanto é tênue essa margem que diferencia o interesse e a intenção legítima, das falsas e hipócritas ações meramente interesseiras.
Tenho pessoalmente investido nos bons relacionamentos, tanto empresariais como pessoais, entendendo que não se chega a lugar nenhum sozinho, e nessa troca tenho ocupado as duas posições com igual satisfação, tanto ao ajudar com ao ser ajudado, perseverando para que esses interesses sejam sempre límpidos e transparentes, sem surpresa para qualquer um dos protagonistas.
Não vejo nada de errado em uma pessoa querer criar, desenvolver e manter uma rede de relacionamentos baseada em interesses. Assim é a vida, conforme já frisei, desde que o homem resolveu viver em sociedade, exorcizando os proveitos e as vantagens indevidas, interesseiras.
Um amigo, certa feita, garantiu-me: “amizade sincera, sem qualquer interesse”, rebati-lhe argumentando que absolutamente todos os relacionamentos possuem interesses, e que só o fato de destinguir-me como amigo, já demonstrava o interesse que ele tinha pela felicidade que as amizades proporcionam. Refletiu por instantes e imediatamente abriu um enorme sorriso, generoso e puro, e arrematou: “Realmente, tens razão, a tua amizade me é muito cara”. Assim entendo os interesses e as amizades.
Tenho dedicado boa parte da minha vida ao estudo e prática da atividade política, na primeira situação fazendo um curso presencial de pós-graduação em direito político, na Unisinos, em São Leopoldo-RS, na outra exercendo mandato de Vereador por seis anos aqui em nossa Cidade, além de manter filiação partidária desde que me tornei eleitor.
Esse preâmbulo não tem como motivação chancelar as minhas opiniões e criticas como definitivas, acertadas, muito pelo contrário, exponho essa trajetória para me reafirmar como um operário das relações humanas, em constante aprendizado nas questões que envolvam a representação política e as situações que digam respeito à gestão pública.
Tanto que corroboro com a opinião publica generalizada, entendendo a realização de eleições como oportunidade para se rever mandatos, outorgar novas procurações.
Temos, mais do que nunca, informações pormenorizadas a respeito das ações dos nossos prefeitos e vereadores, disponibilizadas através dos órgãos de comunicação, sempre vigilantes e informando a cidadania com os elementos básicos para o encaminhamento dessa definitiva escolha, que é o voto.
Tenho usado, nos diversos espaços midiáticos onde atuo alguns chavões com o sentido de alertar a cidadania sobre a importância de estar bem informado sobre a atuação de cada um dos eleitos, bem como de seus auxiliares, ver se cumpriram com os compromissos assumidos e se honraram a procuração e os vencimentos recebidos.
A palavra “Vereador” vem do verbo latim verear, que significa “zelar pelo sossego e bem estar dos munícipes” competindo-lhe propor e votar leis, fiscalizar e julgar atos dos prefeitos e dos colegas vereadores em determinadas infrações. Será que os nossos representantes atuais cumpriram coma as suas obrigações? Esse e outros questionamentos cada um dos eleitores deve se fazer, servindo a mesma dica com relação ao Executivo.
“Fazer o que precisa ser feito”, “Choque de Gestão” e “Quebrar paradigmas e contrariar interesses”, entre outros, são alguns dos chavões que fiz referência, e que devem servir de direção aos que desejarem submeter nomes e propostas às próximas eleições.
Constato que esse desgaste da atividade política é plenamente justificável, no entanto alerto para o perigo das generalizações, considerando ser indispensável sabermos separar o joio do trigo, já que o modelo político adotado por nós e este, não temos outro compromisso que não seja o de ler, ouvir, perguntar, investigar, sugerir, propor e escolher.
Tenho esperança de que possamos promover com tranqüilidade e acerto as mudanças que se fizerem necessárias, bem como referendar os que tenham andado bem nas suas missões e compromissos, reiterando que o voto é uma procuração, não uma moeda de troca ou barganha.
Alberto Amaral Alfaro
natural de Rio Grande – RS, advogado, empresário, corretor de imóveis, radialista e blogueiro.